Líder precoce: Ja Morant acelera processo de reconstrução dos Grizzlies
Com apenas 20 anos, o talentoso armador demonstra maturidade e parece pronto para guiar a franquia de volta às vitórias
atualizado
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Não se deixe enganar pelo físico franzino e pela cara de garoto: Ja Morant já é gente grande. O armador, favorito para levar o prêmio de Calouro do Ano da NBA, tem demonstrado um nível de maturidade e liderança surpreendente para um jovem de apenas 20 anos. Dentro e fora de quadra.
Contra Kyrie Irving, apenas em seu terceiro jogo como profissional, Morant batalhou jogada por jogada, marcando 17 pontos no último quarto e criando jogadas importantes, que levaram à vitória de Memphis contra Brooklyn. James Harden foi outra vítima. Em uma partida em janeiro, o Barba desafiou o calouro a arremessar uma bola de três, desrespeitosamente se afastando dele na defesa. O resultado: cesta e um recadinho. “Avisem esse filho da pu** sobre mim!”.
Harden dared Ja to shoot.
He buried it.
Appeared to say: “Tell that motherf–ker about me” ?
*NSFW* pic.twitter.com/VTer1VW22n
— Bleacher Report (@BleacherReport) April 11, 2020
A falta de deslumbramento de Morant com experiência e currículos vitoriosos sobrou também para o multicampeão e MVP das Finais Andre Iguodala. Iggy chegou a fazer parte do elenco de Memphis, mas não parecia muito interessado em defender os Grizzlies. Em meio a provocações nas redes sociais, Ja afirma não ter gostado da forma como o ala/armador lidou com sua passagem pela franquia. “Eu ainda tenho muito respeito por esses caras, mas essa é a forma como eu me sinto. De onde eu venho, nós caminhamos por nós mesmos”.
O armador vem de uma pequena cidade da Carolina do Sul e a sua criação, sem grandes luxos e com muito foco no trabalho ajudam a explicar a postura de Morant frente aos desafios. Seu próprio pai, Tee Morant, o chamava de “supervalorizado”, enquanto o treinava em uma quadra construída pela própria família, com o piso desigual, no calor da pequena cidade de Sumter County.
Depois, quando começou a jogar basquete em equipes de desenvolvimento, foi colega de time de um tal Zion Williamson, o que lhe permitiu crescer e amadurecer sem a adulação de olheiros e fora das armadilhas do estrelato precoce. “Eu acho que é por isso que nós temos o Ja que conhecemos. Eu ainda sinto que foi isso que o levou ao lugar que ele está agora como o jogador e a pessoa que vemos”, disse sua mãe, Jamie Morant, ao The Undefeated.
Além de um armador elétrico, que tem ajudado o Memphis a cavar uma vaga de playoffs quando muitos apostavam em um ano nas profundezas do Oeste, Ja é um pai de família. Sua filha, Kaari Jaidyn Morant, completará 1 ano enquanto ele estará em Orlando, na bolha, o que o leva a se preocupar também com o futuro.
Em junho, Ja escreveu uma carta para um juiz do estado de Kentucky, pedindo que ele retirasse uma estátua de um general confederado, defensor do escravismo, da cidade de Murray, onde atuou na faculdade. “Como um jovem negro, eu não posso deixar de destacar o quão perturbador e opressivo é saber que a cidade ainda honra um general confederado que defendia o ódio e a supremacia branca”, declarou. “Nós não podemos mudar a cultura do racismo se não mudarmos a celebração do racismo”.
Com um líder dentro e fora de quadra, não se surpreenda se o Memphis Grizzlies está bastante adiantado em seu processo de reconstrução. Afinal, é apenas o que Ja Morant sempre fez em sua vida: estar à frente do seu tempo.