Da suspensão à Seleção: a redenção do pivô Ronald, do Brasília
Punido após ser flagrado em exame antidoping, atleta do time brasiliense foi convocado nesta segunda-feira por Aleksandar Petrovic
atualizado
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O dia 13 de junho de 2016 ficou marcado para sempre na vida do pivô Ronald Rudson. O brasiliense fazia, à época, a melhor temporada da carreira defendendo o extinto UniCEUB/Brasília quando foi flagrado em um exame antidoping após uma partida contra o Caxias do Sul (RS). Com cinco substâncias proibidas, o camisa 6 recebeu um pesado gancho: quatro anos de suspensão. Afastado do basquete até a temporada passada, quando conseguiu reduzir a pena, Ronald ainda precisou brecar as expectativas para, só em 2019/20, retornar de vez às quadras, sempre defendendo o Brasília. Nesta segunda-feira (03/02/2020), o gigante de 2,11m recebeu, talvez, a melhor notícia que poderia: a de que foi convocado para a Seleção Brasileira, completando a volta por cima no basquete.
O bom momento vivido no NBB (Ronald acumula médias superiores a 12 pontos e sete rebotes por jogo) fez com que o técnico do Brasil, o croata Aleksandar Petrovic, convocasse o atleta para defender o país nas partidas contra o Uruguai, válidas pela AmeriCup, torneio classificatório para os Jogos Pan-Americanos de Santiago, em 2023. O brasiliense foi escolhido em substituição a Luís Felipe Gruber, do Mogi das Cruzes (SP) que, por causa de uma grave lesão no joelho, não atua mais nesta temporada. De volta à Seleção, Ronald garante que o período longe do basquete o fez amadurecer dentro e fora das quadras.
“Foi um tempo de aprendizado. Foi um tempo de dificuldades também. Me mantive no basquete, treinando, mas não foi fácil. Tinha dias que eu ficava triste por não estar jogando. O atleta também precisa do jogo pra se manter motivado e colocar em prática o que é feito no treino. Eu não via uma luz no fim do túnel. Minha motivação era o Euler (Mestrinho, ex-assistente-técnico do Brasília, que treinou Ronald durante o tempo suspenso). Ele nunca deixou a peteca cair. Se não fosse ele, eu nem sei como eu estaria”, frisa.
O retorno à Seleção Brasileira, em um momento onde Petrovic optou por não convocar atletas que representaram o Brasil na última Copa do Mundo da modalidade, disputada na China, ocorreu devido a algumas baixas (além de Gruber, o ala Didi pediu dispensa). Ronald, porém, prefere ver a volta como plano de Deus.
“Acho que eu tinha que tirar alguma coisa como lição desse tempo. Eu era uma pessoa diferente e acho que eu mudei. A mesma coisa como profissional. Querendo ou não, esse tempo foi bom pra mim”, crava.
Experiência em meio aos jovens
Aos 28 anos, Ronald será um dos atletas mais velhos em quadra pelo Brasil nas primeiras partidas da Eliminatória para a AmeriCup. Apenas o ala Jhonatan Luz, de 32 anos, é mais velho que o brasiliense nesta lista. O camisa 6, porém, não espera que a maior rodagem que os agora companheiros o ajude a ter mais minutos de quadra. Ele acredita que o atual momento é que vai definir o quinteto escolhido por Petrovic.
“Vai ser um novo desafio. Lá vão estar jogadores de nível alto. Vou pra Seleção pra passar por cima de todo mundo e mostrar o meu trabalho. Quero que o técnico veja o basquete que eu apresento e me mantenha na Seleção. Claro que ter um bom currículo é importante. Gosto de ver o presente. Não adianta ter uma carreira excelente e agora não esteja mostrando um trabalho legal. Para ser reconhecido, o cara precisa estar jogando bem e estar em um nível alto. Na Seleção, vou poder aprender bastante e dar conselhos também”, sentencia.