Desempenho x luta racial: Vini Jr. alia os dois, diz especialista
Marcelo Carvalho, criador e diretor executivo do Observatório da Discriminação Racial no Futebol, falou sobre a importância do atacante
atualizado
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A condenação de três torcedores que fizeram ofensas racistas contra Vinícius Júnior marca um momento crucial na carreira do atacante do Real Madrid e da Seleção Brasileira. Eleito melhor jogador da Champions League e concorrente ao troféu Bola de Ouro, o camisa 7 do time merengue assume uma posição de destaque no esporte, sem deixar a causa racial de lado.
Em entrevista ao Metrópoles, Marcelo Carvalho, criador e diretor executivo do Observatório da Discriminação Racial no Futebol, comentou sobre como Vini Jr. conseguiu manter seu protagonismo dentro de campo sem deixar a questão do combate ao racismo de lado.
Vítima recorrente de casos de racismo durante a disputa do Campeonato Espanhol, Vini não deixou de denunciar os casos e manteve seu bom desempenho dentro das quatro linhas. Em publicação nas redes sociais após o anúncio da condenação inédita, o atleta lembrou que foi orientado a deixar as questões sociais em segundo plano e priorizar a performance esportiva. “Muitos pediram para que eu ignorasse, outros tantos disseram que minha luta era em vão e que eu deveria apenas ‘jogar futebol'”, disse o jogador.
Às vésperas do início da Copa América e do anúncio do vencedor do troféu de melhor jogador da temporada, Vini Jr. tem os olhos do mundo voltado para si. Marcelo destacou a importância do atacante receber esse reconhecimento em paralelo à sua luta racial.
“Significa que atletas que falam falem de racismo, que quebram esse silenciamento, também podem conseguir (se destacar). Conseguem ter uma carreira de destaque. Ou seja, falar de racismo não interfere na carreira do jogador de futebol e no seu rendimento dentro das quatro linhas”, avaliou.
Marcelo também destacou que, até o momento, Vinícius não apresentou nenhum tipo de interferência no seu desempenho, mas que existe um desgaste por conta deste tipo de episódio.
“A cada ataque racista que ele sofre num jogo, a gente pode perceber que isso sim interfere. Quando ele para um jogo de futebol para apontar o ato racista ,ou quando ele para o jogo de futebol para dizer que está sendo ofendido. De certo modo, isso afeta o emocional dele. Seja para quem ele jogue mais, seja para que ele tenha parar o jogo para falar sobre isso”, pontuou.
Marcelo ainda reforça que os gols que o camisa 7 do Real marca, ou os prêmios que ele recebe por seu desempenho, não são uma resposta aos racismo de uma forma geral, mas sim uma questão pessoal. Para Marcelo, a verdadeira resposta ao racismo é a punição dos agressores.
“A gente não pode nunca achar que o gol do Vinícius Jr., ou, o Vinícius, ao ser escolhido o melhor jogador do mundo, é uma resposta ao racismo, não é uma resposta ao racismo, é uma resposta do jogador para condição que ele colocou dentro da cabeça de se tornar o maior jogador de futebol e que nada vai impedir ele de chegar, mas nunca vai ser resposta contra o racismo, a resposta contra o racismo é torcedores racistas punidos. Esses torcedores racistas irem para cadeia”, declarou Marcelo Carvalho.