Arco, flecha e o Rio no alvo. Medalhistas do Pan e do Parapan treinam para as Olimpíadas
Três atletas brasilienses de tiro com arco participam do Campeonato Brasileiro da modalidade, em Goiânia, com a mira voltada para os Jogos Olímpicos de 2016
atualizado
Compartilhar notícia
Desde a quarta-feira (28/10), 253 atletas de tiro com arco de 16 unidades da Federação estão em Goiânia em busca de dois objetivos: vencer e aprimorar a técnica em busca de uma vaga nas Olimpíadas do Rio de Janeiro de 2016. Três competidores de Brasília representam o Distrito Federal no Campeonato Brasileiro de tiro com arco — dois na modalidade paralímpica e um na olímpica. Thaís Silva, Luciano Rezende e Bernardo Oliveira compartilham trajetórias de luta, suor e superação.
O foco e a determinação com que a bióloga Thaís encara o esporte são reflexos do modo como ela encara a vida. Aos 3 anos, sofreu uma fratura na tíbia direita, mais conhecido como o osso da canela, que nunca calcificou. Dez anos depois de inúmeras cirurgias e nenhum resultado, Thaís tomou uma decisão radical: resolveu amputar a perna. Ao longo de todo o processo, o esporte foi uma válvula de escape para ajudar a lidar com a pressão externa.
Quatro meses depois da cirurgia, Thaís conseguiu a medalha de prata na modalidade tiro com arco para o Brasil nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto, em agosto passado. Para os próximos meses, a menina de sorriso fácil já traçou o futuro: “Vou ganhar o Campeonato Brasileiro e estou treinando para as seletivas. E garanto que uma das vagas das Paralimpíadas de 2016 será minha”.
Ouro
Assim como Thaís, Luciano Rezende enfrentou limitações físicas. O analista judiciário, que tem uma doença congênita na medula, descobriu no esporte sua vocação e conquistou o ouro no Parapan deste ano. Agora, espera repetir o feito em 2016. “Para isso, já treino quatro vezes por semana. No mínimo, três horas e meia por dia. Vou chegar lá.”
Para os Jogos Olímpicos, Brasília também tem representação de peso. O brasiliense Bernardo Oliveira é integrante do time masculino do país que levou medalha de bronze na prova coletiva da modalidade no Pan-Americano.
Oliveira, agora, sonha com a disputa no Rio. “Tranquei a faculdade de engenharia na UnB para me dedicar exclusivamente ao esporte. Tudo com um só objetivo: disputar e vencer os Jogos Olímpicos que vão acontecer no meu país”, explicou. Por fazer parte da Seleção Brasileira, já está automaticamente classificado para as seletivas.
Veja uma sessão de treinos de Bernardo Oliveira e Luciano Rezende:
Quem acompanha de perto a caminhada dos três medalhistas é Chistian Haensell. Alemão radicado no Brasil, Haensell vive de ensinar a paixão pelo tiro com arco. Como único professor de Brasília da modalidade, gasta seu tempo, inclusive nos fins de semana, no Clube do Exército, espaço formador dos campeões. “Vivo disso. Como não pude mais jogar pelo Brasil depois que descobriram que sou alemão, resolvi transmitir meus conhecimentos. Torço por eles”, afirmou, orgulhoso.
Entenda o difícil trajeto até a vaga olímpica
O tiro com arco é classificado como esporte olímpico, e as normas são regulamentadas pela Federação Internacional do Tiro com Arco (Fita).
Existem diversas modalidades de tiro: arco composto, arco recurvo sem mira e arco recurvo com mira. Nas Olimpíadas, a única modalidade disputada é a do arco recurvo com mira. Nas Paralimpíadas, o arco composto também faz parte da competição.
Para os atletas entrarem na disputa, o processo é um pouco mais complicado. Os países participantes precisam conquistar as vagas nos campeonatos mundiais e devem ter número de atletas suficientes com índices olímpicos para ingressar no torneio olímpico.
Por ser o país-sede da Olimpíada de 2016, o Brasil já tem seis vagas garantidas para arqueiros — três homens e três mulheres. Na Paralimpíada, o Brasil tem direito a 11, mas apenas sete estão garantidas. Por falta de atletas com índices olímpicos, algumas vagas poderão ser devolvidas.
Os nomes dos representantes serão definidos em março de 2016, em uma seletiva nacional.