Brasileiros treinam à noite e sofrem com calor em Dubai
A delegação nacional chegou na última quinta-feira para aclimatação e tem treinado pela manhã e no início da noite
atualizado
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Novembro é o início do inverno em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. O clima está mais ameno do que em julho, venta um pouco mais e por isso a decisão de realizar o Mundial de Atletismo Paralímpico neste mês – a competição começa nesta quinta-feira. Para a população local é o período onde todos conseguem passear na rua pois a temperatura beira “somente” os 38ºC durante o dia. À noite, colocam até casaco para suportar o “frio” de 27ºC.
Para os atletas brasileiros a situação é diferente. “Sopra um bafo quente na cara durante o treino”, disse o cadeirante Ariosvaldo Silva, o Parré, logo após a atividade realizada às 19h, com a temperatura beirando os 30ºC. A delegação nacional chegou na última quinta-feira para aclimatação e tem treinado pela manhã e no início da noite.
A jornalista Priyanka Sharma, do Comitê Organizador Local, ficou surpresa com a declaração do brasileiro. “Sério que ele sentiu isso? Para nós está um clima muito agradável. É possível caminhar tranquilamente sem ser torrada pelo sol. Em julho, os termômetros chegam a marcar 50ºC. A gente não consegue sair de casa. Dá uma sensação ruim”, contou ao Estado.
Priyanka mudou-se para Dubai há dois anos. Ela nasceu na Índia, em uma cidade próxima à capital Nova Délhi, onde as temperaturas não diferem muito de Dubai. A jornalista veio ao emirado para trabalhar com comunicação no esporte paralímpico e espera estar em Tóquio-2020. “Seria um sonho”. Por enquanto, acerta os últimos detalhes para o início do Mundial.
Hidratação
Amaury Verissimo, técnico-chefe do Brasil, contou os cuidados que estão sendo tomados para enfrentar o inverno árabe. “Temos acompanhamento diário da hidratação com água e com frutas entre as refeições. Isso influencia os resultados porque aqui é muito quente e os atletas podem ficar com tontura e fraqueza devido à perda de sais minerais, o que também aumenta o risco de lesão”, disse.
A precaução vem após a experiência inicial com o Mundial de Doha, em 2015. “Foi nosso maior alerta. Vimos que os atletas não se hidratavam nem dormiam como deveriam, então aumentamos nossa fiscalização na rotina dos deles aqui em Dubai”, prosseguiu. Na ocasião, o Brasil foi representado por 40 atletas que conquistaram 35 medalhas.
Ouro nos 200 metros e prata nos 100 metros em Doha, o velocista Felipe Gomes, de 33 anos, minimizou o calor de Dubai. “Sou de Bonsucesso, no Rio de Janeiro, treinei muito ali em Bangu e estou acostumado com o calor. Doha estava mais quente do que aqui em Dubai. Só de correr 10 minutos lá no Catar já perdia muito líquido. Aqui tem um vento que ajuda, até parece brisa do mar”, afirmou. Felipe vem também de dois bons resultados no Parapan de Lima, no Peru, onde conquistou a prata nos 100 metros e nos 400 metros.
Dubai receberá cerca de 1.400 atletas, de 120 países, que competirão em 172 provas. O Brasil contará com 43 competidores. Um detalhe é que a competição paralímpica não acontece em estádio climatizado. No Mundial de atletismo olímpico realizado no Catar, em setembro, os locais de treinamento e competição possuíam mecanismo de resfriamento.