Aos 21 anos e em sua terceira temporada, Jayson Tatum já é um veterano

Jayson Tatum tem apenas 21 anos, mas apenas em sua terceira temporada como profissional na NBA, ele já pode ser considerado um veterano. E não apenas por ele ter liderado seu time a um Jogo 7 de Final de Conferência Leste, ou por ter marcado 30 pontos ou mais em nove de seus últimos 14 jogos — fazendo o pulo de um ótimo jogador para um all-star ainda nos estágios iniciais da carreira –, mas também, e talvez, principalmente, porque a vida o obrigou a crescer muito cedo.

A infância, no oeste da cidade de St. Louis, não foi das mais fáceis. Apesar dos melhores esforços de sua mãe, Brandy Cole, muitas vezes faltava aquecedor, eletricidade e comida na casa dos Tatum. “Minha mãe tentava esconder as nossas dificuldades, mas eu notava. Eu acho que isso me fez trabalhar mais duro. Eu via o quão duro ela trabalhava, e eu só queria uma vida melhor pra nós dois”.

E foi isso que Jayson fez. Desde cedo. Ele costumava acordar às 6h, antes de ir para a escola, treinar. À noite, só parava de jogar quando os vizinhos começavam a reclamar do barulho da bola quicando. Brandy e Justin Tatum, pai de Jayson, que havia retornado da Holanda, onde jogou basquete profissional, começaram a pensar que talvez tinham algo especial em casa.

Brandy entrou em contato com sua treinadora de vôlei da faculdade, Besta Beal, mãe de Bradley Beal, que estudou na mesma escola de Jayson em St. Lous, e o apresentou para seu treinador Drew Hanlen, que apesar de alguma resistência inicial, acabou acolhendo o garoto, treinando-o ao ponto da exaustão. “Nós construímos o seu jogo peça por peça. Eu notei que o Jayson não treina até acertar. Ele treina até ser incapaz de errar”.

Com uma ética de trabalho anormal para um rapaz tão jovem, Jayson rapidamente se tornou uma estrela em St. Louis, chamando a atenção de Mike Krzyzewski, o Coach K, de Duke. Na faculdade, Tatum teve uma lesão no pé, que o tirou da pré-temporada e dos primeiros oito jogos do campeonato. Em seu retorno, ele teve dificuldades para se mover e achar seu ritmo no ataque. “Na adversidade, você via o caráter dele. Nenhuma vez ele reclamou ou deu alguma desculpa. Era sempre ‘o que eu posso fazer para melhorar?”, declarou Jon Scheyer, assistente técnico de Duke.

Jayson conseguiu superar a lesão com a ajuda nem sempre carinhosa do lendário Coach K. Após sua lesão, ele se tornou o melhor jogador do torneio ACC. Com isso, diversas equipes da NBA cresceram o olho para cima do jovem talento, entre elas, o Boston Celtics. Porém, antes de deixar a faculdade, Tatum teria de enfrentar um novo desafio.

Em suas últimas semanas em Duke, Jayson descobriu que sua namorada estava grávida. Seus pais lhe haviam avisado para esperar até ser pai, que ele ainda era jovem e teria muito tempo para ter filhos. Então, naturalmente, na hora de avisar sua mãe, houve certo receio, que se mostrou infundado. “Eu achava que ela ia pirar. Mas ela viu como eu estava assustado quando eu lhe contei. Eu estava amedrontado. Eu lembro que ela me disse que tudo ia ficar bem”, relembra Tatum.
Hoje, Jayson Jr., o Deuce, tem dois anos, e Tatum tem encarado a paternidade com a mesma dedicação e seriedade que o levaram, aos 21 anos, a mudar a sua vida — e a de sua mãe, preferindo, após os jogos, voltar para casa e passar tempo com seu filho, ao invés de sair com seus companheiros.

“Eu não estou deixando de viver nada. Isso é o que deveria ter acontecido. A minha vida deveria ter sido assim. É a melhor coisa que já aconteceu comigo. Eu acho que me ajudou a crescer e amadurecer muito mais rápido. Eu não teria feito nada diferente”, declara Tatum.

E, vendo de onde Jayson saiu, e onde ele está agora, quem ousa discordar?