Brasileiros começam a ganhar espaço fora das quadras na NBA

Desde que o paulista Nenê Hilário foi draftado pelo Denver Nuggets em 2002, ver um brasileiro nas quadras da NBA já não se tornou algo tão raro. Agora, o que se vê, é um movimento ainda tímido de profissionais nascidos no Brasil que começam a galgar um lugar nas comissões técnicas dos times da mais importante liga de basquete do planeta. Ao todo, três “brasucas” iniciaram a temporada 2019/20 do basquete norte-americano em uma equipe: Felipe Eichenberger e Claus Souza, no Denver Nuggets, e Tiago Splitter, no Brooklyn Nets.

A franquia do Colorado abriga dois desses profissionais. Aliás, a preparação física do time que tem como grande estrela o pivô Nikola Jokic, é responsabilidade de brasileiros. Felipe Eichenberger, nascido em Ribeirão Preto (SP), atua no time desde a temporada 2011/12 e, neste ano, iniciará a segunda jornada seguida como o principal preparador físico do time.

Felipe tem como braço direito o brasiliense Claus Souza. Nascido e criado na capital federal, Claus é auxiliar na preparação física dos Nuggets e a história de vida dele tem como principal fator o basquete. Antes de se aventurar no Canadá, o brasiliense atuou como técnico da Escola Americana de Brasília (EAB). Um teste conseguido por meio do diretor do colégio o levou para o exterior, onde ele vive desde o já distante ano de 2008.

O desejo de morar fora do Brasil sempre foi intenso para Claus. Enquanto cursava Educação Física em Brasília, o profissional buscava formas de se estabelecer fora do país, o que ele conseguiu ao ser aprovado no teste no Canadá. Enquanto jogava basquete, terminava o curso iniciado no Brasil. As primeiras oportunidades no exterior foram no basquete feminino, como na Universidade de Auburn, tradicional polo da modalidade. Claus e Felipe se conheceram em um encontro anual de preparadores físicos da NBA.

A oportunidade de trabalharem juntos veio após a saída do auxiliar anterior de Felipe no Denver Nuggets.

“O Felipe me ligou e disse que poderia me arrumar uma entrevista e eu poderia conhecer o centro de treinamento do Denver. Eu fui e as coisas deram muito certo, conheci os diretores do time e fui contratado”, relembra o brasiliense.

Sobre o trabalho com a franquia do Colorado, o auxiliar da preparação física dos Nuggets explica que o trabalho precisa ser feito pensando em um bem-estar global dos atletas, que passam por uma dura temporada regular, de 82 jogos, mais as partidas dos playoffs, em caso de classificação.

“Temos uma análise global que vai desde pequenas doenças como gripe e que rastreia até o stress. Temos que fazer de tudo para que os jogadores estejam bem”, relata.

O fato de fazer parte de uma equipe com outro brasileiro rende situações engraçadas no dia a dia do Denver Nuggets. A dupla, inclusive, já recebeu um apelido carinhoso do técnico da equipe, Michael Malone.

“A rotatividade em comissões técnicas na NBA é muito grande. Ainda assim, a gente acaba vendo um tratamento diferente. O nosso técnico passa e nos pergunta ‘e aí, máfia brasileira’. No fim das contas, o nosso trabalho é ajudar o time a ganhar jogos. Mas para nós não interessa se o cara teve um jogo ruim. Lá em cima (a academia fica no segundo andar do CT dos Nuggets), o clima é sempre bom”, ressalta.

Ex-jogador é auxiliar técnico nos Nets
Além de Felipe e Claus, outro brasileiro também integra uma comissão técnica na NBA. Trata-se de Tiago Splitter. Jogador vitorioso, o catarinense foi o primeiro atleta nascido no país a conquistar um anel de campeão da liga norte-americana de basquete. Nesta temporada, o ex-pivô de San Antonio Spurs e Atlanta Hawks assumiu a função de auxiliar de Kenny Atkinson no Brooklyn Nets.

O time de Nova York teve até uma situação curiosa no período intertemporadas. Durante a Liga de Verão, o técnico do Flamengo, e vencedor das duas últimas edições do NBB, Gustavo de Conti, atuou como auxiliar justamente do Brooklyn Nets, atual casa do armador Kyrie Irving e do lesionado Kevin Durant.