TV e cinema pós-pandemia: sem sexo, beijos e com estreias acumuladas
Sofrendo com a crise na indústria cultural, o mercado do audiovisual passará por drásticas mudanças após o coronavírus
atualizado
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Nada mais será como antes no mundo do entretenimento após a pandemia do coronavírus. Grandes estúdios e emissoras de televisão já estudam processos de gravações que atendam às novas regras de higiene para evitar a disseminação da Covid-19. Enquanto isso, continuações de novelas e temporadas de séries se acumulam, sem previsão de estreia.
Uma coisa já é certa, cenas de romances tórridos com sexo e beijos ardentes devem sumir das telinhas e telonas por muito tempo. Assim como filmagens com equipes reduzidas e em espaços controlados serão as novas normas nos sets de gravações.
De acordo com a revista Variety, produtores de Hollywood criaram um documento com sugestões de procedimentos para retomar às gravações. Entre as recomendações estão a presença constante de um especialista em Covid-19 nos sets e limites rígidos para a quantidade de horas de trabalho de toda a equipe.
“Acredito que o número de externas deva diminuir e as grandes produções também vão passar a apostar ainda mais no uso de tecnologias e efeitos digitais”, afirma Tânia Montoro, professora da Universidade de Brasília (UnB) e pós-doutora em Cinema e Televisão.
Estreias encalhadas
Sem definição, porém, cinéfilos de todo o mundo terão de esperar para assistir produções inéditas. Uma das séries de sucesso da Netflix, a terceira temporada de Sex Education foi adiada. Afinal, a obra teen é repleta de casais apaixonados. A TV Globo também se readaptará aos novos tempos. Tramas como Amor de Mãe voltarão com pouco contato físico entre os personagens.
“Estamos numa guerra biológica muito triste. Tudo será diferente em nossas vidas enquanto não houver uma vacina”
Tânia Montoro
Para a especialista, porém, as limitações não significam, necessariamente, uma desculpa para a queda na qualidade dos produtos. “É possível, sim, a execução de obras relevantes, basta lembrarmos de Felini, que filmou no pós-guerra, com o país arrasado”, considera Tânia Montoro referindo-se ao renomado diretor de cinema italiano.
Para a TV por assinatura e em canais do YouTube a situação é a mesma. Tanto o Greg News, humorístico comandado por Gregorio Duvivier e exibido pela HBO Brasil, quanto o Porta dos Fundos, seguem disponibilizando conteúdos inéditos, mas reformulados. Duvivier está gravando de casa, com a ajuda da irmã, que é fotógrafa.
Já o Porta dos Fundos segue publicando esquetes de humor em sua página no YouTube. Cada ator grava sua parte da cena individualmente, às vezes pela webcam do computador, e depois o material é editado. Entre os assuntos mais usados para as piadas, estão as dificuldades da quarentena.
“O isolamento mostra a todos a importância da arte e da cultura. É um mercado essencial ainda mais nesse período. Só não podemos perder a esperança”, conclui a professora.