“A Era Pelé não tem fim”, diz Silvestre Gorgulho em livro sobre o Rei
O ex-secretário de cultura relembra casos de Pelé na obra De Casaca e Chuteiras – A Era dos Grandes Dribles na Política, Cultur
atualizado
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“O Pelé é a pessoa mais doce, mais disponível e mais chorão que eu conheço. Mesmo assediado, é atencioso ao extremo. Paciente e tranquilo”. É assim que Silvestre Gorgulho descreve Edson Arantes do Nascimento, seu amigo de longa data. Nesta sexta-feira (23/10), o jornalista e ex-secretário de cultura lança o livro De Casaca e Chuteiras – A Era dos Grandes Dribles na Política, Cultura e História, em que resgata histórias de Pelé e outros dois personagens importantes do país.
“O livro é um corolário de fatos, fotos, histórias, casos, documentos, quase um almanaque, que proporcionam uma profunda reflexão sobre duas décadas de transformações vividas pelo Brasil pela perspectiva de três personagens que serão lembrados para sempre pelo legado que deixaram: JK, Oscar Niemeyer e Pelé. A obra tem a missão de resgatar a memória de nossos heróis e apelar aos brasileiros para que não esqueçam aqueles que ajudaram a construir nossa identidade como nação”, explica o autor em entrevista ao Metrópoles.
A ideia de escrever o livro nasceu nesta mesma data, há 10 anos, quando Pelé completou 70 primaveras. A pedido de Gorgulho, o arquiteto Oscar Niemeyer homenagearia o Rei com um monumento a ser construído em Santos, em frente ao Museu Pelé. O projeto do Monumento contava com uma bola de 7 metros de diâmetro e uma torre de 20 metros de altura com a icônica imagem de Pelé vazada no concreto com seu tradicional “soco no ar” quando comemorava seus (muitos) gols. “Quando eu vi o projeto, pensei comigo: o interior dessa bola de concreto tem que ser preenchido com algo interessante. Então, eu comecei a escrever uma “linha do tempo” da vida de Pelé, justamente para inserir nessa bola e ser objeto de interesse e ilustração para os visitantes. A linha do tempo evoluiu, cresceu e, 10 anos depois, virou este livro com 448 páginas”, conta.
Para Gorgulho, amarrar a história de Pelé com eventos políticos e culturais que aconteceram na década de 1950 – a posse de JK, a assinatura da Mensagem de Anápolis, que transferia a capital do país do Rio de Janeiro para Brasília, e a estreia de Pelé no profissional, aos 15 anos — foi absolutamente natural por se tratar de duas paixões nacionais, essenciais para entendermos nossa identidade. “O Brasil é um antes de JK e outro depois da construção de Brasília. Da mesma forma, no futebol. O Brasil é um antes de Pelé e outro depois de Pelé”, defende.
E, além de sua simpatia e óbvio talento, o que torna Edson Arantes do Nascimento tão especial, da perspectiva de alguém que o conheceu de perto? “Mesmo atrasado para pegar um voo e indisposto, vi Pelé ser atencioso com um garoto de 10 anos, dando um autógrafo com todo o cuidado para escrever o nome da criança corretamente. Pelé já parou duas guerras na África (Nigéria e Biafra) para mostrar sua arte com a bola. Lembro um amistoso do Santos com a Seleção Olímpica na Colômbia, quando um juiz expulsou Pelé de campo e não conseguiu terminar a partida por pressão da torcida — o bandeirinha teve que apitar o jogo”, enumera.
“Pelé parou de jogar há 43 anos, em outubro de 1977. Até hoje continua mito, causa frisson onde chega e não conta de atender todos os convites. Será que Messi ou Cristiano Ronaldo quando deixarem de jogar serão lembrados assim 43 anos depois?”, conclui.