Mesmo seguindo protocolo, Raulzinho admite: “Não estamos livres da contaminação”
Time em que atua o armador Raulzinho Neto, o Washington Wizards foi um dos mais afetados pela pandemia
atualizado
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A “bolha” da NBA foi um sucesso para isolar os atletas, evitar o contágio pela covid-19 e encerrar positivamente uma temporada que havia ficado paralisada por mais de quatro meses por causa da pandemia do novo coronavírus. A liga americana de basquete considerou inviável repetir o formato e, até o momento, está pagando o preço, com jogadores testando positivo e diversos jogos adiados para cumprir o protocolo de saúde.
Time em que atua o armador Raulzinho Neto, o Washington Wizards foi um dos mais afetados. Em entrevista ao Estadão, o brasileiro conta um pouco da rotina que leva para continuar entrando em quadra (quando possível), afinal o time teve seis jogos consecutivos adiados, da esperança de uma normalização por causa da vacinação nos Estados Unidos e, claro, do bom início na nova casa.
A NBA tem tido muita dificuldade para seguir o calendário por causa da covid-19, o protocolo já foi alterado, mas ainda não é 100% eficaz. Como tem sido para você conviver com tudo isso?
Não temos escolha. Temos de respeitar, seguir os protocolos de proteção, de prevenção à covid-19. Ainda estamos em meio à pandemia e, infelizmente, temos enfrentado problemas com o cancelamento de jogos, com o adiamento de viagens… Mas isso poderia acontecer. Sabíamos que seria diferente, saímos de uma experiência extremamente segura e bem planejada da bolha, em Orlando. Estamos cercados de cuidados, cumprindo todas as determinações da liga e das autoridades, e mesmo assim não estamos livres da possibilidade de contaminação. Continuamos respeitando todas as regras, tomando todas as precauções, e espero que haja cada vez menos casos e problemas ao longo da temporada.
Como tem sido sua rotina diária por causa disso?
Estou respeitando todas as orientações que me passaram. Quando estou em Washington, fico em casa, só saio para os treinos e jogos. Quando estamos viajando, fico no quarto do hotel. Temos pouca interação, limitações no dia a dia, é chato, claro, mas isso é necessário pensando na saúde de todos e na sequência da temporada. É momentâneo e temos de respeitar. Vemos que, aos poucos, começou a vacinação, e com o passar dos meses mais e mais pessoas vão estar imunes e vamos poder voltar a ter uma vida normal em breve. Hoje já temos esse cenário, então é preciso paciência, entender que a pandemia não acabou ainda e respeitar os protocolos.
Todos entendem este momento complicado de pandemia?
Sim, claro, estamos vivendo uma pandemia. E não somos diferentes de ninguém, os problemas e limitações são os mesmos para todos. Temos nos cuidado ao máximo, ninguém quer pegar covid nem ser um agente de contaminação. Todos estamos respeitando os protocolos
O Washington é uma das equipes com mais jogos adiados por causa da Covid-19, foram seis na sequência… Como isso pode afetar o desempenho da equipe?
Não sei ainda como vai ser a tabela com esses jogos adiados. Esta não é uma temporada normal, por tudo que estamos vivendo, mas precisamos entender isso e fazer as coisas da melhor maneira Todas as equipes estão passando ou podem passar por problema em consequência da pandemia.
Imagina que, em algum momento, a NBA terá de adotar novamente o sistema da “bolha” para finalizar a temporada?
Não sei. A NBA está monitorando, conversando com as franquias, com as autoridades de saúde, está acompanhando o que vem acontecendo e tenho certeza de que vai tomar as melhores decisões se for necessário.
Apesar do início da equipe não ser positivo em relação aos resultados, você tem se destacado. Como avalia este começo no Washington?
Estou me sentindo bem na equipe, feliz pelas oportunidades e por estar conseguindo ajudar o time. Tenho trabalhado muito e, apesar de não termos tido uma pré-temporada comum, consegui me adaptar bem rápido ao sistema de jogo. A temporada não começou como gostaríamos, mas estamos fazendo as coisas certas, treinando forte, evoluindo a cada semana, é um processo ainda mais longo para um grupo que mudou bastante com a chegada de novos jogadores em relação à temporada passada.
O técnico Scott Brooks afirmou que “você vai ficar muitos anos na NBA” pelo que tem produzido em quadra. Como é receber um elogio como este?
Fico feliz com as palavras dele. Ele tem me apoiado bastante e está fazendo um ótimo trabalho com a equipe. É um técnico que entende muito do jogo e que conversa bastante com os jogadores, enxerga além da quadra e isso faz muita diferença no dia a dia.
Como tem sido sua relação com o Russell Westbrook? O quanto ele pode ser importante para o time?
Ele é um fora de série, um jogador completo. Todo mundo conhece e sabe o potencial dele dentro de quadra, da intensidade que ele põe no jogo, do poder físico e técnico. Mas ele é um cara ainda mais importante no dia a dia, pela liderança, pelos exemplos que dá e pela forma como motiva os companheiros. Está sendo muito legal esse convívio com ele, é um dos grandes nomes da NBA, ao mesmo tempo em que é uma pessoa simples, tranquila e comprometida com a equipe.
Você está satisfeito com o seu papel fora de quadra, passando sua experiência para os mais jovens?
Sim, estou bem confortável, me sentindo bem na equipe. Todos me receberam muito bem aqui e fico feliz por estar ajudando a equipe, podendo contribuir dentro e fora de quadra. Temos um grupo bem mesclado, jogadores mais rodados, mais experientes, e jovens de muito talento. E essa combinação está dando muito certo, o ambiente é muito bom, o time é unido e estamos trabalhando muito para fazer do Washington um time mais forte e sólido a cada dia.
A seleção ainda terá de buscar uma vaga em Tóquio, mas você aprova a realização dos Jogos Olímpicos? Ou, neste momento, o ideal é cancelar?
Essa não é uma decisão fácil. Já não foi simples o adiamento, então é ainda mais difícil definir sobre a realização ou cancelamento de um evento como a Olimpíada. O Brasil ainda não tem a vaga para a Olimpíada, então o foco está, primeiro, no Pré-Olímpico da Croácia. Tanto COI quanto Comitê Organizador vão buscar a melhor solução, vão se apoiar em especialistas e entender os riscos para se realizar os Jogos. Claro que todos que amam ou vivem no esporte querem acompanhar os Jogos. É o maior evento do mundo e só acontece de quatro em quatro anos. Estamos a seis meses do início da Olimpíada, ainda vivemos uma pandemia, e espero que seja tomada a decisão mais acertada, respeitando o momento. Antes de tudo devemos priorizar a saúde do mundo.