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Caboclo não depõe alegando arbitrariedade da Comissão de Ética da CBF

Na petição, a defesa argumentou que não reconhece a Comissão de Ética da CBF como um órgão legítimo e competente

atualizado

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Lucas Figueiredo/CBF
Rogério Caboclo
1 de 1 Rogério Caboclo - Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Rogério Caboclo, presidente afastado da CBF, decidiu não depor na Comissão de Ética da entidade sobre a denúncia de assédio sexual e moral feita por uma funcionária. O depoimento ocorreria nesta sexta-feira, mas o dirigente alegou que o órgão é “parcial” e “arbitrário” e está “repleto de vícios e nulidade”

A defesa de Caboclo apresentou uma petição nesta sexta e afirmou, por meio de nota, que a Comissão de Ética da CBF é “um verdadeiro tribunal de exceção”, que “a toda evidência já possui um pré-julgamento a respeito dos fatos, tendo aplicado a ele um afastamento provisório sem qualquer fundamento regulamentar, estatutário, legal e constitucional, ou seja, sem nenhum poder para tanto”.

Segundo os advogados de Caboclo, “o afastamento do cargo por 90 dias implica, na prática, em uma antecipação de pena”.

Na porta da sede da CBF, no Rio, dezenas de pessoas foram ao local protestar contra Caboclo. O dirigente está afastado do comando da entidade desde o começo de junho em virtude da denúncia de assédio moral e sexual que enfrenta. Os manifestantes pediram a saída definitiva de Caboclo do cargo e exibiram cartazes e faixas.

Na petição, a defesa argumentou que não reconhece a Comissão de Ética da CBF como um órgão legítimo e competente para decretar o afastamento provisório de Caboclo da presidência e afirmou que a sua saída temporária do cargo é “absurda”.

Segundo o site GloboEsporte.com, que trouxe a denúncia à tona, a mulher diz que Caboclo chamou-a de “cadela” e tentou forçá-la a comer um biscoito de cachorro. Em outra oportunidade, perguntou se ela se masturbava. Durante reunião com outros dirigentes da CBF, o presidente teria inventado relacionamentos da funcionária com pessoas ligadas à entidade.

Segundo a reportagem, a vítima afirma que, durante todas essas condutas, Caboclo estava embriagado. Ela disse ainda que ele a orientava a esconder garrafas de bebida na entidade, para que ele consumisse durante o expediente.

Os advogados de Caboclo apresentaram na última quarta-feira aos membros do Comitê de Ética da entidade a defesa do dirigente. A defesa diz que documento protocolado “desconstrói a acusação contra ele e apresenta laudos periciais, pareceres e provas” em busca de provar a inocência do dirigente no processo que tramita no Comitê de Ética da CBF.

Caboclo assegura que não cometeu “nenhum tipo de assédio” e afirmou ser “vítima de um procedimento absolutamente viciado que tem como base provas ilícitas, depoimentos de testemunhas evidentemente interessadas em um desfecho negativo para o acusado e fundamentação jurídica esdrúxula”.

Na petição que apresentou para não depor no Comitê de Ética, afirmou que as provas dos autos que amparam a denúncia são “manifestamente ilícitas e imprestáveis”.

O presidente afastado da CBF diz que Marco Polo Del Nero, seu então padrinho político e ex-presidente banido do futebol por corrupção, é o mentor de seu afastamento e do suborno à funcionária no valor de R$ 12 milhões para que ela não protocolasse a acusação no Conselho de Ética da entidade e a tornasse pública. Del Nero nega.

No último sábado, a comissão independente que investiga o caso dentro da CBF negou pedido do presidente afastado para retomar seu posto no comando da entidade e prorrogou por mais 60 dias o seu afastamento, tempo que julga suficiente para a conclusão da investigação.

Se a Comissão de Ética considerar que Caboclo deve ser destituído da presidência, os 27 presidentes de federações terão que se reunir para votar. A votação pode acontecer antes do fim do prazo de 60 dias do afastamento do dirigente, que foi substituído temporariamente pelo coronel Antônio Carlos Nunes.

Além do processo na CBF, Rogério Caboclo é alvo de uma investigação criminal do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) e de outra no Ministério Público do Trabalho (MPT-RJ).

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