Por coronavírus, UFC chega a Brasília com portões fechados
Risco de contágio da doença que alcançou estágio de pandemia provocou várias alterações na programação do evento na capital federal
atualizado
Compartilhar notícia
Quando Bea Malecki deixar o túnel do Ginásio Nilson Nelson para disputar a quarta luta profissional da carreira, ela se deparará com um cenário no mínimo inusitado. No lugar de vaias ou gritos de apoio, ela verá as arquibancadas vazias. Os cumprimentos da torcida a caminho do octógono darão lugar a uma caminhada quase solitária. A sueca estará acompanhada apenas dos córneres para a luta. A cena se repetirá durante parte da tarde e da noite deste sábado (14/03), quando o UFC realizará o primeiro evento da história da companhia com portões fechados.
A programação original do UFC Brasília previa o início dos embates para às 18h deste sábado. Na esteira das mudanças no evento, porém, a companhia norte-americana decidiu antecipar o início do card. Agora, os lutadores medirão forças a partir das 16h, no mesmo local.
A vultosa estrutura montada nos arredores do maior ginásio brasiliense deixará o torcedor com a sensação de não poder aproveitar o terceiro card da organização norte-americana a ser realizado em Brasília. A assessoria do UFC confirmou que os torcedores poderão buscar o reembolso a partir desta segunda-feira (16/03). A busca deve ser no local onde a entrada foi adquirida, podendo ser um ponto de venda físico ou on-line.
O temor pelo coronavírus, que alcançou o status de pandemia, motivou uma série de alterações na programação inicial do UFC. Dos eventos previamente marcados, apenas o treino social, realizado em um shopping, chegou a ocorrer. O decreto do governador Ibaneis Rocha, que suspendeu eventos como aulas e eventos esportivos, promoveu uma correria dos organizadores.
Tardes de autógrafo e eventos como a tradicional pesagem foram canceladas. Até mesmo o trabalho da imprensa sofrerá alterações: com a diminuição no número de pessoas autorizadas a estarem no ginásio durante o evento, os repórteres credenciados serão alocados em um hotel. Lá também serão realizadas as entrevistas pós-luta.
Assim, poucas serão as pessoas que poderão torcer pelos brasilienses Rani Yahya e Renato Moicano. Francisco Trinaldo, o Massaranduba, nasceu no Piauí, mas tem raízes na cidade por ter treinado em Brasília por vários anos.
Outras mudanças
A pesagem oficial do evento, que define se um lutador está ou não elegível para lutar, também sofreu alterações. O momento geralmente é aberto à imprensa credenciada, mas os cuidados causados pelo coronavírus obrigaram o UFC a fechar a pesagem. Assim, a alternativa encontrada foi apelar às redes sociais. O perfil oficial do evento transmitiu ao vivo a pesagem no Instagram. Desta forma, foi possível saber que o norte-americano Kevin Lee não cumpriu o combinado. Ele superou em mais de 1 quilo o peso limite da divisão dos leves. O evento principal, que terá Lee contra o brasileiro Charles do Bronx, está mantido. O brasileiro, no entanto, será agraciado com 20% da bolsa do adversário.
O UFC ainda não se pronunciou sobre os prejuízos que o evento sofrerá sem a venda de merchandising. Em cada noitada de lutas, a organização comercializa produtos como camisetas e pôsteres alusivos ao evento. Na maioria dos casos, os itens se esgotam antes mesmo do fim do principal combate da noite. Desta vez, porém, os itens, naturalmente, não estarão à venda.
Fora do Brasil, a pandemia do coronavírus também causará mudanças. Alguns eventos serão remanejados de local para uma das instalações do UFC em Las Vegas. Assim como no Nilson Nelson, a tendência é que as lutas ocorram sem a presença de público. A única coisa que não mudará terá a ver com as transmissões. As parcerias firmadas anteriormente seguem valendo e, no Brasil, o Combate seguirá transmitindo os eventos normalmente.