Uma década após título, Brasília amarga temporada difícil no NBB
Lesões e problemas extra-quadra complicaram a vida do time na competição. Pela primeira vez, brasilienses não avançaram aos playoffs
atualizado
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“Foi a temporada mais desgastante da minha vida”. A sinceridade com que o ala Arthur define a jornada 2019/20 do Brasília mostra que o time da capital federal não teve vida fácil no NBB.
O fim precoce da primeira fase, com os brasilienses tendo ainda quatro jogos pela frente decretou também a primeira eliminação de um time da cidade antes dos playoffs pela primeira vez na história. Dez anos depois de levantar o troféu do NBB pela primeira vez, a cidade não tem os mesmos motivos para comemorar.
Mas, além das derrotas em quadra, o Brasília teve, na temporada 2019/20, bastidores agitados. Os problemas extra-quadra, claro, contribuíram para que o resultado esportivo ficasse aquém do esperado. Às vésperas do início da temporada, por exemplo, o time optou por demitir o então técnico André Germano. O auxiliar Ricardo Oliveira assumiu o comando do time.
O início da temporada, porém, mostrou que a equipe poderia ir longe na competição. Dos quatro primeiros confrontos, o Brasília venceu três, perdendo apenas para o Flamengo, atual líder do torneio. Mesmo com o bom momento vivido nos jogos, o time ainda se viu envolvido em problemas judiciais com um dos patrocinadores da agremiação.
Fantasma das lesões
A impressionante quantidade de lesões também atrapalhou os planos do técnico Ricardo Oliveira. Em um dado momento da temporada, todos os alas do time apresentaram problemas físicos. Isso, naturalmente, comprometeu a rotação do time em algumas partidas fundamentais para as pretensões de playoffs.
“Tivemos três lesões de joelho sérias, que nos fez jogar quase 70% campeonato com time incompleto e, mesmo com tudo isso, o time não deixou de lutar, treinar e defender a história do basquete de Brasília”, destacou o ala Arthur.
Apenas para lembrar o histórico da temporada, Gui Bento, Gui Santos e Pedro Mendonça tiveram que desfalcar o time para passarem por procedimentos cirúrgicos nos joelhos. No caso de Gui Santos, a ruptura do tendão patelar durante a partida contra o Rio Claro foi responsável pelo fim da temporada do camisa 3 do Brasília.
“É a primeira vez na minha carreira em que eu não alcancei os playoffs. Estou triste, mas serve de aprendizado, mesmo aos 39 anos. Se estivéssemos com o time saudável, acho que teríamos, sim, ido aos playoffs”, pondera o armador Nezinho.
Atos finais
Já na reta final da temporada regular, quando as chances de classificação já eram pequenas e a pandemia do coronavírus já era uma preocupação real, o Brasília tomou uma dura decisão: a de não viajar para jogar. A escolha visava o risco de contaminação no deslocamento a São Paulo, palco de dois duelos da equipe.
Posteriormente, porém, o elenco voltou atrás e viajou para a capital paulista. Após a derrota para o Pinheiros, no entanto, o pivô Bruno Fiorotto, em entrevista após a partida, criticou duramente a Liga Nacional de Basquete. Na visão do jogador, vice-presidente da Associação dos Atletas Profissionais de Basquete, a LNB poderia ter ouvido os atletas, contrários à continuação do NBB.
Com o encerramento precoce da primeira fase, o jogo contra o Pinheiros, então, se tornou a última partida do Brasília na temporada.
A repercussão das declarações foi imediata. Pessoas envolvidas com a modalidade republicaram a entrevista do camisa 21 e, em pouco tempo, a fala viralizou. A ponto de, no dia seguinte à partida, a LNB suspender a realização dos jogos do NBB.
O jogador, entretanto, rechaça a pecha de símbolo da suspensão do campeonato.
“Àquela altura, a gente não tinha a quantidade de informações que tem agora sobre o vírus. Não sou e nem tive a pretensão de me tornar um símbolo. Falei o que nós jogadores estávamos sentindo, mas acho que a Liga paralisaria o campeonato de qualquer forma”, revelou.