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Delator vai detalhar à Justiça pacto político entre Nuzman e Cabral

Segundo ex-presidente da Confederação Brasileira de Desportos no Gelo, esquema ia além da compra de votos e questões financeiras

atualizado

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1 de 1 cabral-surpreso - Foto: Memória/EBC

Carlos Arthur Nuzman, ex-presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB) e do Comitê Organizador dos Jogos do Rio-2016, teria fechado um acordo com o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (MDB) para levar os megaeventos esportivos realizados no Brasil ao estado como um trampolim para ajudar o político carioca em sua ambição de ser presidente da República.

A denúncia será apresentada pelo principal delator nas investigações sobre a suspeita de compra de votos pelo Rio para sediar os Jogos Olímpicos de 2016, Eric Maleson. Vivendo nos Estados Unidos (EUA), em um endereço não revelado, ele participará de uma audiência nesta quarta-feira (16/5) diante do juiz federal Marcelo Bretas, por meio do Skype.

O relato de Maleson estará baseado em anos de seu envolvimento direto no COB. Segundo ele, antes mesmo dos Jogos Pan-Americanos de 2007, ele foi informado pela direção do comitê da existência de um pacto entre Nuzman e Cabral.

Os eventos olímpicos seriam levados para o Rio, derrotando pretensões de outras cidades brasileiras. Isso, segundo ele, fazia parte de uma estratégia de usar o COB para garantir uma maior presença de Cabral na imprensa e ajudar a “fazer sua imagem” como um líder nacional.

Ao escolher o Rio como candidato brasileiro para sediar a Olimpíada, o COB ainda estaria violando uma posição que deveria adotar de neutralidade em relação às demais cidades brasileiras.

Segundo Maleson, o esquema montado entre o Comitê e o governo de Cabral não se limitava a questões financeiras e compra de votos, como já foi denunciado. “O COB e os eventos realizados no Brasil com recursos públicos eram dirigidos a promover um certo candidato”, revelou Maleson, que foi um dos cartolas olímpicos do país e presidiu a Confederação Brasileira de Desportos no Gelo. “Eu tinha três opções: ficar e ser conivente, sair em silêncio ou denunciar. E é isso que eu optei em fazer”, explicou o brasileiro, justificando as razões que o levaram a delatar o esquema.

Delator voluntário
A partir da delação de Maleson, o esquema de votos para a candidatura do Rio aos Jogos de 2016 foi revelado. O ex-presidente da Confederação Brasileira de Desportos no Gelo já indicou que seus alertas lançados até mesmo ao Comitê Olímpico Internacional (COI) não tinham surtido qualquer impacto. Sem uma reação satisfatória, a testemunha teria optado por prestar depoimento de forma voluntária ao Ministério Público da França, antes mesmo do início dos Jogos Olímpicos de 2016 no Brasil.

Em colaboração com o Ministério Público brasileiro, os franceses lançaram uma ampla operação sobre a compra de votos pelo Rio e sobre o papel de Nuzman como intermediário. O cartola acabou sendo afastado pelo COI e o COB foi suspenso de toda relação com o movimento olímpico.

Maleson foi o único membro do comitê brasileiro a votar contra a reeleição do Nuzman em 2012. “Como membro do COB e ex-atleta olímpico, jamais poderia ser conivente com tudo que já foi revelado nas investigações pelas autoridades brasileiras e francesas”, disse.

Tanto o Rio-2016 como o COB negam qualquer tipo de irregularidade no processo de escolha da cidade carioca como sede dos Jogos Olímpicos. Mas Maleson insiste que, diante das provas que estão sendo coletadas, “dificilmente haverá como negar a existência do esquema”.

Maleson denunciou especificamente a compra de votos africanos, a partir de uma intermediação que também envolveu Lamine Diack, o ex-presidente da Associação Internacional das Federações de Atletismo.

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