Árbitros do DF se destacam em curso de formação e apitam mundo afora
Em sua 13ª edição, o curso tem formado, ao longo dos anos, árbitros de qualidade para o futebol nacional e internacional
atualizado
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Que o Distrito Federal produz talentos para o futebol brasileiro, não é uma novidade. Só na última semana, dois jovens criados no DF brilharam nos campos: Endrick, com a Seleção Olímpica; e Arthur Sousa, com o Corinthians na Copinha. Mas além do elenco de jogadores, a safra made in Brasília também está brilhando na arbitragem mundial.
Árbitros e auxiliares da capital têm somado convocações para grandes jogos nas principais competições nacionais, e há integrantes no quadro da FIFA. A causa desse destaque passa pelo investimento que está sendo feito nesses profissionais há mais de uma década.
Este ano, a Escola de Formação de Árbitros de Brasília (EFAB) completa dez anos de existência. A instituição foi fundada por profissionais locais, que identificaram a necessidade de desenvolvimento da mão de obra local. A Escola se uniu ao Sindicato dos Árbitros de Futebol do Distrito Federal (SAF/DF) e à Federação de Futebol do Distrito Federal (FFDF) para criar um curso de aperfeiçoamento dos trabalhadores. A inspiração veio de trabalhos que já eram desenvolvidos em nível nacional pela CBF.
O Curso
As aulas ministradas envolvem o dia a dia da arbitragem. Na parte teórica, Raimundo Lopo, presidente da EFAB, ministra aulas sobre as regras do futebol juntamente a outros árbitros e ex-árbitros.
Já na parte prática, os alunos vivenciam o cotidiano dos árbitros que atuarão no Candangão, acompanhando o treinamento e também se preparando para no futuro atuarem na competição.
Deste laboratório, saíram recentemente grandes nomes, que estão se destacando na arbitragem nacional.
Destaque internacional
O maior destaque da arbitragem do Distrito Federal atualmente é a assistente Leila Cruz. Ela fez parte da primeira turma do curso, em 2013, e o incentivo veio de um ex-árbitro da CBF, Rogério Bueno.
O início foi difícil, pois ela fazia um trajeto de mais de 150km para poder realizar o curso. Leila indicada ao quado da CBF em 2015 e em 2019 para a Fifa. No ano passado, participou da Copa do Mundo Feminina, que ocorreu na Austrália e na Nova Zelândia.
Leila falou sobre o seu sonho e a realização de participar de tantos jogos importantes na carreira.
“Sou muito grata a a escola de árbitros e a federação que sempre valorizaram meu trabalho e me ajudaram a chegar onde estou. Quando a gente fala de futebol, fala em sonhos diários, e para alcançá-los precisamos de perseverança, fé em Deus e claro, muito trabalho e dedicação, e sigo correndo atrás para chegar cada vez mais longe”, disse.
Experiência x juventude
Rodrigo Raposo e Maguielson Lima formam o contraponto no atual quadro de árbitros de Brasília. O primeiro é um dos mais experientes, enquanto o segundo integra a nova geração de juízes de futebol do DF. Raposo passou atualmente dos 100 jogos apitados como árbitro principal no Distrito Federal, o único ainda em atividade.
Foram 109 partidas. E contando. Ao todo, apenas nove árbitros ultrapassaram essa marca, sendo o recordista Edson Rezende, com 166 jogos comandados. O jogo 100 foi atingido em 2021, no duelo entre Ceilândia e Brasília, quando Raposo foi homenageado pela federação.
O Candangão 2024 é a 17ª edição da qual ele participa. Raposo participou da turma de 2005 do curso. Sua estreia aconteceu como quarto árbitro no dia dois de fevereiro de 2008, no Mané Garrincha, em uma partida entre Gama e Dom Pedro.
Já como arbitro principal, estreou no ano seguinte, em uma partida entre Legião e Ceilândia, no mesmo estádio. Participou de nove finais, sendo que nas últimas duas foi o árbitro principal do Video Assistant Referee (VAR), .
Já Maguielson Lima é um dos mais jovens árbitros da cidade. Ele é da turma de 2014 do curso, e desde então apitou vários jogos locais importantes, principalmente finais, e entrou no quadro da CBF no ano passado, apitando seus primeiros jogos na Série A do Brasileirão.
Do DF para a copa do mundo
Dois árbitros do Distrito Federal já sentiram o gosto de apitar uma Copa do Mundo. Sandro Meira Ricci, que foi da turma de 2005, foi um dos árbitros brasileiros na Copa de 2018. Já em 2022, foi a vez de Wilton Sampaio ter a chance de representar o país. Ricci hoje está aposentado, enquanto Wilton Sampaio atua representando a federação goiana.
O irmão de Wilton, Sávio Sampaio, também entrou para a arbitragem, inspirado em seu irmão, no ano de 2010. Ele estava até o ano passado no quadro da FIFA.
Destaque desde a origem
O principal fundador do curso, Raimundo Lopo, entrou no curso de instrutor da FIFA em 2010, quando também começou a fazer os cursos da CBF. Adquiriu destaque e conhecimento, e logo passou a ser cada vez mais chamado para atuar em cursos de outras federações.
Até hoje foram 27 participações em preparações dos árbitros dos estaduais de outras federações, sendo quatro delas na Federação Norte-Rio-Grandense de Futebol (FNF) e três na Federação Paulista de Futebol (FPF).
Lopo fala sobre o aprendizado que teve e o prazer de ver alunos se formando através do curso que criou. “Aprendi muito com os árbitros e também com outros instrutores, faço questão de ir a todos os jogos possíveis, principalmente os que tem os mais jovens na arbitragem, e gosto de participar da formação e desenvolvimento, é prazeroso, principalmente depois que vemos eles se tornando grandes a nível nacional”, afirmou.