1 de 1 Fábio Porchat entrevistou Jô Soares em abril de 2018
- Foto: Record TV/Edu Moraes
Fábio Porchat deve sua carreira artística a Jô Soares. Foi no palco do Programa do Jô, em 2002, que o então universitário encenou uma esquete de Os Normais e decidiu seguir na comédia. O apresentador, que morreu nesta sexta-feira (5), aos 84 anos, trocou de lugar com o “pupilo” e foi entrevistado em uma edição histórica do Programa do Porchat, da Record, em abril de 2018.
Exibida praticamente na íntegra, em duas noites, Jô Soares relembrou os tempos áureos da Record, nos anos 60, quando estrelou Família Trapo ao lado de Ronald Golias e outros artistas. Também falou sobre a perseguição da ditadura militar, a saída da Globo e a eterna gratidão a Silvio Santos, que realizou seu sonho de ter um programa de entrevistas. O dono do SBT, entretanto, nunca aceitou ser entrevistado por ele.
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José Eugênio Soares, mais conhecido como Jô Soares, nascido em 1938, foi um apresentador, humorista, ator, músico, escritor, dramaturgo e diretor brasileiro. Considerado um dos maiores nomes da TV brasileira, Jô morreu em 5 de agosto, aos 84 anos, após ser internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, para tratar de uma pneumonia
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Natural do Rio de Janeiro, Jô Soares era filho único do empresário Orlando Heitor Soares e de Mercedes Leal Soares. Aos 12 anos, mudou-se com a família para a Europa, onde pensou em seguir a carreira diplomática, inclusive, se tornou poliglota. Entretanto, com o tempo, o talento e o amor pela arte falou mais alto
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Em 1956, de volta ao Brasil, Jô estreou na TV participando do elenco do programa a Praça da Alegria, transmitido pela Record, onde ficou por 10 anos. Mais tarde, conquistou ainda mais notoriedade ao contracenar ao lado de grandes nomes artísticos no Grande Teatro Tupi, programa exibido na extinta TV Tupi
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Em 1960, foi contratado pela Record, onde integrou o elenco do programa humorístico A Família Trapo. Inicialmente, Jô apenas escrevia o roteiro – seu parceiro era Carlos Alberto Nóbrega. Depois, ganhou um papel: o mordomo Gordon
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Em 1970, estrelou o programa Faça Humor, Não Faça a Guerra, na TV Globo. Três anos depois, participou de Planeta dos Homens, onde permaneceu até 1981, quando começou a se dedicar ao próprio programa: Viva o Gordo
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No programa idealizado para ele, Jô mostrou o talento nato dando vida a uma série de personagens como Capitão Gay, Reizinho e Zé da Galera. Apesar do sucesso, em 1987, o apresentador assinou com o SBT para seguir um sonho: apresentar um programa de entrevistas
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Denominado Jô Soares Onze e Meia, o programa foi transmitido entre 1988 a 1999. Na ocasião, Soares realizou centenas de entrevistas com grandes personalidades nacionais e internacionais. Em 2000, retornou à Globo e passou a comandar o Programa do Jô, que se tornou um verdadeiro sucesso
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Concomitantemente à carreira na TV, Jô também lançou livros e escreveu para jornais, como O Globo e Folha de S.Paulo, e para revistas, como a Manchete, por exemplo. Entre 1989 e 1996, assinou uma coluna na Veja
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E não para por aí. O vasto currículo ainda carrega direções e atuações em peças de teatro onde Jô produzia monólogos marcados pelo tom cômico e crítico, com sátiras da vida cotidiana e política do Brasil
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Na madrugada de 5 de agosto de 2022, o Brasil recebeu a notícia da morte do humorista. Ele estava internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, desde 28 de julho, para tratar de uma pneumonia. A causa da morte não foi informada
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A notícia foi dada pela ex-mulher de Jô, Flávia Pedras, nas redes sociais. “Faleceu há alguns minutos o ator, humorista, diretor e escritor Jô Soares, aos 84 anos. Nos deixou no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, cercado de amor e cuidados”, escreveu Flávia
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Nas redes sociais, diversos colegas da TV, familiares, amigos e fãs se solidarizaram com a morte do artista. Ana Maria Braga, Adriane Galisteu, a atriz Bárbara Paz e a cantora Zélia Duncan, por exemplo, lamentaram o ocorrido e prestaram homenagens nas redes sociais
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Durante a vida, Jô se relacionou com diversas mulheres e se casou três vezes. Do primeiro matrimônio, com a atriz Therezinha Millet Austregésilo, teve o filho Rafael Soares, que era autista e morreu em outubro de 2014
“Convidei [Silvio Santos] várias vezes e ele respondeu: ‘não dá’. E é cínico. Falei: ‘Silvio, estou parando e seria tão lindo que você me desse a última entrevista’. E ele contou a história da cigana que encontrou na Disney e falou que se ele desse entrevista morreria no dia seguinte. Se tivesse dado entrevista para mim, teria que fazer com todos que recusou. Mas sou eternamente grato”, disse Jô, conformado a Porchat.
Fora do ar desde dezembro de 2016, quando o último Programa do Jô, o apresentador e comediante admitiu que não tinha saudade da televisão.
“Se eu sentisse falta, teria continuado. Cumpri minha meta. Adorava o meu trabalho, adoro conversar e é um prazer estar aqui com você porque é uma pessoa da qual eu gosto e em quem confio. Não posso sentir falta depois de 29 anos e 15 mil entrevistas”, afirmou Jô para, minutos depois, abrir um parêntese. “A única coisa da qual sinto falta é do [quadro] ‘Meninas do Jô'”.
O quadro com jornalistas abordava os assuntos políticos com um toque de humor. Entre centenas de entrevistas com personalidades da política, uma gerou até ameaças de morte. Em 2015, Jô Soares foi até Brasília e entrevistou a então presidente da República, Dilma Rousseff (PT) e teve o muro do seu prédio pichado.
“Escreveram na minha casa: ‘Morra, Jô Soares!’. Mas eu resolvi não concordar”, brincou ele, arrancando gargalhadas da plateia. “Sempre vou entrevistar presidente. É que [com a Dilma] eu não debati. Fiz a pergunta que todos fariam e não debati. Ficaram loucos da vida, mas não é minha função. Se eu debato, tomo partido”, avaliou.
Relembre a entrevista de Jô Soares e Fábio Porchat: