Tosco e divertido, “Vai que Cola” perde graça com troca de personagens
Até agora, nenhum dos atores integrados ao elenco na quarta temporada colaborou para que o programa voltasse à tela mais interessante do que era
atualizado
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O humorístico “Vai que Cola”, do canal por assinatura Multishow, conseguiu ser, por três temporadas, tão tosco quanto divertido. Tinha umas cenas mais engraçadas que outras, alguns episódios hilários, outros completamente sem graça, mas nunca deixou de ser uma boa opção para desopilar no fim da noite. Tanto que conseguiu ser o programa de maior audiência da TV paga nos últimos 10 anos e rendeu um filme, que levou 3 milhões de pessoas aos cinemas.
No entanto, a quarta temporada — que estreou na segunda-feira (17/10) — trouxe mudanças no elenco que alteraram completamente o DNA do humorístico. Saíram Fernando Caruso (Seu Wilson), Emiliano D’Ávila (Maicól) e Marcelo Médici (Sanderson), entraram Aline Riscado, Letícia Lima, Marco Luque (com Paulo Gustavo na foto no alto), Oscar Magrini e Rafael Infante.
Dois não são humoristas: Aline é ex-dançarina do “Domingão do Faustão” e entra na história como a gostosona de plantão e Oscar Magrini é conhecido pelo trabalho em novelas. Os outros três têm currículo na comédia: Letícia e Rafael passaram pelo “Porta dos Fundos” e Marco Luque, pela bancada do “CQC”.
Até agora, porém, nenhum deles colaborou para que “Vai que Cola” voltasse à tela mais interessante do que era até então. Pior é que os novos roteiros insistem em colocar os novatos a maior parte do tempo em cena — talvez para forçar o público a se acostumar a eles.
Mas aí você assiste rezando para que os velhos moradores da pensão de Dona Jô (Catarina Abdala) apareçam pelo amor de Deus e ponham algum sal naquelas situações insossas. Pode até ser que a nova temporada cresça no decorrer de mais episódios, mas por enquanto está tentando pegar no tranco.
Os novos personagens não têm força para enfrentar o carisma do Ferdinando (Marcus Majella) ou o histrionismo de Terezinha (Cacau Protásio). Ao mesmo tempo, esses não podem segurar o programa, sob risco de se desgastarem.
O Multishow teve uma grande sacada quando resolveu se apropriar de formatos de programas populares da TV aberta e levá-los para a TV por assinatura numa releitura, digamos — é aquela coisa: quando se é brega intencionalmente, deixa de ser breguice e passa a ser conceito.
Foi assim com os programas de auditório apelativos, reproduzidos no aloprado “Tudo pela Audiência”, com Fábio Porchat e Tata Werneck; foi assim com os humorísticos em “Vai que Cola”. Tomara, então, que cuidem para que a fórmula continue funcionando.