Delatora de esquema de doping da Rússia é autorizada a ir ao Rio-2016
Segundo Associação Internacional das Federações de Atletismo, Stepanova poderá estar presente nos Jogos por conta de sua “contribuição realmente excepcional para a proteção e promoção de atletas limpos, fair play e integridade”
atualizado
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Delatora do maior esquema já conhecido de doping promovido por um governo, a russa Yuliya Stepanova recebeu o sinal verde para competir nos Jogos Olímpicos do Rio. Nesta sexta-feira (1º/7), a Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF, na sigla em inglês) anunciou que a atleta poderá estar presente nas Olimpíadas, em agosto, por conta de sua “contribuição realmente excepcional para a proteção e promoção de atletas limpos, fair play e integridade”.
A partir de agora, a suspensão aplicada contra os russos de não participar de competições internacionais não se aplicará à Stepanova, que poderá atuar como uma “atleta neutra e independente”. Mas a decisão promete causar polêmica. Segundo a entidade, ela poderia entrar na pista sob uma bandeira neutra e num ato considerado como sendo de humilhação pública ao KremlinMas a mesma IAAF alerta que cabe a cada competição decidir de que forma Stepanova poderá atuar e, se ganhar uma medalha, se ela contaria para uma delegação nacional ou não. Um primeiro teste ocorrerá no campeonato europeu, em Amsterdã, entre os dias 6 e 10 de julho. O Comitê Olímpico Internacional (COI), porém, já indicou que todos terão de participar sob uma bandeira, o que promete ser uma fonte de polêmica no Rio.
Stepanova foi quem denunciou o sistema de doping sistemático na Rússia e seu marido chegou a ser um dos assessores do governo de Vladimir Putin. Em 2013, ela foi suspensa por dois anos do atletismo, mas resolveu contar como ela não era a única e como o sistema era organizado pelo próprio governo.
Seu relato acabou levando toda a Federação Russa de Atletismo a ser suspensa, além da morte misteriosa de dois ex-diretores de laboratórios em Moscou. Stepanova acabou fugindo da Rússia e hoje vive na Alemanha.
Mas, fora de seu país de origem, ela é acusada pelo governo de ser “Judas” e atuar “por motivações mercantilistas”. “Ela traiu um país”, acusou Vladimir Kazarin, ex-técnico da atleta e que é citado como um dos promotores do esquema de doping.
Pedidos
Segundo a IAAF, eles receberam mais de 80 pedidos de atletas russos que querem provar que estão limpos e que, portanto, precisam ter o direito de ir aos Jogos. Uma delas é Yelena Isimbayeva, que chegou a acusar a entidade de estar “violando os direitos humanos”.
Decisões sobre quem poderá ir ao Rio serão anunciadas nos próximos dias. Mas, no COI, a previsão é de que um número reduzido de atletas seja autorizado. O principal critério exigido é o de que a pessoa prove que tem sido testada por sistema de controle de doping de fora da Rússia.
Nesta sexta, a Federação Internacional de Remo também anunciou a suspensão do time de Moscou do Rio de Janeiro, sob a acusação de doping. No lugar dos russos entrará uma equipe da Nova Zelândia.