Victor Diniz: brasiliense fala sobre fotografar garotas de programa
O fotógrafo diz que o serviço é cada vez mais contratado para ser divulgado em redes sociais e sites especializados
atualizado
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O mercado da prostituição, assim como vários outros, virou digital: sites especializados e o próprio Instagram tornaram-se uma vitrine para garotos e garotas de programa angariarem clientes. Essa transição abriu espaço aos fotógrafos profissionais, contratados para produzirem ensaios que serão utilizados nesses novos espaços de divulgação. O jornalista brasiliense Victor Diniz, 23, há cerca de dois anos, trabalha com esse público e, em conversa com o Metrópoles, relata os bastidores da atividade, ainda vista com algum preconceito pela sociedade brasileira.
Victor fotografa nu artístico há quatro anos. E, durante um desses ensaios, fez fotos para uma empresa que vende lingerie. A dona da marca mostrou as imagens a uma cliente, uma garota de programa. Ela se interessou e contratou o profissional.
“É um nicho com muito potencial e ainda pouco explorado, que ninguém fala sobre, até por conta de todo o tabu em cima do sexo. Depois dessa primeira cliente, começaram a aparecer mais acompanhantes, tanto homens quanto mulheres, através da indicação”, avalia.
Profissionalismo
Victor cobra a partir de R$ 400 a sessão, mas ele afirma que o preço varia de acordo com número de fotos. O fotógrafo aponta que existe visões distorcidas sobre o seu emprego. “Frequentemente me perguntam sobre eu ficar excitado durante a sessão, ou se eles pagam com sexo. É um trabalho que exige até mais seriedade e integridade do que outros, lidar com alguém nu é algo muito sensível, porque é no corpo onde moram as maiores inseguranças de alguém”, opina.
Do ponto de vista profissional, o fotógrafo explica que fotografar garotos e garotas de programa envolve um outro olhar. “As fotos têm que mostrar um corpo perfeito, músculos esculturais e curvas muito bem definidas”, diz.
A pressão pelo “corpo perfeito”, segundo Victor, aumenta a insegurança dos garotos e garotas de programa na hora de posar para as fotos. “Antes de lidar com profissionais do sexo, estou trabalhando com pessoas, e constantemente estamos em busca da aprovação do outro. A diferença é que se nós não temos essa aprovação, recorremos a um ombro amigo, e no caso deles, se ela não existe, também não há salário”, argumenta.
O rapaz revela que o contato, geralmente, é feito pelos próprios interessados. “A maior barreira está em divulgar esses ensaios com toda a repressão em cima das redes sociais. Já até perdi minha conta no Instagram. Por todas essas minúcias ainda não encontrei a melhor forma de chegar até eles, sou sempre procurado pelos clientes”.
A prostituição é reconhecida como profissão pelo Ministério do Trabalho desde 2002. A atividade, desde que exercida por maiores de 18 anos, não é considerada crime. Porém, tirar vantagem do trabalho de garotos e garotas de programa é a prática de rufianismo, com pena de um a quatro anos de reclusão.