Esporte e vacina de Covid-19: o boom de polêmicas sobre “fura-filas”
Diversas federações em várias modalidades têm utilizado de seus privilégios e influência para imunizar os atletas e recebido críticas
atualizado
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O mundo se aproxima dos 400 milhões de vacinados contra a Covid-19 – de acordo com a organização não-governamental Our World in Data, ligada à Universidade de Oxford. Embora o número seja reconfortante, ainda está longe de eliminar a ameaça da pandemia do novo coronavírus. No esporte, a aplicação do imunizante em atletas saudáveis provoca insatisfação de setores e as polêmicas se multiplicam a cada dia.
Futebol, boxe, Fórmula 1 e, sobretudo os Jogos Olímpicos, são alguns cenários que renderam críticas recentes por causa da aplicação de vacina. Em comum aos casos, estão o fato de “furar a fila” em relação a pessoas em condição maior de risco à Covid-19.
O Zenit, clube da primeira divisão da Rússia, foi além do âmbito esportivo. O time divulgou em suas redes sociais que promoverá a vacinação em todos os torcedores que frequentarem os jogos em seu estádio, até o fim da temporada. Para receber o imunizante da Sputnik V, porém, há alguns critérios de saúde a serem cumpridos.
Veja as polêmicas discussões sobre vacinação no esporte:
Jogos Olímpicos
A Comissão Executiva do Comitê Olímpico Internacional (COI) iniciou um polêmico debate em janeiro por causa da sugestão de vacinar os atletas contra a Covid-19 devido aos Jogos Olímpicos de Tóquio. A medida foi criticada pois o COI estaria colocando atletas jovens e saudáveis na frente de pessoas mais vulneráveis à doença.
Denis Masseglia, presidente do Comitê Olímpico Francês, fez um mea culpa: “Está fora de cogitação que os atletas tenham prioridade sobre outras categorias da população, mas até os Jogos se pode pensar que eles serão vacinados sem que isso penalize outras pessoas”.
Com ritmos de vacinação diferente em cada país, a postura atual do COI é de que os atletas que não chegarem vacinados aos jogos terão que enfrentar um período de confinamento antes de competir e “passar por exames de dia e de noite”, segundo Thomas Bach, presidente da organização.
O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) já avisou que não pretende “furar a fila da vacina”, mas o Ministério da Saúde divulgou nessa segunda (15/3) que atletas militares serão vacinados como grupo prioritário das Forças Armadas.
Fórmula 1
Pilotos admitiram ter recebido a vacina durante os treinos de pré-temporada no Barein. O governo local ofereceu o imunizante da Pfizer/BioNTech para toda a categoria, mas a F1 recusou, por considerar que poderia afetar negativamente a imagem da categoria aceitar doses que poderiam ser fornecidas a pessoas de grupos de risco e outras prioridades. No entanto, liberou as escuderias e pilotos para tomarem a decisão por si. Nesse contexto, alguns pilotos, como Sergio Perez, da Red Bull Racing, e Carlos Sainz Jr, da Ferrari, admitiram ter recebido a vacina.
Boxe
O boxeador Amir Khan, 34 anos, divulgou em suas redes sociais a sua felicidade em receber a vacina contra o coronavírus. Nas redes sociais, internautas questionaram o porquê de um atleta abaixo dos 55 anos e sem comorbidades estar recebendo a imunização e quebrando as regras estabelecidas pelo Reino Unido.
O pai do atleta explicou que lhe foi permitido receber a vacina porque ele iria visitar sua mãe, que foi diagnosticada com câncer pancreático avançado.
Clube de futebol oferece vacina a torcedores
O Zenit, time da primeira divisão da Rússia, está vacinando os torcedores que frequentam seu estádio, a Gazprom Arena. O clube construiu uma base móvel de vacinação no terceiro andar do estádio e aplicará o imunizante Sputnik V em todos os torcedores que comparecerem ao local até o fim desta temporada. Para receber a vacina, o torcedor precisa ter 18 anos ou mais, levar a carteira de vacinação e documento de identificação. Além disso, será submetido a exames para saber se está bem de saúde e apto a ser imunizado contra o novo coronavírus.