COI diz que renúncia de Nuzman é “passo importante” para o COB
A entidade internacional suspendeu o movimento olímpico brasileiro por conta dos escândalos de corrupção e cortou todo o repasse de verbas
atualizado
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Depois de chamar Carlos Arthur Nuzman de “grande amigo” durante os Jogos Olímpicos, o Comitê Olímpico Internacional agora diz que a renúncia do dirigente do cargo de presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB) é “um passo importante”. A entidade internacional suspendeu o movimento olímpico brasileiro por conta dos escândalos de corrupção e cortou todo o repasse de verbas.
Preso desde quinta-feira passada, Nuzman encaminhou carta ao comitê anunciando sua renúncia na quarta-feira. O pedido foi lido por um de seus advogados na assembleia geral extraordinária que aconteceu nesta quarta, na sede do COB, no Rio de Janeiro. Na carta, dirigida aos membros da Assembleia com data de 11 de outubro de 2017, Nuzman fala da necessidade em se dedicar integralmente ao pleno exercício de defesa e renuncia de modo “irrefutável e irretratável ao cargo de presidente do COB”.
Com a saída definitiva de Nuzman, que comandava o comitê desde 1995 e tinha mandato previsto até 2020, o vice Paulo Wanderley Teixeira assume o comando da entidade. Ele presidiu a Confederação Brasileira de Judô (CBJ) por 16 anos.
Nuzman foi preso durante a Operação Unfair Play, que investiga suposto esquema de compra de votos para o Rio de Janeiro ser sede da Olimpíada do ano passado. Ele está detido preventivamente na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na zona norte do Rio. Não há prazo para sua soltura.
Para dar um fim à suspensão ao COB, porém, o COI ainda quer saber da nova direção quais mudanças pretende realizar na estrutura de poder da entidade brasileira. Teixeira, por sua vez, já indicou sua disposição de viajar até a Suíça para lidar com a suspensão.
Na semana passada, ao retirar de Nuzman todos seus cargos em Lausanne, o organismo internacional também afastou o COB do movimento olímpico e indicou que tal medida apenas seria revista quando houvesse mudanças na governabilidade da entidade brasileira que atendessem aos critérios do COI. Os representantes em Lausanne, porém, não disseram quais são esses critérios.
A postura do COI contrasta com o discurso que a entidade mantinha nos últimos meses de preparação do evento no Brasil, quando as suspeitas de corrupção já eram públicas no que se refere às obras da Odebrecht. Em dezembro de 2015, o presidente do COI, Thomas Bach, indicou que não via a necessidade de pedir nem mesmo para ver os contratos entre a cidade do Rio de Janeiro e empresas envolvidas na Operação Lava Jato, como a Odebrecht, responsável por erguer o Centro Internacional de Transmissão e o Parque Olímpico.
“Temos total confiança no prefeito (Eduardo Paes) e na cidade, além de defender a presunção de inocência”, afirmou Bach, naquele momento.