Potencial, talento e tretas: a temporada irregular do Boston Celtics
Uma das equipes mais tradicionais e vencedoras da NBA vem sofrendo com desentendimentos, lesões e basquete abaixo do esperado
atualizado
Compartilhar notícia
Na última segunda-feira (27/12), o Boston Celtics perdeu para o Minnesota Timberwolves por 108 x 103, em um jogo que liderava por 11 pontos no intervalo. A equipe celta estava desfalcada devido a lesões e jogadores no protocolo de segurança contra a Covid-19, mesma situação dos Wolves, que jogaram sem Karl-Anthony Towns, Anthony Edwards e D’Angelo Russell.
Na rodada de Natal, os Celtics lideravam por 12 pontos contra o atual campeão Milwaukee Bucks até os 10 minutos finais da partida e, novamente, não foram capazes de manter a liderança, algo que parece ser uma tendência com esse time, resultando em frustrações dentro do vestiário.
Após a derrota para os Wolves, o veterano pivô Al Horford sugeriu que cada jogador deve “se olhar no espelho individualmente e como membro da equipe”. Opinião que seu companheiro Jaylen Brown parece não compartilhar, respondendo, com ironia. “Se olhar no espelho? Nada. Sem comentários”.
Essa não foi a primeira vez que os esforços nada impressionantes dentro de quadra levaram a lavagens de roupa suja fora dela.
Em novembro, após perder uma liderança de 19 pontos e levar uma sequência de 37 x 9 do Chicago Bulls, o armador Marcus Smart usou as câmeras e microfones para expor alguns problemas da equipe, expondo particularmente as duas maiores estrelas do Celtics, Jayson Tatum e Jaylen Brown, afirmando que a dupla não passa a bola em momentos cruciais dos jogos.
Smart já havia sido o protagonista de um puxão de orelha envolvendo Jaylen Brown. Aconteceu durante a disputa da bolha, na Disney, em setembro de 2020, quando o Miami Heat abriu 2 x 0 na série das Finais de Conferência Leste. De acordo com repórteres que estavam no local, os jogadores tiveram uma discussão acalorada e precisaram ser separados.
Histórico recente
A aparente falta de química e comunicação no vestiário contrata com a filosofia Ubuntu do último time vencedor do Boston Celtics, comandado por Doc Rivers e que tinha em seu elenco veteranos como Kevin Garnett, Paul Pierce e Ray Allen. Se aquela equipe tinha líderes naturais, desde então, o Celtics vem pecando nas tentativas de preencher essa lacuna.
No intervalo entre a equipe campeã de 2008 e a atual, os Celtics encontraram promessas no jovem treinador Brad Stevens, em uma temporada de MVP do surpreendente Isaiah Thomas, nos recrutamentos de Jayson Tatum e Jaylen Brown e, depois, em Kyrie Irving, que nunca se sentiu à vontade em Boston e assinou com o Brooklyn Nets.
Brown e Tatum, mesmo com todo o talento e promessa que carregam, têm começado a enfrentar as primeiras críticas em relação aos limites de suas habilidades e sido questionados sobre até onde podem levar os Celtics. Brad Stevens, aos 45 anos, deixou o cargo de treinador para assumir o cargo de Presidente de Operações de Basquete da franquia, substituindo Danny Ainge. Para o lugar de Stevens, Boston contratou Ime Udoka, que já trabalhou na comissão técnica de Gregg Popovich e chegou com moral em Boston.
Apesar disso, o treinador de primeira viagem ainda é uma incógnita em relação ao seu potencial, se juntando a um elenco que, atualmente, apresenta mais dúvidas do que certezas. O Boston Celtics tem 16 vitórias e 18 derrotas, e é o atual 9º colocado da Conferência Leste.