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Terry Jones, do Monty Python, morre aos 77 anos

Comediante sofria de demência. A bordo da trupe de humor, participou de clássicos como Em Busca do Cálice Sagrado e A Vida de Brian

atualizado

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Dave J Hogan/Getty Images
terry jones Monty Python Press Conference
1 de 1 terry jones Monty Python Press Conference - Foto: Dave J Hogan/Getty Images

Terry Jones, um dos integrantes do grupo de comédia britânico Monty Python, morreu aos 77 anos, anunciou a agência PA Media nesta quarta-feira (22/01/2020). Nascido no País de Gales, Jones também foi diretor de cinema e historiador. Ele sofria de uma rara forma de demência.

De acordo com o agente de Jones, a família disse que o ator morreu “após uma longa, extrema mas sempre bem humorada batalha” Jones participou de séries e filmes com a trupe Phyton incluindo Monty Phyton em Busca do Cálice Sagrado e A Vida de Brian. Em 2016 ele foi diagnosticado com demência frontotemporal, um distúrbio neurológico responsável por 10% dos casos de demência.

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Jones em Em Busca do Cálice Sagrado
Jones em A Vida de Brian
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Terry Jones (ao centro) em Monty Python Em Busca do Cálice Sagrado: ator também dirigiu os três filmes clássicos da trupe de comédia

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Jones em Em Busca do Cálice Sagrado

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Jones em A Vida de Brian

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Ao lado de Eric Idle, John Cleese, Michael Palin, Graham Chapman and Terry Gilliam, Jones formou o Monty Python, cujo humor anárquico revolucionou a comédia britânica. O grupo era formado por seis ingleses (na verdade, um era gaulês, justamente Jones, e outro é um americano infiltrado, Gilliam) que renovaram o humor da TV britânica (e, por extensão, mundial) em 5 de outubro de 1969, quando foi ao ar o primeiro dos 45 episódios da série cômica Monty Python’s Flying Circus, programa de meia hora de duração com animações e piadas escrachadas que não perdoavam da política à filosofia, do marxismo ao esporte, do chá das 5 à morte.

“Monty Python surge no momento mais louco do século 20, na cidade mais louca do mundo (Londres). Para revolucionar a loucura vigente, os Pythons tinham um ingrediente surpresa: a lucidez”, escreve o humorista Gregório Duvivier no prólogo de Monty Python – Uma Autobiografia Escrita por Monty Python, lançada no Brasil pela Realejo Livros.

Trata-se de um livro originalmente editado em 2003 e organizado por Bob McCabe, que costurou depoimentos de Eric Idle, Graham Chapman, John Cleese, Michael Palin, Terry Jones e Terry Gilliam (o americano ilustrador) para contar a origem de cada um até que os rumos se cruzassem, especialmente quando eram universitários, dividindo-se entre Oxford e Cambridge.

Foi no ambiente das universidades que esses estudantes de História, Medicina e Direito exercitaram seu talento para o humor, criando esquetes apresentadas em peças universitárias que, de tão engraçados, convenceram cada um a buscar a carreira de comediante.

Nessa época, anos 1960, o melhor caminho era o rádio, mas a BBC, emissora pública que também tem canais de TV, pretendia renovar sua faixa humorística. Interessavam quadros como o BBC A.C , criado por Cleese no qual Idle apresentava a previsão do tempo: “Uma peste deve surgir sobre as terras do Egito, seguida de enchentes, sapos e a morte de todos os primogênitos. Sinto muito, Egito”.

Um primeiro caminho foi o programa de David Frost, que abria as portas para comediantes talentosos e que permitiu que todos se exercitassem. A partir daí, os futuros Pythons foram se unindo até que Jones, Palin e Idle, que escreviam o programa Não Sintonize Sua TV, foram chamados por Cleese, que fazia ao lado de Chapman Finalmente o Show de 1948, para criar um novo produto, o Flying Circus.

Se o talento era um detalhe comum do sexteto, as diferentes personalidades ajudavam a enriquecer o material. Afinal, enquanto Cleese era metódico, capaz de discutir horas sobre a colocação de uma vírgula, Chapman (que morreu em 1989) era o mais instável, mas, por isso mesmo, o mais sensível. Idle sempre foi fascinado por personagens de falas complicadas e Jones não escondia sua preferência pelo elemento surreal fantasioso. Já Gilliam revolucionou o grupo com seus cartoons anárquicos e inventivos, enquanto Palin era o “comediante dos comediantes”.

O Monty Python logo inaugurou um modelo de humor, que inspirou tanto programas como Saturday Night Live nos EUA como o Casseta & Planeta Urgente!, no Brasil. Quadros como a Dança dos Tapas com os Peixes ou a Lumberjack Song, canção em que um barbeiro homicida sonha em ser um lenhador, tornaram-se referências obrigatórias.

Os Pythons passaram a ser venerados, até mesmo pelos Beatles que, segundo conta Palin, tinham as sessões de música interrompidas a pedido de Paul McCartney no momento em que o programa era transmitido para que todos pudessem ver. “Que surreal, os Beatles interessados em nós!”, comentou.

Da TV, o grupo foi para o cinema, realizando poucos mas originais filmes – ao menos um deles se tornou um clássico, Em Busca do Cálice Sagrado. Aos poucos, o sucesso retumbante começou a incomodar alguns integrantes, que ironicamente viam nisso uma traição à sua essência. “A partir do momento em que o Python é percebido como uma lenda a ser celebrada, o humor que formou o Python voa pela janela, porque viramos vítimas dos nossos próprios ataques”, observa Palin, no livro.

De fato, o grupo se desfez em 1983, logo após o filme O Sentido da Vida. Cada um seguiu uma trajetória, mas todos com um DNA comum. Novamente Palin explicou: “o Python explorou todos os territórios possíveis, atirou em todas as direções, foi produto de seis roteiristas e atores, e da sensação de liberdade Um episódio qualquer ou um filme tem de tudo. O Python sobreviveu porque é ligeiro, desloca-se rápido entre as ideias”.

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