Tricampeão mundial de Fórmula 1, Nelson Piquet celebra os 70 anos
Ex-piloto brasileiro conquistou os títulos em 1981, 1983 e 1987 e deixou legado no esporte, inspirando gerações
atualizado
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O tricampeão mundial de Fórmula 1 Nelson Piquet completou 70 anos nesta quarta-feira (17/8). Ícone de uma geração acostumada a ver a bandeira do Brasil no pódio, Piquet protagonizou corridas espetaculares na década de 1980, feitos que o colocaram na lista de maiores competidores de todos os tempos.
Até hoje, apenas 10 pilotos alcançaram a marca de três campeonatos na F1: Lewis Hamilton (7), Sebastian Vettel (4), Michael Schumacher (7), Juan Manuel Fangio (5), Alain Proist (4), Nelson Piquet (3), Ayrton Senna (3), Niki Lauda (3), Jackie Steward (3) e Jack Brabham (3).
Piquet nasceu no Rio de Janeiro, em 17 de agosto de 1952, filho de Clotilde Piquet e Estácio Gonçalves Souto Maior, e passou a maior parte da sua adolescência em Brasília. O pai era médico e foi ministro da Saúde entre os anos de 1961 e 1962.
Foi justamente nessa época que o amor pelos carros surgiu. Nelson tomou gosto pelo esporte quando trabalhou na oficina Camber, junto do amigo Alex Dias Ribeiro. O pai, entretanto, não aprovava o hobby e mandou o filho para Atlanta, nos Estados Unidos, onde jogou tênis com uma bolsa de estudos.
Nas quadras, Piquet também se destacou, mas na volta ao Brasil, dedicou-se à grande paixão: a velocidade. Logo vieram os títulos, e ele foi bicampeão brasileiro de kart em 1971 e 1972.
A carreira começou a deslanchar em 1974 e, dois anos depois, sagrou-se campeão da Fórmula Super-Vê. Em 1977, mudou-se para a Inglaterra, onde começou a consolidar a carreira internacional.
Apesar de não ter muito dinheiro na época, o conhecimento em mecânica auxiliou o piloto a se tornar campeão da Fórmula 3 em 1978 e quebrar o recorde do escocês Jackie Stewart de maior número de vitórias em uma temporada.
O talento acabou chamando a atenção das equipes de Fórmula 1, onde estreou no mesmo ano em que levantou a taça de campeão na F3.
Destaque na Fórmula 1
O teste na competição foi feito pela já extinta escuderia Ensign. O carro foi alugado para o Grande Prêmio da Alemanha. Contratado em 1979 por Bernie Ecclestone, dono da Brabham na época, foi colega de equipe de Niki Lauda e, posteriormente, do sul-africano Gordon Murray. Em 1981, venceu seu primeiro título mundial.
Em 1983, faturou o bicampeonato. Três anos depois, foi para a Williams, onde viveu uma das maiores rivalidades do esporte nos anos 1980, com o inglês Nigel Mansell. Os dois protagonizaram duelos eletrizantes nos traçados que até hoje são lembrados, como nos GPs da Itália, em 1986; da Hungria, em 1987; e da Austrália, em 1990.
Apesar da desavença e do relacionamento conturbado com o colega de equipe, o brasileiro conquistou o tricampeonato em 1987. O ano também ficou marcado pelo acidente que sofreu nos treinos para o GP de San Marino.
Segundo Piquet, a batida marcou o início do fim de sua carreira na Fórmula 1. As duas temporadas seguintes foram amargas, sem grandes destaques. Em 1991, acabou decidindo pela aposentadoria no fim da temporada.
Acidente em Indianápolis
No ano seguinte, decidiu correr as 500 Milhas de Indianápolis. Apesar de estar sempre entre os 10 primeiros colocados nos treinos, o carro teve um problema na corrida realizada no dia 7 de maio de 1992 e Nelson bateu de frente contra um muro, sofrendo traumatismo craniano, torácico e fraturas múltiplas nas pernas e nos pés.
O acidente fez com que Piquet passasse por algumas cirurgias, mas voltou em 1993 para correr na Indy 500. Sem vencer, ele encerrou a carreira no automobilismo oficialmente, apesar de ter participado de provas esporádicas depois da última competição.
Depois disso, administrou os autódromos de Brasília e do Rio de Janeiro, criou uma categoria e chegou a fundar a Liga Independente de Automobilismo (LIA). Nelson também cuidou pessoalmente da carreira do filho Nelsinho, que chegou à Fórmula 1 em 2008, pela Renault.
Além de Nelsinho, Piquet tem seis filhos e é sogro do piloto holandês Max Verstappen, casado com Kelly Piquet.
Rivalidade com Senna
Além da rivalidade com Nigel Mansell, Piquet tinha outro grande adversário nas pistas: o compatriota Ayrton Senna.
Até hoje, o debate sobre quem era o melhor piloto da história do Brasil alimenta acaloradas discussões entre os amantes do esporte.
Os dois, contudo, se encontraram nas pistas apenas no GP da Hungria em 1986, quando Piquet fez o que, por muitos, é considerada a maior ultrapassagem da história da F1.