Conheça Bruninho, o primeiro goleiro trans do futebol feminino do DF
O goleiro foi anunciado pela equipe do Cresspom como um dos reforços da equipe para o Candangão desse ano, através das redes sociais
atualizado
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O Cresspom anunciou na última quarta-feira (6/3) a contratação do goleiro Bruno Costa, o Bruninho, que será o primeiro atleta trans da história do Distrito Federal. O atleta é a décima contratação do Cresspom para a disputa do Candangão Feminino.
Bruno começou a jogar bola ainda muito novo, nas ruas de Magalhães Bastos, bairro na Zona Oeste do Rio de Janeiro, onde morava. Jogava golzinho nas ruas, valendo refrigerante, com os amigos. Desde o inicio pensava em jogar na linha, e começou atuando como lateral pelo time local do Batan.
Em um amistoso acabou se machucando, e se afastou dos campos por um tempo. Nesse período, ele conta que se reconheceu e decidiu mudar. “Eu acabei me reconhecendo como lésbica e vi que queria mesmo assim seguir no esporte, mas desde então já queria ter outro sexo, me sentia como um homem”, conta.
Mudança e Apoio Familiar
Um dos fatores fundamentais para a mudança foi a novela “A Força do Querer”, exibida pela TV Globo em 2017. Na trama, uma personagem chamada Ivana passou pela transição de mulher para homem, em história que marcou a teledramaturgia nacional. Bruninho relata que foi ali que que decidiu passar também pela transformação. Ele conta que percebeu que “todos eram iguais, independente de qualquer coisa”.
Mesmo após a mudança de identidade, ele conta sempre recebeu muito apoio da família, especialmente da mãe. “Ela me perguntava se eu me sentia bem daquele jeito, e eu dizia que sim, era isso que queria para a minha vida. E aos poucos ela foi aceitando numa boa, se adaptando, por que sei que é difícil para ela, mas também sei que ela me ama do jeito que sou e fico muito feliz por isso. Ela e meus avós me apoiam bastante e isso é meu refúgio”, disse ele.
Preconceito
Bruninho também falou sobre o preconceito e as dificuldades que enfrenta no dia a dia. “Infelizmente a gente ainda sofre muito preconceito, se para as mulheres já é difícil, imagina para nós, trans. Vemos muita violência e transfobia no mundo, mas tenho certeza que isso mudará um dia, e seremos mais respeitados seja onde for”, diz, esperançoso.
Carreira
O goleiro vem de uma boa passagem pela equipe do Paraíso do Tocantins em 2023, onde se consagrou campeão do estadual. Antes, chegou a jogar a Série A3 do Feminino pela Cabofriense e também foi campeão da Taça das Favelas com o Rio de Janeiro. Já no Distrito Federal, atuou no último Candangão Feminino pelo Estrelinha, ainda com seu antigo nome.
O Campeonato Candango Feminino está previsto para iniciar no dia quatro de agosto, com final disputada no início de outubro. Na modalidade, a grande novidade para esse ano é a primeira edição do Sub-18, buscando revelar novos talentos candangos.