NBA: o que fazer quando a estrela do seu time pede para sair?
Perder um craque pode atrasar em anos uma franquia, mas também pode ser a chance e um recomeço cheio de potencial
atualizado
Compartilhar notícia
Kevin Love ainda está oficialmente listado como jogador do Cleveland Cavaliers. Porém, se a história da NBA nos ensinou alguma coisa, o torcedor dos Cavs já pode ir se despedindo do ala-pivô.
No último sábado (04/01/2020), contra o Oklahoma City Thunder, Kevin Love demonstrou, (bem) publicamente, sua insatisfação com seus jovens companheiros e com a franquia. Porém, mesmo antes do “piti” dentro de quadra, já era possível prever que o destino de Love reside longe de Ohio.
Kevin Love appeared to be visibly frustrated with Collin Sexton. pic.twitter.com/NKA02hBOt4
— SportsCenter (@SportsCenter) January 5, 2020
Isso porque o atleta, campeão da NBA com Cleveland em 2016, havia cumprido as três condições que, inevitavelmente, fazem um jogador ser trocado: 1 – ele é uma estrela; 2 – ele está insatisfeito em um time de pequeno mercado em reconstrução; e 3 – ele pediu, é claro, para ser trocado (embora extraoficialmente).
Em junho de 2017, por exemplo, a estrela Paul George (1) pediu para ser trocada (3) de um Indiana Pacers que havia acabado de ser eliminado na primeira rodada dos playoffs para o Cleveland Cavaliers e cujos anos como contender já haviam passado (2). O resultado? Semanas depois, George foi enviado para o Oklahoma City Thunder.
Prova número #2: em janeiro do ano passado, a estrela Anthony Davis (1), por meio de seu agente Richie Paul (o mesmo de LeBron James), informou ao New Orleans Pelicans — uma franquia que nunca conseguiu montar um elenco digno ao redor de seu principal jogador, e só se classificou para os playoffs em duas ocasiões nos sete anos de Davis em New Orleans (2) — que ele não renovaria seu vínculo com a equipe e que preferiria ser trocado (3). O resultado? Na última off-season, o Monocelha foi negociado para o Los Angeles Lakers, formando uma dupla dinâmica com LeBron.
Há inúmeros outros exemplos de jogadores insatisfeitos que buscam novos ares no ecossistema da NBA, desde modernos (Kawhi, em 2018, em imbróglio com os Spurs, foi campeão na temporada seguinte com os Raptors), até distantes (Kareem Abdul-Jabbar, em 1975 foi trocado de Milwaukee para Los Angeles, após avisar os Bucks que não queria mais jogar pela franquia).
Com os jogadores cada vez mais empoderados e donos de seus próprios destinos, a tendência é que essa movimentação não apenas continue, mas aumente em volume. Nesse cenário, o que resta às franquias?
Nem tudo está perdido
Grandes estrelas dificilmente escolhem ir para os San Antonios, Indianas e New Orleans da vida se não forem recrutadas pelas franquias dessas cidades. Consegui-las é difícil, perdê-las pode ser uma tragédia, resultando em anos de derrotas e empregos perdidos, certo? A história recente da NBA não confirma tal narrativa.
Voltemos a Paul George. O ala-armador foi enviado para o Oklahoma City Thunder em troca de Victor Oladipo e Domantas Sabonis. À época, ao juntar George a Westbrook e Carmelo Anthony, a impressão geral era de que o gerente-geral Sam Presti e o Thunder haviam vencido decididamente a transação. Hoje, Paul George está em outro time (embora sua troca para o Clippers também tenha deixado o Thunder em ótima situação), enquanto Oladipo e Sabonis se desenvolveram em peças fundamentais de um surpreendente Indiana Pacers.
A saída de Anthony Davis também não foi para New Orleans o desastre que se anunciava. LeBron e os Lakers conseguiram sua cobiçada segunda estrela, mas tiveram que pagar caro para isso. Na transação, o experiente gerente-geral David Griffin, campeão com James e os Cavs em 2016, conseguiu Lonzo Ball, Brandon Ingram, Josh Hart e nada menos que cinco escolhas futuras de draft, posicionando a equipe, que também recrutou a sensação Zion Williamson, para um futuro bastante promissor.
Kevin Love, aos 31 anos, não tem o mesmo valor de mercado que Davis ou George, e os Cavs não são conhecidos pelo seu histórico de sábias decisões administrativas. No entanto, o time tem dois armadores promissores em Darius Garland e Colin Sexton, além de outras peças que podem ser utilizadas em trocas pensando em construir um futuro melhor.
Com competência e planejamento, a inevitável saída de Love dos Cavs pode se revelar, no fim das contas, uma bênção, e não mais um prenúncio de anos difíceis.