Vitor diCastro usa série Deboche Astral para rir de signos e preconceitos
Em entrevista ao Metrópoles, o ator revelou curiosidades do canal, casamento e militância nas redes sociais em prol da causa LGBTQ+
atualizado
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A astrologia desperta sentimentos conflitantes nas pessoas, enquanto uns confiam piamente, outros desacreditam. Independentemente da relação com o horóscopo, o fato é que o assunto gera curiosidade mundo afora. Prova disso é o sucesso da série Deboche Astral, criada em 2017 pelo ator Vitor diCastro, de 31 anos, e que ultrapassa a marca de 130 milhões de visualizações, apenas no YouTube.
“Astrologia sempre foi um tema muito interessante para mim. Sempre busquei novas informações, li e assisti bastante conteúdo. Eu esperava que a série fosse fazer sucesso, e, no YouTube os resultados já me agradaram muito. Mas foi no Instagram que ele bombou, três meses depois de ser postado na outra plataforma. Eu fico passado”, conta Vitor diCastro.
Com muito bom humor e um punhado de teatralidade, Vitor expõe as esquisitices, manias, personalidades e as diferentes reações de cada signo às situações mais inusitadas. “Queríamos fazer um ‘tudo que você precisa saber’ e pesquisamos formatos até chegar nesse estilo ‘MTV anos 90’, só que frenético como a internet se acostumou nos últimos tempos”, explica o artista.
Para dar mais credibilidade aos vídeos, Vitor conta com a parceria da astróloga Tyfani Justo, que lhe apoia na construção dos roteiros, frutos, segundo o youtuber, de muita pesquisa. “Temos uma equipe de nove pessoas fixas no Deboche Astral, roteiristas, diretor, produção, câmera, mídias sociais, editores… antes da pandemia estávamos a todo vapor, produzindo muita coisa”, afirma.
Entre os planos adiados devido à Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, estava uma série de ficção em seis episódios, que estrearia em julho. “Fizemos uma vaquinha on-line com os nossos fãs e arrecadamos R$ 70 mil para a produção. Mas, como o show não pode parar, assim que a quarentena começou Vitor percebeu que as pessoas precisavam de ainda mais entretenimento e decidiu produzir o Signos na TV. “Brincamos de encontrar os signos de personagens de séries e filmes, e já planejamos os novos formatos”, adianta o ator.
Militância LGBTQ+
Nascido em Catanduva, interior de São Paulo, Vitor diCastro confessa que ter sido criado em uma família tradicional cristã não tornou fácil a sua fase de entendimento como um homem gay. “Meus pais eram muito conservadores e nenhuma conversa foi possível. Somente aos 22 anos é que conversamos sobre o assunto e foi um pequeno caos, contornado com o passar do tempo”, recorda.
Atualmente, casado e com o apoio da família, o ator se tornou uma referência para jovens que ainda passam por dificuldades em casa, devido à sexualidade. “O que as pessoas veem é a ponta do iceberg, né? Sabe aquela história de ‘vê as pingas que eu bebo, mas não os tombos que eu levo?’, então. Eu e Vinicius somos muito privilegiados por termos famílias que nos apoiam hoje, mas foi uma construção de anos. Conseguimos isso com muita luta, peitando quem fosse necessário e nos mantendo firmes no propósito simples de sermos respeitados por quem somos”, salienta.
A experiência como editor de vídeos na página Quebrando o Tabu, onde trabalhou até 2019, ajudou a desenvolver uma comunicação criativa com o seus seguidores. “Estando em contato com as discussões que envolvem os direitos humanos o tempo todo, percebi qual era o meu lugar dentro dessa luta, e que eu poderia dar a cara e usar minha voz para tentar melhorar a vida de LGBT, para que não passassem por coisas que eu passei, ou para que tivessem a consciência do seu lugar como eu tenho hoje”, considera Vitor.
No mês da consciência LGBT, Vitor diCastro consolidou sua voz dentro da militância e conseguiu atrair para o debate pessoas até então desconectadas do assunto. “Fiquei muito grato quando mesmo o público que acompanha meu trabalho graças ao gosto pela astrologia, se mostrou sensibilizado e empático ao tema. Hoje consigo jogar nos dois times, do entretenimento e do ativismo, mesclando eles muitas vezes e mostrando, assim como outros criadores, que é possível fazer humor sem ofender e levando à consciência”, conclui.