Recusa do Brasília em viajar teve votação interna e reunião
Equipe foi para São Paulo sem o preparador físico, considerado em idade de risco para o contágio do coronavírus
atualizado
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A entrevista pós-jogo do pivô do Brasília, Bruno Fiorotto, deu o tom do clima do basquete brasileiro no fim de semana. Logo após a derrota para o Pinheiros, o camisa 21 do time da capital federal detonou a decisão da Liga Nacional de Basquete (LNB) de manter o calendário do Novo Basquete Brasil (NBB) mesmo com a pandemia do coronavírus.
“Queria agradecer à diretoria e nosso patrocinador, que deram o respaldo pra gente tomar a decisão de viajar ou não. É um dia triste, o jogo virou secundário. Era uma grande oportunidade dos atletas mostrarem uma força maior. Da Liga, de apoiar a gente, a decisão que a gente tomasse. Todos os jogadores têm família”, disparou, ainda na quadra, em entrevista à Twitch, plataforma de streaming que transmitiu a partida.
Em poucas horas, as duras declarações do pivô viralizaram nas redes sociais. Vários jogadores repostaram o vídeo com a entrevista, engrossando o coro dos descontentes com a continuação do principal campeonato de clubes do basquete brasileiro.
O que poucos, sabem, entretanto, é que antes mesmo do time embarcar para São Paulo, onde enfrentaria ainda o Corinthians, nesta segunda-feira (16/03), o Brasília movimentou os bastidores na cidade.
Originalmente, o time viajaria para a capital paulista na sexta-feira (13/03). O temor por passar por dois aeroportos em que a concentração de pessoas é elevado (Brasília e Congonhas) motivou os jogadores a se recusarem, em um primeiro momento, a embarcarem. O medo de um WO, entretanto, motivou elenco e comissão técnica a repensarem a decisão.
Reunião com patrocinador
Cientes dos riscos de abandonarem os jogos, os atletas decidiram, então, se reunir com o BRB, patrocinador master da equipe. Nezinho, capitão do time, o próprio Bruno Fiorotto, e um diretor do time ouviram do banco que a equipe não sofreria nenhum tipo de punição por parte da instituição caso se recusasse a entrar em quadra.
Cientes disso, os jogadores, então, se reuniram e a maioria decidiu viajar. Lesionados, Gui Santos, Gui Bento e Pedro Mendonça não foram para São Paulo. O pivô Ronald, porém, optou por não ir, como o próprio Fiorotto confirmou na entrevista à Twitch. Ele, entretanto, recebeu o apoio dos companheiros na decisão de não se juntar à delegação. Aos 63 anos e, portanto, em uma idade considerada de risco para a contaminação pelo coronavírus, o fisioterapeuta Carlos Ewbank também não foi a São Paulo.
Nesse domingo (15/03), porém, a LNB anunciou que o NBB seria paralisado a partir dessa segunda-feira (16/03). A decisão fez com que o Brasília se dirigisse ao aeroporto para retornar à capital. Um dos líderes do elenco, o ala Arthur elogiou a pausa na competição. Ele, entretanto, ressaltou que a decisão poderia ter demorado menos tempo para ser tomada.
“Achei prudente, tendo em vista o deslocamento em aeroportos, jogos em cidades que estão com número maior de casos infectados. Além disso, ainda há a parte de torcida e grandes aglomerações, que são mais perigosos ainda. Para mim, sem torcida não acho que deveria ter jogo. Portanto, creio que a suspensão foi uma decisão um pouco tardia porém acertada”, disse.
Com a paralisação, o Brasília não tem data para realizar as quatro últimas partidas restantes no NBB. Destas, apenas o confronto diante do Corinthians será realizado fora de casa. O time recebe, ainda, a Unifacisa, o Basquete Cearense e o Minas Tênis Clube.