Após BBB, Paulo André se vê pressionado a voltar para o atletismo
Os rumos da temporada de um dos atletas mais rápidos do Brasil não estão definidos
atualizado
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Depois de se manter no “Big Brother Brasil” até o fim da disputa e terminar em segundo lugar, na noite desta terça-feira (27/4), o velocista Paulo André Camilo – ou simplesmente PA – vai enfrentar uma nova pressão do lado de fora da casa: a continuidade de sua carreira no atletismo. Os rumos da temporada de um dos atletas mais rápidos do Brasil não estão definidos.
No último domingo, o atleta de 23 anos prometeu para Carlos Camilo, seu pai e treinador, que vai retomar a carreira. A questão central é o momento desse retorno. Ainda nesta temporada? No ano que vem? O pai diz que é o atleta que vai definir seu futuro, mas o velocista não tem muito tempo para decidir.
Semifinalista dos 100 metros nos Jogos Olímpicos de Tóquio, no ano passado, Paulo André ainda não tem índice para o evento mais importante deste ano: o Mundial de Eugene, nos Estados Unidos, de 15 a 24 de julho. O período para conseguir a marca vai até o dia 26 de junho. Ele precisa correr 10s05, índice estabelecido pela World Athletics, em qualquer competição oficial. A última chance será no Troféu Brasil, de 23 a 26 de junho, no Rio de Janeiro. Sua melhor marca nos 100m até hoje é 10s02, de setembro de 2018.
Durante o BBB, Camilo disse ao Estadão que havia preparado vários cenários de treinamento para o filho se recondicionar a tempo após a competição na tevê. “Quando ele sair, a gente o coloca numa bolha, um lugar reservado só para treinos. Não vai poder perder um dia sequer de trabalho, seja debaixo de chuva, sol ou até neve”, disse o treinador.
Vale lembrar que o corredor treinou durante os meses de confinamento na casa do reality show. Mesmo sem poder correr, ele treinou força e potência. “Ele não vai sair cru de lá. Não existe velocidade sem força e potência”, diz Camilo.
Cleberson Lopes Yamada, especialista em atletismo e técnico nos Jogos do Rio-2016, avalia que seu retorno deva ficar para 2023. Mas lembra que a temporada ainda não está perdida. “Ele deve voltar a treinar mesmo só em 2023, pois certamente terá compromissos inadiáveis após sair da casa”, diz o especialista.
“Se ele conseguir retomar o foco, Paulo André ainda é o mais capaz de baixar o recorde de Robson Caetano de 1988”, opina. O principal nome do atletismo brasileiro nas provas de velocidade nos últimos anos atualmente é o terceiro mais rápido do Brasil. De acordo com a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), ele fica atrás apenas de Robson Caetano (10s) e Erik Felipe (10s01).
Engajamento
A retomada na carreira esbarra na popularidade que Paulo André alcançou ao longo da exposição massiva na TV aberta, algo inédito para atletas brasileiros fora do futebol. Levantamento da Federação Paulista de Atletismo (FPA) mostra que ele é o segundo maior atleta da modalidade em número de seguidores no Instagram. PA só fica atrás de Usain Bolt, que já encerrou a carreira e possui 11 milhões de seguidores. Antes de ser confirmado no programa, ele tinha apenas 78 mil seguidores, agora Paulo André chegou a 7,8 milhões de seguidores.
O aumento de seguidores e de engajamento das suas postagens cria novas plataformas para parcerias comerciais com marcas e patrocinadores. Existe um grande potencial financeiro, que já é superior aos rendimentos como atleta. Uma de suas fontes de renda é programa Bolsa Atleta do Governo Federal. Ele foi contemplado para receber o auxílio de R$ 3,1 mil por mais 12 meses de acordo com o último edital do programa.
“Para um atleta olímpico como Paulo André, a exposição prolongada na TV aberta provavelmente atraiu um perfil de seguidores que extrapola o ambiente esportivo, o que pode atrair um leque de potenciais patrocinadores bem maiores do que se fosse focado apenas no atletismo”, diz Marcelo Paciello, professor e pesquisador especializado em Marketing Esportivo.