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Fifa abre processo investigativo e pode suspender Del Nero

Se punido, Marco Polo Del Nero poderá ser suspenso do futebol e terá de deixar a CBF

atualizado

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Marco Polo Del Nero
1 de 1 Marco Polo Del Nero - Foto: Rafael Ribeiro/CBF

A Fifa abriu um processo investigativo contra o presidente da CBF, Marco Polo Del Nero. Os motivos não foram revelados por enquanto. Mas o caso está com o Comitê de Ética da entidade máxima do futebol. Se punido, Marco Polo Del Nero poderá ser suspenso do futebol e terá de deixar a CBF.

O brasileiro não viaja ao exterior desde maio, quando José Maria Marin, seu antecessor na CBF, foi preso. Na semana passada, ele obrigou a Conmebol a realizar sua reunião no Rio de Janeiro para evitar uma nova viagem. No encontro, foi escolhido um substituto para seu lugar no Comitê Executivo da Fifa – Fernando Sarney assumirá a função.

O caso contra Del Nero foi aberto no dia 23 de novembro, com suspeitas de uma série de violações ao código de ética da entidade.

Nos Estados Unidos, a apuração sobre Del Nero se debruça sobre pagamentos feitos por José Hawilla, dono da Traffic. A Justiça aponta como o empresário brasileiro foi obrigado a compartilhar um contrato que tinha com a CBF para os direitos da Copa do Brasil com a Klefer a partir de 2011. Para o período entre 2015 e 2022, a Klefer pagaria à CBF R$ 128 milhões pelo torneio, minando a posição privilegiada que Hawilla tinha desde 1989.

Para evitar uma guerra comercial, Hawilla e a Klefer entraram em um entendimento. Mas só neste momento é que a Klefer informou que havia prometido o pagamento de uma propina anual a um cartola da CBF, cujo nome não foi revelado.

Essa mesma propina teria de ser elevada a partir de 2012 quando dois outros membros da CBF entrariam em cena. Um deles é José Maria Marin, preso em Zurique e extraditado aos Estados Unidos. O outro, segundo os americanos, seria Del Nero.

Dois documentos revelados no dia 27 de maio pelo Departamento de Justiça dos EUA confirmam a suspeita. Del Nero nega que ele seja a pessoa indiretamente apontada nos informes.

Num deles, um empresário “informa Hawilla que o pagamento de propinas aumentou quando outros dois executivos da CBF – especificamente o co-Conspirator #15 e co-Conspirator #16 – pediram propinas também”.

O documento explica que o co-conspirador 15 era membro do alto escalão da CBF e membro da Fifa e da Conmebol – a descrição pode ser preenchida somente por José Maria Marin. Naquele momento, ele era o presidente da CBF, era membro da Fifa e da Conmebol.

Já o co-conspirador 16 seria membro do alto escalão da Fifa e da CBF. Nesse caso, apenas Del Nero mantinha um cargo na CBF (vice-presidente) e na Fifa (membro do Comitê Executivo).

“Hawilla concordou em pagar metade do custo da propina, que totalizava R$ 2 milhões por ano, para ser dividido entre co-conspirator #13, co-conspirator #15, e co-conspirator #16”, indicou o documento que pede o indiciamento do empresário.

O mesmo caso é contado no documento que serve de base para o indiciamento de José Maria Marin e, neste caso, o nome do ex-presidente da CBF é apresentado. No indiciamento, a Justiça traz até mesmo um diálogo entre Marin e Hawilla, em que o cartola insiste que o dinheiro precisa ir para ele também. A reunião gravada ocorreu nos EUA em abril de 2014.

No documento que cita Marin, Del Nero não é mencionado nominalmente na acusação. Mas a Justiça explica que um “co-conspirador 12” teria também recebido parte da propina. Esse co-conspirador 12 seria um “alto funcionário da Fifa e da CBF”. Uma vez mais, apenas Del Nero se enquadra nessa descrição.

Contas
Para chegar ao atual presidente da CBF, a Justiça americana tem examinado depósitos e pagamentos feitos pela Traffic nos EUA, assim como pela Klefer. Já na motivação para pedir a extradição de José Maria Marin, os americanos apontaram dois depósitos como exemplos de como o sistema financeiro americano estava sendo usado no esquema entre os cartolas da CBF

Uma das contas, porém, chama a atenção do FBI. Trata-se de uma transferência da Klefer, avaliada em US$ 500 mil, no dia 5 de dezembro de 2013, a partir de uma conta no banco Itaú Unibanco de Nova York para o HSBC em Londres, em nome de uma empresa fabricante de iates de luxo. O que a Justiça quer saber é quem teria sido o beneficiado pela compra do iate ou pelo pagamento.

Os bancos, porém, não estão sob suspeita. Em nota à reportagem, o Itaú Unibanco “esclarece que cumpre suas políticas de compliance e de prevenção à lavagem de dinheiro em todas as suas unidades”.

“Não compactuamos, facilitamos ou realizamos qualquer ação em descumprimento às leis e regulamentações”, declarou o banco. “Cumprimos todas as exigências das regulamentações locais, monitoramos todas as transações e estamos atentos às movimentações em todas as nossas unidades.”

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