Análise: saldo para o Brasil no Mundial de Basquete é positivo
Apesar da eliminação ainda na segunda fase, boas apresentações mostraram que Seleção Brasileira pode se classificar para Olimpíada
atualizado
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As semifinais da Copa do Mundo de Basquete estão definidas e o Brasil, infelizmente, não está entre os quatro melhores colocados da competição. Enquanto Argentina, França, Austrália e Espanha lutarão pelo título de campeão do mundo, os comandados de Aleksandar Petrovic já começam a se preparar para um dos torneios pré-olímpicos, que serão disputados no ano que vem. A eliminação na segunda fase do Mundial, com duas derrotas (para República Tcheca e Estados Unidos), porém, não é terra arrasada para o basquete brasileiro. Por mais que tenha a competição na China tenha sido a derradeira da carreira de nomes importantes, os jogadores mais experientes ainda devem servir à Seleção no ano que vem, quando o Brasil terá a chance de buscar uma vaga em Tóquio.
A fase de preparação do Brasil mostrou que o trabalho do técnico croata surtiu efeito. Nos amistosos, após um atropelo diante do Uruguai, em Anápolis, os brasileiros perderam apenas para a França, justamente um dos semifinalistas do Mundial e que conseguiu a façanha de eliminar os Estados Unidos, encerrando uma série invicta que já durava incríveis 13 anos. O Brasil chegou, inclusive, a bater a Argentina durante os amistosos. Os hermanos, como dito acima, também seguem na luta pelo troféu.
As boas apresentações na primeira fase, incluindo a vitória histórica sobre a Grécia, com Giannis Antetokounmpo, nada menos que o MVP da NBA sendo praticamente anulado pela defesa brasileira, deram a impressão de que o time tinha as ferramentas necessárias para a atual geração, que tem como pilares Alex, Marcelinho Huertas, Anderson Varejão e Leandrinho, enfim conquistasse um resultado à altura do talento dos jogadores. No primeiro quadrangular, o Brasil entrou em quadra três vezes e saiu dela vencedor em todas. À exceção do jogo contra a Grécia, quando os brasileiros chegaram a estar 17 pontos atrás, os comandados de Petrovic foram soberanos contra a Nova Zelândia e Montenegro.
O excesso de confiança adquirido pelas vitórias pode ter sido o maior adversário do Brasil. Na segunda fase, os brasileiros foram dominados pela República Tcheca e não conseguiram manter a intensidade diante dos Estados Unidos nos 40 minutos de jogo, dando um adeus melancólico ao Mundial.
Pontos positivos:
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- Alex Garcia: aos 39 anos, o ala/armador do Minas Tênis Clube superou uma contratura muscular após uma pancada nos amistosos contra a China para ser o melhor jogador do Brasil nesta edição da Copa do Mundo. O camisa 10 saiu do banco na estreia contra a Nova Zelândia para mudar a cara do jogo, ajudando o time a conquistar uma importante vitória. No duelo contra a Grécia, coube ao Brabo marcar Antetokounmpo e o capitão da seleção cumpriu a tarefa com maestria. Fora de quadra, o jogador mais experiente do Brasil mostrou o lado carinhoso, ao amparar Didi após a partida contra os gregos, quando uma falta do atleta do Sydney Kings quase colocou a vitória a perder;
?? E o que dizer do nosso Alex Garcia?
Jogou sua 5ª @FIBAWC, foi um líder da Seleção e parou até o MVP da NBA.
Além disso, teve suas melhores médias na carreira em uma Copa: 10,0 pts, 2,8 reb e 2,4 ast.
Tudo isso aos 39 anos.
RESPEITO TOTAL! ?#BraboGotGame pic.twitter.com/AaMb64He41
— NBB CAIXA (@NBB) September 9, 2019
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- Nomes experientes ainda fazem a diferença: Anderson Varejão e Leandrinho tiveram o que comemorar nesta Copa do Mundo. Afinal, Varejão fez diante da Grécia aquela que pode ter sido sua melhor partida vestindo a camisa amarela até hoje. Ajudando nas duas pontas, o camisa 17 foi fundamental para o triunfo do Brasil diante da Grécia. Conhecido pelos arremessos de três pontos, Leandrinho mudou um pouco o estilo de jogo para ajudar ainda mais a Seleção Brasileira. Com infiltrações, o camisa 19 quebrou as defesas e conquistou importantes pontos na campanha;
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@basquetecbb ?? UPSET ?? IN AN ABSOLUTELY CRAZY FINALE ? #BRAGRE #BrasilGotGame
- Nova geração: Bruno Caboclo, Didi e Cristiano Felício já não podem mais ser chamados de novidades do basquete brasileiro. Afinal, os três já figuram nas rotações de seus respectivos times há pelo menos dois anos. Caboclo e Felício foram muito importantes na vitória contra a Grécia e mostraram que são fortíssimos candidatos a fincar bandeiras nas próximas competições da Seleção. Em sua primeira competição com o Brasil, Didi mostrou inexperiência, sobretudo ao fazer falta em Sloukas no jogo contra a Grécia. Caso o camisa 10 tivesse convertido o terceiro lance livre, o jogo teria ido para a prorrogação e o desfecho poderia ter sido outro. O erro, porém, não apaga a qualidade do jogador e as boas atuações que ele teve em outros momentos em que esteve em ação;
- Rafa Luz: sem Raulzinho, lesionado, coube ao jogador do UCAM Murcia a tarefa de ser o reserva imediato de Marcelinho Huertas. E o paulista de Araçatuba deu conta do recado. Seguro, e fundamental na defesa e no ataque, o jogador deu mostras a Aleksandar Petrovic que tem condições de se tornar o nome da armação quando Huertas der um ponto final à carreira pela Seleção Brasileira;
- Maturidade emocional: em outras competições, era comum o Brasil se perder em momentos adversos. Nesta Copa do Mundo, porém, a Seleção Brasileira mostrou uma tranquilidade fora do normal. Nem mesmo os 17 pontos de vantagem dos gregos na segunda partida foi capaz de parar os brasileiros. Com tranquilidade, e um terceiro quarto arrasador, o Brasil tomou a dianteira do placar para não mais perder.
Pontos Negativos:
- Escolhas: Yago Matheus e Augusto Lima foram os jogadores menos utilizados pelo técnico do Brasil na competição. O primeiro mostrou a principal característica em quadra: a velocidade, que pode complicar os marcadores. Por outro lado, o camisa 2 também foi exposto na defesa, mostrando também a maior fragilidade em seu jogo, sendo alvo de quase todas as jogadas quando esteve em quadra. A situação de Augusto ficou um pouco mais clara. Ainda em Anápolis, o técnico Aleksandar Petrovic explicou que o último corte passaria por situações como a necessidade de um time mais defensivo ou um que atacasse melhor. A escolha em detrimento ao também pivô Rafael Hettsheimeir passou por isso. O jogador de Franca, porém, poderia criar situações que fizeram falta ao Brasil, como um maior espaçamento da quadra e também poderia arremessar bolas de três pontos.
- Excesso de confiança: a possibilidade de enfrentar a Turquia, uma das mais tradicionais seleções do basquete europeu era assustadora. A disputa contra a República Tcheca, valendo a vaga, porém, trouxe uma perigosa dose extra de tranquilidade. Prova disso foi a entrevista de Vitor Benite após o revés diante dos europeus. Falando ao SporTV, o camisa 8 deixou claro: “Não podemos nos emocionar demais depois de uma vitória e nem nos abatermos demais depois de uma derrota”. Essa foi a principal lição tirada da partida contra os tchecos, que colocou Brasil e Estados Unidos em rota de colisão.