Aposentadoria? Hamilton voltará para Fórmula 1 com sangue nos olhos
Segundo Toto Wolff, chefão da Mercedes, o piloto britânico teria perdido a confiança na FIA após os eventos em Abu Dhabi
atualizado
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A presença de Lewis Hamilton não está garantida no grid da Fórmula 1 para a temporada 2022. Segundo Toto Wolff, chefão da Mercedes, o piloto heptacampeão do mundo teria ficado desiludido com a categoria e com a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) após os eventos dos momentos finais do GP de Abu Dhabi e estaria considerando até se aposentar.
Vamos relembrar: Lewis Hamilton liderava a corrida com 11 segundos de vantagem para Verstappen e via o oitavo título muito próximo quando Nicholas Latifi bateu no muro a cinco voltas do fim. A Red Bull optou por mandar seu piloto para os boxes enquanto a Mercedes manteve Hamilton na pista. Afinal, novamente…cinco voltas e a presença do safety-car indicavam que a corrida estava praticamente encerrada.
A partir daí, começa a lambança. A FIA chegou a anunciar que os pilotos retardatários não poderiam ultrapassar, o que beneficiaria a Mercedes. A Red Bull protestou e Michael Masi, diretor de prova da Fórmula 1, reconsiderou, permitindo a ultrapassagem dos retardatários. Na volta final, liberou o safety-car e Verstappen, com pneus mais bem mais novos, partiu para cima de Hamilton e não teve dificuldade para ultrapassar o britânico, vencendo o seu primeiro título mundial.
Desde então, Hamilton desapareceu, com exceção de uma aparição para ser condecorado cavaleiro pelo Príncipe Charles. Nas redes sociais, sempre muito ativo, ele não segue mais ninguém e sua última postagem é do fatídico fim de semana do GP de Abu Dhabi, pré-corrida.
Hamilton já é dono da maioria dos principais recordes da Fórmula 1 e, preferências à parte, caso ele decida se aposentar, deixará um currículo digno do maior piloto de todos os tempos da categoria. Porém, minha aposta é que Lewis estará nas pistas em 2022.
Atletas de alto nível raramente deixam o esporte quando ainda têm algo a entregar. Veja Tom Brady, aos 44 anos, em busca de seu oitavo anel de campeão, prestes a disputar os playoffs da NFL e defender o título conquistado no ano passado com o Tampa Bay Buccaneers. Veja LeBron James, aos 37, mantendo o Lakers vivo e competitivo em busca por uma vaga nos playoffs. Aos 37, Lewis Hamilton perdeu um título mundial na última volta da última corrida do ano contra um adversário 14 anos mais jovem e por motivos altamente polêmicos.
Braço para pilotar ele ainda tem. E agora, ele ainda tem a motivação de brigar contra uma categoria inteira que parece estar mais interessada em premiar o espetáculo do que o que, de fato, acontece nas pistas. Não que um piloto que lutou contra a exclusão econômica e racial durante boa parte de sua carreira precise de mais motivação, mas como Michael Jordan (outro atleta que desafiou o tempo e estendeu até onde pôde sua carreira) mostrou, quando a motivação não existe, ou parece insuficiente, o jeito é inventá-la.
A decisão de Hamilton continuar ou não na categoria dependerá do resultado da investigação da FIA sobre os incidentes de Abu Dhabi. E caso Michael Masi seja mantido em seu cargo, esse pode ser o melhor presente que um atleta de ponta pode ganhar: um novo rival. Masi pode ser o diretor de provas da categoria, mas Lewis terá uma nova temporada para mostrar que continua sendo o patrão.