Fórmula 1: Fittipaldi culpa Globo por falta de pilotos do Brasil
De acordo com o ele, a rede de televisão deveria ter investido na base do automobilismo brasileiro
atualizado
Compartilhar notícia
Uma das lendas do automobilismo brasileiro, Emerson Fittipaldi atribuiu a ausência de pilotos brasileiros na Fórmula 1 à atuação da Rede Globo. Na sua opinião, a rede de televisão deveria ter investido na base do automobilismo brasileiro para garantir a presença de pilotos do Brasil na categoria mais importante do mundo.
“Infelizmente, empresários, o governo brasileiro e a própria Globo não investiram como tinha que investir no esporte de base, que é o kart, que é um campeonato de fórmula, um de turismo. Esqueceram. E agora não temos nenhum brasileiro na F1. Da América Latina, só temos o (mexicano Sergio) Checo Pérez”, disse Fittipaldi a jornalistas brasileiros durante evento do prêmio Laureus, o Oscar do esporte, em Berlim, na Alemanha.
Questionado sobre a responsabilidade que atribui ao canal de televisão, Fittipaldi reforçou: “Porque a Globo é quem tem o maior benefício até hoje na F1. Quanto dinheiro a Globo ganhou em cima da Fórmula 1? Você sabe qual é o projeto de maior benefício para a Globo? Todo ano é a F1, com os direitos de televisão. Eles ganharam muito dinheiro e nunca investiram na base. Agora eles falam ‘cadê piloto brasileiro?’ Investiu? Não, então não tem”.
A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da Rede Globo, que disse que não vai se pronunciar sobre as declarações de Fittipaldi.
O Brasil está sem piloto titular na Fórmula 1 desde o final de 2017, quando Felipe Massa deixou a categoria — hoje disputa a Fórmula E. Nos últimos dois anos, despontaram como possíveis representantes do país no campeonato dois netos de Emerson: os irmãos Pietro e Enzo Fittipaldi. Pietro, de 23 anos, é reserva da equipe Haas, da F1, e é o mais perto de obter uma vaga no grid. Enzo, com 18, faz parte da Academia da Ferrari, de jovens pilotos.
Sobre o futuro, Emerson acredita que outros atletas do país podem surgir no automobilismo no futuro, mas destacou o grande esforço para despontar em razão da falta de competições de base no Brasil.
“Fora os pilotos da minha família, tem muito piloto brasileiro talentoso chegando por aí. É muito legal ver. Tem vários pilotos brasileiros chegando, mas com muito esforço, né?”, reforçou.
Ele também disse apostar na permanência da F1 no Brasil. A cidade de São Paulo tem contrato somente até o fim deste ano e o Rio de Janeiro, que também negocia com a organização, ainda não começou a construir o seu novo autódromo.
“Acho que a história do Brasil no automobilismo é muito grande, é muita tradição. Sempre vai ter (corrida no país). Essa é a minha opinião. No momento, estou torcendo para ficar aqui”, afirmou Emerson.
O bicampeão mundial da F1 ainda comentou sobre o cancelamento das 6 Horas de São Paulo, prova do Mundial de Endurance (WEC), que estava marcada para 1º de fevereiro, no autódromo de Interlagos.
Fittipaldi promoveu três edições da prova e enfrentou dificuldades financeiras na organização. Neste ano, com outro promotor, a corrida foi cancelada em dezembro.
Na sua avaliação, é a falta de investimento que vem impedindo a realização de grandes eventos do automobilismo no país. “Eu acho que não só o evento, mas o esporte brasileiro tinha que ter muito mais investimento. O Brasil tem muito atleta fantástico, que precisam ter mais apoio”, declarou.