Kyrie Irving e Kevin Durant controlam o destino do Brooklyn Nets
Após um trabalho exemplar de continuidade e estabilidade, franquia de Nova York tem pressa para competir por um título
atualizado
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Kevin Durant e Kyrie Irving têm uma certa…reputação. Terraplanista, cobra, mau líder, egoísta, dono de perfil falso no Twitter. Algumas dessas alcunhas eles fizeram por merecer. Outras, dependendo para quem você perguntar, podem ser um tanto exageradas. Uma das mais interessantes, no entanto, foi dita por Brian Windhorst, repórter da ESPN.
Em uma entrevista para a ESPN Radio, após o All-Star Game de 2019, Windhorst declarou que Kyrie e KD faziam tudo juntos. “Comiam juntos, treinavam juntos, pegavam rebotes um para o outro nos treinos. Pareciam um casal de Ensino Médio”.
Se KD e Kyrie são um casal de Ensino Médio, são daqueles cuja mesa da escola é a mais concorrida. E eles são super seletivos sobre quem pode sentar com eles. LeBron James não foi o suficiente para Irving. Nem Brad Stevens, os jovens talentosos e a tradição vencedora de Boston. Já KD deu um fora em Westbrook, se divertiu com Curry, Klay, Draymond e Cia., mas, no fim das contas, foi só um lance.
No Brooklyn Nets, a dupla encontrou alguém que poderia caminhar junto com eles pelos corredores da escola. Uma franquia no maior mercado americano, que vinha fazendo as coisas certas, desenvolvendo jogadores e estabelecendo uma cultura e uma identidade. “Eu sinto que eles construíram algo do nada, e eu gostei disso”, disse Durant, para a ESPN, sobre os motivos que o fizeram escolher Brooklyn na última off-season.
KD se refere ao trabalho feito pelo GM Sean Marks e pelo técnico Kenny Atkinson. Após uma troca em 2013 que prejudicou os Nets por anos, a dupla foi a responsável por trazer e desenvolver nomes como Spencer Diwinddie, Caris LeVert, Joe Harris e Jarrett Allen. O trabalho teve o seu melhor momento dentro de quadra na temporada passada, quando Brooklyn chegou aos playoffs depois de três anos, com um recorde de 42-40.
A estabilidade e a continuidade instituídas em Brooklyn foram premiadas com a contratação de dois dos maiores talentos do jogo. Final feliz? Não exatamente. Como em todo filme de high school americano, a menina novata precisa decidir se vale a pena permanecer no grupo popular pois, por mais que ele seja formado por pessoas bonitas e populares, os valores não necessariamente são os mesmos.
A temporada 2019-20 ainda nem foi completa e Kyrie já reclamou do elenco de apoio da equipe, essencialmente colocando metade dos seus companheiros para venda, e o técnico Kenny Atkinson foi demitido, de forma muito mal explicada.
A NBA é uma liga de estrelas, e quando você tem a chance de trazer Kevin Durant e Kyrie Irving no mesmo dia para o seu time, você deve fazê-lo sem pensar duas vezes (pergunte para o Knicks). Porém, não deixa de ser um paradoxo: as mesmas características que atraíram KD e Kyrie a Brooklyn, são as características que a simples presença da estrela do porte deles serão deixadas pelo caminho.
Não dá pra ter tudo e o Nets sabia o que estava fazendo: assim que all-stars fazem parte do seu time, planos de longo-prazo, continuidade e desenvolvimento vão para o espaço. A mensagem fica clara: competir por um título. Foi para isso que Sean Marks trabalhou tanto. É para isso que todos os 30 GMs da liga trabalham.
O único detalhe é que se o título não chegar e Brooklyn falhar em cumprir as expectativas, Durant e Kyrie podem facilmente achar a próxima mesa, o próximo grupo, a próxima garota popular. Em uma liga de estrelas, são os atletas que dizem: “Você não pode sentar com a gente”.