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Após doença rara e recorde, Ana Marcela mira inédito pódio olímpico

Nadadora se tornou a primeira brasileira a vencer um mundial na maratona aquática, na Coreia do Sul

atualizado

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Satiro Sodré/rededoesporte.gov.br
Ana Marcela
1 de 1 Ana Marcela - Foto: Satiro Sodré/rededoesporte.gov.br

A nadadora Ana Marcela Cunha, ouro nos 5km na maratona aquática no Mundial de Esportes Aquáticos nessa terça-feira (16/07/2019), superou um drama pessoal antes de se tornar a maior medalhista da história da modalidade em mundiais. Em 2016, a nadadora descobriu uma doença autoimune que destrói a produção de plaquetas sanguíneas, células responsáveis pelo processo de coagulação. Para corrigir o problema, ela teve de se submeter a uma cirurgia para retirada do baço. Com a cirurgia, a atleta consegue manter a produção de plaquetas em um nível saudável.

A equipe descobriu a doença depois de uma prova em Salvador ainda em 2016. Depois de um mal-estar, um exame médico revelou que tinha apenas 110 mil plaquetas no sangue – o número normal ultrapassa 200 mil. Ela teve de se afastar por quase dois meses das competições no início de 2017.

Ana Marcela se submeteu a exames difíceis e dolorosos, como uma biopsia de medula, por exemplo, para conhecer se a causa da doença tinha relação com a algum tipo de câncer. Em um dia, chegou a tirar 30 frascos de sangue. Até hoje não se sabe o que provocou-lhe a doença. Hoje, como atesta a conquista da medalha dourada, Ana Marcela está bem fisicamente.

Sem o baço, órgão responsável por funções imunológicas e hematológicas, o corpo não cria anticorpos que combatem infecções. Esse trabalho tem de ser feito por vacinas e antibióticos. A retirada do órgão foi a melhor opção para evitar complicações futuras.

Medalha inédita
O desafio da atleta agora é buscar a inédita medalha olímpica. A baiana que aprendeu a nadar aos dois anos por influência do pai, o ex-nadador George Cunha, e também por ajuda da mãe, que é ex-ginasta, Ana Marcela ainda não subiu ao pódio.

A primeira participação olímpica de Ana Marcela Cunha foi em Pequim-2008, exatamente na estreia da maratona aquática no programa dos Jogos. Com 16 anos, a brasileira terminou na quinta colocação.

O Mundial de Xangai em 2011 servia de seletiva para os Jogos de Londres. As dez primeiras colocadas na prova dos 10km garantiam a vaga para a competição, mas Ana Marcela Cunha ficou em 11º lugar. Não conseguiu ir a Londres. A derrota fez a baiana de Salvador amadurecer bastante.

Ela viveu um grande ciclo antes da Olimpíada do Rio de Janeiro. Foi campeã do circuito da Copa do Mundo em 2012 e em 2014, além de colecionar medalhas nos mundiais. Em 2013, em Barcelona, foi prata nos 10km e bronze nos 5km. E, em 2015, em Kazan, foi ouro nos 25km, prata nos 5km e bronze nos 10km. Tudo indicava que subiria no pódio na Rio 2016. Uma falha da equipe comprometeu seu desempenho.

Por acidente, os treinadores deixaram cair na água a alimentação que a brasileira deveria ingerir no meio da prova. Ela perdeu força e não conseguiu brigar pelo pódio: chegou em 10º lugar, 56 segundos das líderes. No ano que vem – ela já está classificada para os Jogos de Tóquio -, Ana Marcela Cunha terá mais uma chance de buscar a medalha que falta. “Neste ano, o principal objetivo foi a vaga! Ano que vem será a tão sonhada medalha olímpica”, diz o pai da nadadora.

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