Vila Isabel, Imperatriz e Beija-Flor se destacam em 2º dia de desfiles
No último dia de desfiles do Rio de Janeiro, Vila Isabel, Imperatriz, Beija-Flor, Portela, Paraíso do Tuiuti e Viradouro foram à Avenida
atualizado
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O segundo dia dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro reservou grandes emoções aos amantes do Carnaval e acirrou a briga pelo título carioca em 2023. Nesta terça-feira (21/2), Vila Isabel, Imperatriz, Beija-Flor, Portela, Paraíso do Tuiuti e Viradouro foram à Avenida e encantaram.
Os destaques ficaram por conta da Vila Isabel, que trouxe um enredo sobre religiosidade, virou exemplo para o BBB23 e encantou ao incluir São Jorge e Rei Momo; da Imperatriz, com a história de Lampião; e da Beija-Flor, que contou com Neguinho ao lado de Ludmilla. A agremiação de Nilópolis, entretanto, sofreu com um incêndio ainda no aquecimento.
Vale lembrar que a apuração dos desfiles dos Grupo Especial do Rio de Janeiro acontece na próxima quarta-feira (22/2), às 15h. Já no próximo sábado (25/2), as seis melhores agremiações voltam ao Sambódromo para o Desfile das Campeãs. A primeira escola de samba deve entrar no circuito às 22h.
Paraíso do Tuiuti
A Paraíso da Tuiuti abriu o segundo dia de desfiles e fez bonito. Exaltando a cultura do Pará, o samba-enredo “Morangueiro da Cara Preta” conta a história de como o búfalo foi parar na Ilha de Marajó. A agremiação aproveitou para criar mais de 30 esculturas de animais amazônicos, indianos ou até mitológicos.
Apesar de trazer um importante enredo ao Carnaval, a agremiação passou por alguns problemas durante a passagem pelo Sambódromo. Logo que parou de dançar, Raphael Rodrigues, o mestre-sala, sofreu com uma queda de pressão e passou mal. Entretanto, Dandara Ventapane tranquilizou os fãs da agremiação e explicou à Globo que ele foi medicado logo depois do desfile.
Um dos carros da Paraíso da Tuiuti também teve problemas na dispersão. Ao sair do circuito, o veículo bateu em uma parede da Avenida e ainda estragou um hidrante que ficava estrategicamente posicionado para conter problemas. Após algum tempo, os bombeiros conseguiram resolver a situação.
Portela
Com um desfile especial em celebração aos seus 100 anos, a Portela entrou no Sambódromo com o enredo “O Azul que Vem do Infinito”. Nos carros alegóricos, a escola de samba convocou diversos famosos que fizeram história na agremiação, como Luiza Brunet, Sheron Menezzes, Adriane Galisteu, Marisa Monte, Paulinho da Viola, Diogo Nogueira, Zeca Pagodinho e mais.
Além da festa na Avenida, 80 drones coloriram o céu do Rio de Janeiro. As luzes formaram algumas palavras, como “Portela” e “100 anos”, além de símbolos, como a águia que é mascote da agremiação, e muito mais. Os vídeos chamaram a atenção das redes sociais, e os internautas rasgaram elogios à escola de samba.
“O céu da Portela nunca foi tão lindo. Amigos, estamos completamente arrepiados e emocionados por aqui”, exaltou um usuário. “Os drones formaram a águia e o nome da Portela. Meu Deus, pode entregar o prêmio”, disse outro. “A Portela começou o desfile com balé de drones no céu formando a águia! É a Majestade do samba”, disse mais um.
Unidos da Vila Isabel
A terceira escola de samba apresentou o tema de religiosidade, utilizado como exemplo para o BBB23. Com o enredo “Nessa Festa, eu Levo Fé”, a agremiação fez uma viagem pelo mundo e trouxe festas e culturas de vários países, como Egito, China e até Mesopotâmia.
Desfilando pela agremiação, Sabrina Sato foi muito elogiada pela sua fantasia e também pelo samba no pé. “A fantasia da Sabrina Sato pela Vila Isabel!!! Meu Deus, ela entregou tudo e mais um pouco“, escreveram. “Sabrina Sato é a maior brasileira de todos os tempos”, avaliou um internauta.
Com o enredo sobre religiosidade, intitulado como “Nessa Festa, eu Levo Fé”, a Vila Isabel foi muito comentada nas redes sociais. O principal motivo foi um São Jorge gigante, que estava sobre um cavalo e enfrentava um dragão. O ser mitológico soltava fumaça, que representava o fogo.
A web se rendeu ao enredo e ao carro alegórico e não se acanhou ao destacar o desfile. “Espetacular o São Jorge Espelhado da Vila Isabel. O dragão também, todo espelhado”, disse um perfil. “É, gente. A Vila Isabel vai brigar pelo título este ano. Olha o nível disso! Povo de Noel arrasando”, comentaram.
Outro ponto foi o Rei Momo andando em um calhambeque. Quando o carro foi para a Avenida, as pessoas que estavam no Sambódromo abriram espaço, e o automóvel ficou em destaque.
Exemplo para o BBB23
O desfile da escola de samba da Vila Isabel foi transmitido ao vivo para o BBB23. Isso porque Fred Nicácio foi alvo de intolerância religiosa no reality show da Globo. Key Alves, Gustavo e Cristian afirmaram que estão com medo de Fred Nicácio após verem o médico, que segue uma religião de matriz africana, em um momento íntimo de fé. A web apontou racismo religioso.
Imperatriz Leopoldinense
Quarta escola a entrar na Avenida, a Imperatriz Leopoldinense trouxe um samba-enredo voltado à história do Lampião e intitulado: “O Aperreio do Cabra que o Excomungado Tratou com Má-Querença e o Santíssimo não deu Guarida”. Além da bateria impressionante, sobressaiu o fato de que a filha do cangaceiro, Expedita Ferreira, esteve na Avenida, mais precisamente no quinto carro alegórico.
“A Imperatriz está na Avenida e o convite é para que vocês venham conhecer a história do Lampião. Um convite para mergulhar em uma história delirante, que usa o cordel como pretexto para levar essa incrível figura da cultura popular ao inferno, ao céu, e apresentar um desfecho final onde ele se perpetua no imaginário nordestino brasileiro”, destacou o carnavalesco Leandro Vieira.
Os usuários do Twitter exaltaram a execução do samba-enredo, a alegoria e as fantasias. Vale destacar que a filha de Lampião e Maria Bonita, Expedita Ferreira, de 90 anos, também compareceu à festa. Após desfilar pela Mancha Verde, em São Paulo, a idosa foi para o Rio de Janeiro e fez bonito mais uma vez. Outros familiares do cangaceiro, como a prima e o neto, também estavam na Sapucaí.
Beija-Flor
A Beija-Flor foi a penúltima agremiação a entrar na Avenida e contou com o intérprete Neguinho da Beija-Flor, em seu 47º Carnaval, além da cantora Ludmilla, que se destacou com o microfone na mão. Com o samba-enredo “Brava Gente, o Grito dos Excluídos no Bicentenário da Independência”, a agremiação trouxe à Avenida um protesto pela liberdade.
“A Beija-Flor neste ano contesta a Independência oficial, combatendo uma história excludente. Enaltecer as lutas coletivas é também trazer à tona o nosso protagonismo em nossas próprias conquistas. Trazemos mais um grande Carnaval, que tem como mensagem a manutenção da esperança do povo brasileiro”, explica o carnavalesco André Rodrigues.
Com o foco no poder popular, igualdade, luta pela vida, liberdade de expressão e cultura, a Beija-Flor encantou a web. “O carro da Beija-Flor expondo o autoritarismo da República brasileira no período da ditadura civil militar, por meio da imagem da hidra, em que cada cabeça tem um quepe dos generais e seu corpo é um canhão. Crítica foda”, disse uma usuária.
Susto na Avenida
Antes mesmo de a Beija-Flor entrar na Avenida, o carro abre-alas pegou fogo e assustou a escola de samba. As chamas, que se estendiam pelo veículo, surpreendeu os destaques da agremiação. Edson de Assis, que estava no topo da alegoria, precisou ser içado pelos bombeiros que estavam no local.
Os militares precisaram trabalhar rápido para salvar os integrantes da Beija-Flor. Felizmente, as chamas foram controladas de maneira rápida e ninguém se machucou. Entretanto, houve correria e muito pânico no local onde o abre-alas se preparava para entrar. Após o susto, o carro entrou tranquilamente no desfile e seguiu o seu caminho.
Unidos do Viradouro
Última agremiação a desfilar na Sapucaí neste segundo dia de Carnaval, a Unidos da Viradouro amanheceu o dia na Cidade Maravilhosa. Com samba-enredo sobre Rosa Maria Egipcíaca, a escola contou a história da primeira mulher negra no Brasil a escrever um livro.
A mulher, que viveu, possivelmente, em 1719, foi escravizada, doava o dinheiro que ganhava com prostituição e, apesar de nunca ter sido canonizada, foi aclamada como santa pelo povo. “A primeira mulher mais documentada na diáspora entre África e Brasil. Iremos contar a saga dessa mulher de muitas faces. Rosa, Rosa menina, Rosa guerreira, santa, feiticeira”, declarou o carnavalesco Tarcísio Zanon.