Para voltar a vencer, Sacramento Kings precisa ajudar a própria sorte
Equipe conta com um núcleo jovem e talentoso, mas terá de tomar decisões difíceis no futuro próximo
atualizado
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Na NBA, às vezes, é preciso ter sorte. Porém, às vezes, você precisa contribuir com a sua própria sorte. O Sacramento Kings tem falhado em ambos os campos. Depois de uma geração que contou com Webber, Bibby, Divac (hoje gerente geral da equipe), Stojakovic, etc., e que levou o time a um jogo 7 de final de conferência contra o Los Angeles Lakers, a franquia do norte da Califórnia não aparece nos playoffs desde a temporada 2005-06.
Um dos primeiros prenúncios de dias difíceis aconteceu logo ao fim da temporada 2008-2009. O Sacramento Kings terminou a temporada com o pior recorde da liga e, de alguma forma, acabou apenas com a quarta escolha do draft, em uma época em que a matemática do sorteio favorecia fortemente a pior campanha. Aliás, Kings e draft são um capítulo à parte.
Depois de recrutar DeMarcus Cousins em 2010, o time escolheu ou trocou pelos seguintes jogadores na primeira rodada do draft: Jimmer Fredette, Thomas Robinson, Ben McLemore, Nik Stauskas (STAUSKAS!?), Willie Cauley-Stein, Georgios Papagiannis, Skal Labissière, De’Aaron Fox, Justin Jackson, Harry Giles e Marvin Bagley II.
Em 2017, quando o Kings trocou DeMarcus Cousins para o New Orleans Pelicans, o GM Vlade Divac declarou para a imprensa que havia dito não para uma oferta melhor dias antes (??). Em 2018, com uma diretoria internacional, formada pelo dono indiano Vivek Ranadive, pelo GM sérvio Vlade Divac, pelo assistente de GM croata Peja Stojakovic e com o também sérvio Bogdan Bogdanovic no elenco, os Kings passaram a chance de viver uma interessante experiência internacional para escolher Marvin Bagley II com Luka Doncic ainda disponível.
Apesar de todos os barrancos, em 2018-19, o Kings finalmente parecia ter um direcionamento. O time terminou a temporada regular com 39 vitórias, a maior marca desde 2005-26 e o 9º lugar no disputado Oeste. Tudo graças a um núcleo formado por De’Aaron Fox, Buddy Hield, Bogdan Bogdanovic, Marvin Bagley II e comandado por David Joerger. Continuidade, certo? Errado.
Joerger foi demitido ao final da temporada por Divac, e os Kings rapidamente contrataram Luke Walton, que havia deixado os Lakers. Logo depois, Walton foi acusado de abuso sexual pela repórter Kelli Tennant, que teria acontecido, segundo ela, em um hotel, em 2014.
Depois, vieram os contratos de Harrison Barnes (85 milhões por 4 anos, pelo qual, segundo Shams Sharania, o Kings já teria demonstrado algum remorso); lesões de peças importantes do elenco e uma disputa contratual com Buddy Hield — vencida pelo armador –, que foi posto no banco por Walton na atual temporada.
O torcedor do Kings deve estar ao mesmo tempo otimista e apreensivo com o futuro. Com um núcleo jovem e talentoso, Sacramento corre o risco de ficar caro demais antes de realmente provar ser um contender. Barnes e Hield já conseguiram seus contratos, mas Bogdanovic, Fox e Bagley logo baterão na porta e exigirão vínculos rentáveis.
Quão fundos são os bolsos de Vivek Ranadive? O bilionário da indústria tecnológica já demonstrou que tem suas prioridades no lugar certo. Ele luta por representatividade, se manifesta sobre causas sociais e apoiou as investigações contra Luke Walton em parceria com a NBA. Sobre o basquete, ele já declarou, em 2019, que seu plano é tornar o Kings um contender sério em cinco anos. Para isso, no entanto, ele terá que se comportar como seu jovem, rápido e talentoso armador: saber a hora de acelerar e a hora de deixar o jogo acontecer ao seu redor. Algo que tem se mostrado complicado para o Kings.