Bola fora. Procura por hotéis do DF para as Olimpíadas não anima setor
GDF espera 300 mil diárias durante os 10 dias dos Jogos Olímpicos. Até agora, no entanto, estabelecimentos não registraram aumento nas reservas de quartos nos dias da competição
atualizado
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Uma conta que não fecha. Foi isso que a reportagem do Metrópoles encontrou ao analisar o cenário dos Jogos Olímpicos na capital federal, que tem investimento previsto em R$ 32 milhões. Otimista, o Governo do Distrito Federal espera um retorno de R$ 156 milhões na economia local, grande parte com gastos de hospedagem. A expectativa é de 300 mil diárias no período. O problema é que, faltando um mês para o início dos jogos, os hotéis do Distrito Federal quase não têm reservas para os dias da competição.
O Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha será palco de 10 partidas de futebol do calendário oficial de jogos, entre os dias 4 e 12 de agosto. “A gente tinha uma expectativa alta, acreditávamos que agosto seria o melhor mês do ano. Mas isso não se concretizou. Nós não temos demanda de reserva ligada à Olimpíada”, afirma Adriana Pinto, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Distrito Federal (ABIH/DF).
Segundo ela, praticamente nenhum hotel ligado à associação registrou aumento na procura por quartos. Apenas o local que irá receber a maioria das seleções, o Royal Tulip, tem reserva na faixa de 80%. Os demais, ainda de acordo com Adriana, estão com taxa de ocupação para os dias dos Jogos Olímpicos, de 20% a 30% dos quartos. A mesma registrada nos demais meses do ano.
Não precisamos de Olimpíada para obter esse resultado de 30%, entende? Espero que melhore até lá, mas não tenho certeza, nem previsão de quanto a procura deve aumentar.
Presidente da ABIH/DF
E o prognóstico não é mesmo positivo. Quando Brasília recebeu a Copa do Mundo, em 2014, a um mês da competição, a realidade do setor hoteleiro era outra. “Uns 30 dias antes da Copa, os hotéis ou já estavam lotados para o evento ou estavam com reservas acima de 70%”, explicou a presidente da ABIH/DF.
Jogos sem apelo
A estimativa de lucro do GDF baseia-se na experiência da Copa de 2014. Na época, passaram pela capital mais de 600 mil turistas e o gasto médio de cada um com hospedagem, transporte, alimentação e demais despesas foi de cerca de R$ 520. A expectativa do Palácio do Buriti é que os Jogos Olímpicos atraiam metade desse público.
O problema é que dificilmente todas essas pessoas desembarcarão no Distrito Federal. Procurado, o Rio-2016, organizador da Olimpíada no Brasil, não soube precisar quantos ingressos foram vendidos diretamente para Brasília, talvez porque a procura seja mesmo baixa, tendo em vista os jogos sem apelo que serão disputados no Mané Garrincha.
Partidas fracas, como Iraque x Dinamarca, Dinamarca x África do Sul e Coreia do Sul x México fazem parte da tabela. O DF sediará também três jogos de futebol feminino, eventos que não costumam atrair muito público. Vale ressaltar ainda que nas Olimpíadas, os times trazem seus jogadores de até 23 anos e não a seleção principal. Das estrelas que Brasília viu na Copa de 2014, apenas Neymar deverá desembarcar novamente na capital.
Em recente evento para divulgar os jogos, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) falou com otimismo: “Aproximadamente, quatro milhões de pessoas estarão com os olhos aqui. Como na Copa do Mundo, Brasília estará no centro das atenções. Contamos com todos os brasilienses para fazer com que a cidade mostre seu perfil turístico e acolhedor”.
Questionado sobre a baixa procura dos turistas pelo Distrito Federal, o GDF informou que só irá se pronunciar sobre movimentação econômica e de turistas em Brasília após o fim dos Jogos Olímpicos.