Canais do YouTube viram produtoras e conquistam mercado audiovisual
Com bilhões de views em seus canais Dia Estúdio e a NWB, atraíram marcas como Adidas, Netflix, Bradesco e até o próprio YouTube
atualizado
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Logo nos primórdios do YouTube dois canais se consolidaram com esquetes e, mais tarde, viraram verdadeiras produtoras de conteúdo focadas na plataforma, algo até então pioneiro: o Porta dos Fundos e o Parafernalha. Agora, anos depois, outras empresas seguiram o mesmo caminho e fazem sucesso ao atingir bilhões de visualizações nos vídeos de seus canais e chamar a atenção de marcas gigantes do mercado, como Adidas, Netflix, Bradesco, entre outros.
Uma destas produtoras é a Dia Estúdio. Focada no conteúdo de entretenimento, cultura e música, a Dia foi criada através da parceria entre os empresários Rafa Dias e Andressa Mafra e é responsável pela produção de eventos como a #ParadaSPAoVivo – que é a transmissão oficial da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo – e canais como Diva da Depressão, Blogueirinha, Depois das Onze, Louie Ponto e vários outros.
“A Dia nasceu em 2014 com objetivo de produzir conteúdo de qualidade e ser esse hub de influenciadores e youtubers. Começamos em Floripa (SC) na casa dos meus pais e hoje temos uma sede na Vila Madalena (SP), que é o maior espaço de produção para internet do país”, comemora o CEO da Dia, Rafa Dias.
Ao longo dos mais de sete anos no mercado, a produtora bateu a marca de 1,7 bilhão de views no YouTube e atualmente trabalha com cerca de 31 canais da plataforma, entre eles o da ex-BBB Thelminha, que tem como carro-chefe o projeto de entrevistas Triangulando, idealizado e produzido pela Dia.
“Nós trabalhamos de duas formas para a criação de conteúdo: tem formatos que são apresentados pelos youtubers, como a live do Grammy da Foquinha, e outros que são idealizados por nós, como o próprio Triagulando e o Corrida das Blogueiras, que vai para a terceira temporada neste ano”, explica.
Consolidado como uma das maiores plataformas da internet, o YouTube viveu no ano passado, com a pandemia de Covid-19, o boom das lives, que se tornaram alternativa para o setor de shows e entretenimento. Para Rafa Dias, que é pioneiro no mercado de lives no Brasil, o sucesso do modelo gerou um impacto bastante positivo para os criadores de conteúdo e youtubers em geral.
“Quando eu vejo isso que a gente viveu, eu penso que, se não fosse pela necessidade, nós levaríamos 10 ou 20 anos para atingir esse patamar, em que praticamente o Brasil inteiro sabe que é uma live, saber como é assistir um show no YouTube. Artistas gigantes transmitiram seus shows na plataforma, pessoas de diferentes idades aprenderam a consumir conteúdo no YouTube e isso tudo contribui demais para o mercado”, analisa Rafa.
Para os fãs de esporte
Se nos primeiros anos o entretenimento em geral e o setor musical reinavam no YouTube, a NWB surgiu da necessidade de entregar conteúdo para um público que é gigantesco no Brasil e até então estava carente na plataforma: os fãs de esporte. Dona do canal Desimpedidos e Acelerados, a empresa é pioneira no conteúdo esportivo no serviço de vídeos e é parceira de marcas como Adidas, Clear, Gillette, entre outros.
“A gente nasceu em um momento que o YouTube era super novidade e tinha bastante gente criando conteúdo lá, como Felipe Neto, Kéfera e Whindersson Nunes, mas não tinha nenhuma empresa de conteúdo voltado para explorar essa capacidade de atingir uma audiência direta sem ter um contrato com televisão, por exemplo”, lembra Rafael Grostein, co-fundador e CEO da NWB.
Carro-chefe da empresa, o Desimpedidos nasceu em conjunto com a empresa, em 2013. Focado em conteúdo para os fãs de futebol de várias idades, o canal soma mais de 8 milhões de inscritos e bateu a marca de 2 bilhões de views com seus vídeos, que reúnem informação, entretenimento e humor em um tom que conversa diretamente com o torcedor.
“O Desimpedidos nasceu um ano antes da Copa do Mundo do Brasil e a gente tinha um interesse muito grande em fazer um projeto firme até a copa. Nessa jornada muita coisa aconteceu e eu sempre falo que quando o canal surgiu, o Facebook praticamente não suportava vídeos e o Instagram era um aplicativo só de fotos (risos)”, conta.
Levando em conta os canais originais (Desimpedidos, Acelerados, Fatality e Falcão 12), a NWB soma mais de 10,8 bilhões de views. Além dos canais criados pela empresa, desde 2018, a produtora também possui um serviço de afiliados, que foi idealizado como uma maneira de ajudar outros youtubers. Hoje, já são mais de 95 canais parceiros.
“Nosso objetivo é poder levar o nosso aprendizado como criadores para outros criadores, é uma forma de ajudá-los a ter mais audiência e mais linhas de monetização, uma vez que, aprendemos a fazer isso com mais estrutura. Então, hoje, atuamos nessas duas frentes: na produção e prestação de serviços”, explica Grostein.
O sucesso da NWB, que completou oito anos em 2021, foi tão grande que no ano passado foi adquirida pelo Grupo SBF, empresa que é dona da Centauro e que recentemente comprou a operação da Nike no Brasil. De acordo com valores informados na época, a negociação girou em torno de R$ 60 milhões.
“A gente se junto a esse ecossistema da SBF, que é uma marca gigante no Brasil, com uma proposta de valor muito similar, de ter profundidade no esporte, ter esse contato com o fã, seja ele quem consome ou quem pratica e a gente acaba entregando uma parte importante nesse processo, que é a parte afetiva”, finaliza.