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Estudo aponta que Jogos Olímpicos costumam dar prejuízo para sedes

Salvo no caso de Los Angeles, em 1984, e Barcelona, em 1992, todas as demais sedes constataram que os supostos benefícios anunciados jamais se concretizaram

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1 de 1 olimpíadas rio 2016 - Foto: Reprodução

Orçamentos estourados, previsões de ganho furadas, déficit e corrupção. Nos últimos 30 anos, a organização de Jogos Olímpicos deixou para as cidades sedes um legado econômico bem diferente das promessas feitas por seus organizadores. Salvo no caso de Los Angeles, em 1984, e Barcelona, em 1992, todas as demais sedes constataram que os supostos benefícios anunciados jamais se concretizaram.

Isso é o que revela um amplo e detalhado estudo publicado pelos economistas americanos, Robert A. Baade, da Lake Forest College de Illinois, e Victor Matheson, do College of the Holy Cross, de Worcester nos Estados Unidos. Publicado no Journal of Economic Perspectives da prestigiosa American Economic Association, o levantamento desmistifica os resultados econômicos do movimento olímpico e alerta para a falência que o modelo representa para quem realiza um evento. Segundo eles, é mais fácil um atleta ganhar a medalha de ouro na Olimpíada que o evento dar lucros para os anfitriões.

“A esmagadora conclusão é de que, na maioria dos casos, a Olimpíada é uma proposta que gera perdas para a cidade-sede”, alerta o estudo, apontando que os raros casos de benefícios são registrados “sob condições muito específicas e incomuns”.

Os economistas também chegam à constatação de que “o custo-benefício é pior para cidades em países em desenvolvimento que nos países do mundo industrializado” e que, da forma que hoje é conduzida, a “Olimpíada não é economicamente viável para a maioria das cidades”.

Se existem vários motivos para essa constatação, o estudo indica que os principais fatores são os custos elevados para as instalações esportivas, os pagamentos que precisam ser feitos ao Comitê Olímpico Internacional (COI), uma administração de má qualidade, corrupção e as expectativas “irreais” de ganhos futuros.

Se não bastasse, o documento mostra como “de forma consistente”, todos os Jogos superam seus orçamentos originais. “Entre 1968 e 2012, todos os Jogos terminaram custando mais que originalmente estimado”, alertou. Em média, essa inflação é de 150%. Mas, no caso de Montreal em 1976 e Sarajevo, sede dos Jogos de Inverno de 1984, o preço final foi dez vezes superior aos planos iniciais.

Mesmo em Londres, em 2012, uma manobra midiática tentou mostrar que o valor ficou abaixo do estimado. Mas abandonando previsões feitas durante a candidatura. Em 2005, quando a cidade obteve o direito de sediar o evento, o orçamento era de 2,4 bilhões de libras. Dois anos depois, uma nova previsão apontou para 9,3 bilhões de libras. Quando, em 2012, o preço total ficou em 8,7 bilhões, os organizadores argumentaram que o valor havia ficado abaixo do previsto.

O estudo não cita o Rio de Janeiro. Mas os dados oficiais do evento apontam que a estimativa original de R$ 5,6 bilhões para as instalações esportivas já ficou em R$ 7,5 bilhões. No que se refere ao custo total, incluindo as obras de infraestrutura, elas passaram de R$ 28,8 bilhões em 2009 para R$ 39 bilhões.

Curto prazo
Um dos argumentos usados para justificar gastos elevados, porém, é o retorno imediato que um evento pode trazer para uma cidade, inclusive para relançar a atividade econômica de uma região desgastada. Mas, baseado em dados econômicos das cidades que sediaram os Jogos, os especialistas apontam que “usar a Olimpíada para sair da recessão seria mais uma aposta de sorte que um planejamento prudente”.

Os exemplos são inúmeros. O governo de Utah, por exemplo, previa gerar 35 mil postos de trabalho para os Jogos de Inverno de 2002, em Salt Lake City. O resultado foi a criação de no máximo 7 mil empregos. “Considerando que o governo federal gastou US$ 342 milhões no evento e outros US$ 1,1 bilhão para infraestrutura, o custo de cada emprego gerado foi de cerca de US$ 300 mil”, apontam os economistas.

Em 1996, em Atlanta, o levantamento aponta que não houve um impacto real em vendas e nem na ocupação de hotéis. Quanto à geração de postos de trabalho, o impacto foi de apenas 0,2% da taxa de empregos, com 29 mil vagas sendo criadas.

Para o comércio local, os dados também não apontam para vantagens reais. Segundo os números oficias das autoridades inglesas, Londres recebeu 6,1 milhões de estrangeiros e visitantes entre julho e agosto de 2012, no auge dos Jogos. O volume, porém, foi inferior ao mesmo período de 2011, quando a cidade recebeu 6,5 milhões de pessoas. “Teatros foram obrigados a fechar suas portas durante o evento”, constataram os economistas.

Em Pequim em 2008, o estudo constatou o mesmo fenômeno. A cidade registrou uma queda de 30% no que se refere aos visitantes internacionais em comparação a 2007 e uma ocupação dos hotéis 39% abaixo do ano anterior.

Nas estações de esqui de Salt Lake City, a queda de usuários foi de 9,9% em 2002, em comparação ao inverno anterior.

Em Sidney, em 2000, os estudos realizados antes dos Jogos indicaram ganhos para o comércio local de US$ 2,5 bilhões. Após o evento, o que se registrou foi uma contração de US$ 2,1 bilhões.

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