Lance Stephenson: “Quero um anel de campeão da NBA”
Em entrevista exclusiva, veterano fala sobre a G-League da NBA, a experiência de jogar na China e as disputas contra LeBron James
atualizado
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Lance Stephenson está de volta às quadras, a um passo de retornar à NBA.
O ex-armador do Indiana Pacers foi selecionado pelo Grand Rapids Gold na 13a escolha do Draft da G-League, em 23 de outubro, e jogará pelo time afiliado do Denver Nuggets.
Stephenson é um veterano, com nove anos de NBA, tendo jogado por sete times da liga, principalmente o Pacers, que o selecionou na segunda rodada do Draft de 2010 da NBA.
Um atleta valente e cheio de entusiasmo em quadra, ele espera por outra chance na liga aos 31 anos de idade, depois de jogar pela última vez na temporada 2018-19, pelo Los Angeles Lakers, atualmente o segundo favorito em sites de apostas NBA para conquistar o título da NBA.
Em entrevista exclusiva à Betway, site de apostas da NBA, Stephenson disse que está animado por ter a oportunidade de mostrar o que pode fazer e provar que ainda tem muita energia para gastar.
“Eu me sinto ótimo”, disse ele. “Estou muito feliz por finalmente ter saído do sofá e poder brincar e me divertir. Estou muito animado em retornar.”
“Meu corpo está ótimo. Não me sinto mais velho. Na verdade, ainda me sinto jovem. Acho que ainda tenho pelo menos mais uns dois anos para jogar.”
Stephenson treinou por 10 times diferentes antes do início da temporada, enquanto tentava garantir um contrato com a NBA depois de passar um ano fora, tendo jogado pela última vez pelo Liaoning Flying Leopards, na China. Surgiu interesse de alguns times, mas quando a oportunidade não se materializou, ele decidiu entrar no Draft da G-League.
Embora comece a temporada no Grand Rapids, ele está de olho mesmo é no retorno à NBA, ainda sonhando em ganhar um título.
“A ideia é vencer jogos, me divertir, alcançar a melhor forma física possível para, quando aparecer a chance, eu estar preparado”, responde ao ser questionado sobre os objetivos para a próxima temporada.
“A minha motivação é ser o melhor jogador que posso ser. Estar na melhor forma possível, ser um dos líderes da equipe. Claro que também quero ajudar os jogadores mais jovens, me divertir ganhando jogos e ganhar um anel de campeão. Antes de me aposentar, como eu quero um anel da NBA!”
Como o principal papel da G-League é desenvolver jogadores jovens, o Stephenson será um dos poucos veteranos no elenco do Grand Rapids. A equipe atual – que inclui o ex-jogador da primeira rodada da NBA Nik Stauskas, sob o técnico Jason Terry, o Sexto Homem do Ano de 2009 – acaba sendo jovem, com 11 dos 15 jogadores tendo 26 anos ou menos.
Assim, enquanto o foco do Stephenson é recuperar o nível da NBA e ganhar uma vaga na liga, ele também espera poder exercer liderança sobre os jogadores mais jovens do Gold e ajudá-los a conquistar oportunidades para eles também.
“É sempre bom ter um cara mais velho por perto, que já passou por situações pelas quais os mais jovens ainda vão enfrentar”, disse.
“Eu posso ser esse cara, para ensiná-los antes de cometerem os mesmos erros. É sempre bom ter um veterano para nos ajudar e orientar para fazer o que deve ser feito.”
“David West foi um grande veterano, Danny Granger, Jeff Foster. Foram as pessoas que me ajudaram e me proporcionaram experiências que me ajudaram no longo prazo.”
“Vamos deixar todo mundo pronto. Espero que todos também tenham a chance jogar na NBA.”
Outra maneira que o Stephenson encontra para ajudar os jogadores mais jovens do Grand Rapids é dentro de quadra.
Embora tenha jogado principalmente como ala armador durante sua carreira na NBA, ele também tem muita experiência com a bola, com uma média de quatro assistências por jogo, em três temporadas diferentes.
Ele tem jogado como armador durante o treinamento pré-temporada no Grand Rapids, e está animado para jogar na G-League e exercer o seu papel de facilitador na equipe.
“No momento, estou ficando muito com a bola, e isso vai ser ótimo”, disse ele. “Estar com a bola, fazer assistências, colocar os caras nos lugares certos e organizar o ataque. Faz tempo que não jogo como armador, então vai ser ótimo para mim.
“Eu poderia tanto jogar com a bola, como sem a bola. Não acho que a posição seja o mais importante para mim. Vou fazer o que o técnico quiser. Mas definitivamente vai ser uma ótima chance para eu jogar como armador.”
“Gosto de ficar com a bola. Eu consigo posicionar bem os jogadores, ajudá-los, proporcionando as chances para marcarem os pontos.”
Stephenson passou bastante tempo em quadra com a bola na mão durante a temporada 2019-20 que passou na China. Ele ganhou o prêmio de MVP no East Asian Terrific 12, ao liderar o Liaoning Flying Leopards na conquista do título, com uma média de 26,7 pontos por jogo.
“Foi muito divertido”, disse ele. “Quando criança, meu pai sempre dizia: ‘Você poderia jogar em qualquer posição.’ Eu estava disponível para desempenhar qualquer função que o técnico escolhesse. Por isso, quando cheguei à China, apenas disseram que eu deveria ficar mais tempo com a bola, e pensei: ‘Cara, isso é ótimo’, porque já estou acostumado a fazer isso mesmo.”
“Claro que ficar com a bola é difícil, mas é sempre uma ótima oportunidade. Você envolve as pessoas, posiciona os jogadores nos lugares certos, cria as chances de arremessos limpos, organiza o ataque. Fazer tudo isso é sempre muito legal.”
No geral, Stephenson teve uma experiência muito positiva na China e elogia muito o padrão de jogo na liga chinesa, principalmente dos seus companheiros.
“Foi muito legal lá na China”, disse ele. “Uma ótima experiência. Tive que liderar a equipe e ganhar alguns jogos. Os fãs de lá são incríveis. A cultura é diferente, aprendemos coisas diferentes, idiomas diferentes, enquanto vivemos em cidades diferentes. Foi um período muito bacana.”
“Muitos caras dizem que a competição lá fora não é muito boa, mas fiquei impressionado. Os chineses são muito bons. Eles trabalham duro. Tínhamos sessões duplas, de treino tático e físico, praticamente dia sim, dia não. Por isso que eles estão em ótima forma física e sempre se desenvolvem taticamente, todos os dias.
“Mas como eu tinha uma equipe muito boa, não tive que fazer tudo sozinho. Muitos caras vão para a China e se desgastam muito fisicamente, porque precisam fazer tudo. Eu tive a sorte de ter uma equipe diferente. Havia muitos caras na minha equipe que podiam jogar por conta própria e acertar arremessos.”
Nesse ponto da sua carreira, o Stephenson traz muita experiência para o Grand Rapids. Ele foi titular em várias equipes, foi companheiro e enfrentou alguns dos melhores jogadores da liga. Sem falar na famosa sequência de playoff, com o Pacers, em 2013 e 2014, quando enfrentou o Miami Heat nas finais da Conferência Leste. Ele foi o responsável por marcar o LeBron James, que está entre os favoritos nas bancas de aposta da NBA para ser eleito MVP nesta temporada.
Stephenson alcançou a sua maior marca de minutos por jogo em 2013-14, quando o Pacers – que também contava com Paul George, Danny Granger, David West e Roy Hibbert – ficou a um jogo de enfrentar o San Antonio Spurs nas finais da NBA.
Ao refletir agora sobre o tempo que passou em Indiana, Stephenson é capaz de identificar os valores que tornaram aquele time o mais bem-sucedido em que ele já jogou.
“O time tinha uma ótima comissão técnica, e tínhamos muitos jogadores na equipe que se sacrificaram muito. Todo mundo tinha consciência do seu papel. Não havia objetivo individual, e jogávamos como equipe. O objetivo da equipe era vencer, independentemente de quem marcasse, sempre jogávamos como uma equipe. Sempre nos cobrávamos uns aos outros, levávamos cada jogo a sério e só queríamos vencer.
“E o meu papel era fazer o trabalho sujo. Conseguir o maior número possível de rebotes, colocar pressão na tabela, voltar e jogar duro na defesa. O restante era bônus.”
Stephenson foi reconhecido como o ‘bloqueador do LeBron’, pelo jogo duro na defesa contra o LeBron durante os playoffs. Ele reconhece sempre a ajuda e o apoio dos seus companheiros de equipe para conseguir marcar esse jogador que foi MVP da NBA por quatro vezes.
“Foi um desafio enorme. Meus companheiros diziam: ‘Pegue ele, dificulte sempre a vida dele, enquanto nós te damos cobertura.’ E eu sabia sempre que eles não me deixariam jogar sozinho contra o LeBron.
“Isso é o que me ajudou, porque sabia que se o pressionasse, os outros quatro caras estariam na retaguarda, assumindo responsabilidade e me apoiando sempre.”
Mais tarde, o Stephenson se tornou companheiro de equipe do próprio LeBron, nos Lakers, durante a temporada 2018-19. Apesar da forte rivalidade entre eles durante os playoffs dos anos anteriores, ele insiste que o passado não afetou o relacionamento pessoal depois que se encontraram em Los Angeles.
Agora com 31 anos, esse jogador que recebeu em 2009 o prêmio Mr. New York Basketball – por ser o melhor jogador do ensino médio no estado –, disse que sua experiência de vida, ao crescer jogando nas ruas de Nova York, deu a ele uma vantagem competitiva para chegar à NBA, para enfrentar os desafios mais duros nos playoffs e também para lutar por uma vaga na liga neste momento da sua carreira.
“O basquete é assim, sabe como é. Todo mundo é competitivo e quer vencer. De onde eu venho, nunca desistimos em qualquer competição. Então, ninguém levou para o lado pessoal, apenas queríamos vencer.”
“Sendo de Nova York, antes de mais nada você precisa ser duro para entrar em quadra. Eu cresci brincando num parque, onde você não podia entrar na quadra e simplesmente dizer ‘sou o próximo’. Você precisa fazer por merecer.
“Eu senti a mesma coisa ao chegar na NBA, porque já tinha aquele espírito competitivo dentro de mim. Já tinha a ambição e queria vencer. Por isso que eu nunca desistia. Acho que crescer em Nova York foi importante para desenvolver esse espírito.”
Bate Bola
Melhor momento?
Meu primeiro jogo como titular na NBA, foi um momento e tanto para mim. Foi uma loucura porque eu não sabia que ia começar jogando. Quando o treinador me avisou um pouco antes do jogo, eu literalmente entrei correndo, mandei uma mensagem para minha família inteira assim: ‘Ei, pessoal, estou prestes a começar como titular, vocês não podem perder o jogo!’
Foi uma ótima experiência para mim, inesquecível. Acho que marquei sete pontos, acertei um arremesso de três, com dois layups.
Melhor companheiro de equipe?
David West. Ele era um líder e estava sempre fazendo a coisa certa na quadra. Até assistindo o vídeo das partidas, eu tentava encontrar os erros dele, mas nunca encontrava nada! A atitude dele no basquete era impressionante, sempre mantinha o seu corpo em forma.
Sempre estava presente para me dar os conselhos de que eu precisava e me ajudou a ser um jogador melhor em quadra. É sempre bom ter aquele jogador mais experiente por perto, o cara mais velho e veterano que conhece o jogo, e eu senti que podia confiar nele.
Melhor técnico?
Frank Vogel. Muitos treinadores querem prender você e não deixam você jogar o seu jogo. Com o Frank Vogel como técnico foi diferente, pois ele sempre me deixava jogar do meu jeito.
E não me deixou perder o controle. Como técnico da NBA, o mais importante é que os jogadores confiem em você, e você permita que eles joguem e sejam eles mesmos, ao mesmo tempo em que você os ajuda a não cometerem erros. Achei que o Frank foi o melhor.
O melhor time titular da NBA?
Oscar Robertson, um dos meus jogadores favoritos. O rei dos triple-doubles. Fui para Cincinnati por causa dele. Ele era um líder em quadra. Eu adoro esses caras que jogam com a equipe e são muito generosos com a bola.
Kobe Bryant e Michael Jordan. Se tivesse esses dois jogadores numa equipe, acho que será invencível. Eles têm esse mesmo espírito competitivo, que muitas pessoas acabam tendo, uma mentalidade de tudo para vencer.
Shaquille O’Neal, um super jogador. Acho que ninguém na NBA foi capaz de deter o Shaq.
E, por fim, o Tim Duncan. Acho que ele foi o melhor atacante de todos os tempos.