The Midnight Gospel: por que vale a pena ver a série “doidona” da Netflix
A animação para adultos The Midnight Gospel discute temas densos unidos a um visual completamente psicodélico
atualizado
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Depois de Rick and Morty virar o principal desenho adulto, muitas pessoas se perguntavam qual seria o próximo produto a surfar neste hype. Logo que foi anunciado, The Midnight Gospel recebeu a alcunha de “novo Rick and Morty”. Nada mais injusto: as duas animações são excelentes e, cada uma à sua maneira, entrega um produto original, com uma linguagem própria.
Talvez o caos seja a única semelhança entre as duas produções. Mas o que se gera dele [novamente, o caos] é completamente diferente. Se Rick and Morty extrapolam os limites da ciência, The Midnight Gospel é quase que um podcast sobre meditação, autoconhecimento e reflexões sobre a morte.
Mas, aí surge o mais interessante, falar sobre a morte não necessariamente é algo soturno e depressivo. Ao contrário, refletir sobre essa sensação finitude é, no fundo, algo que pode acalmar a mente, evitar ansiedades e trazer autoconhecimento. Se fosse para definir rapidamente, é possível dizer que The Midnight Gospel é uma animação sobre a filosofia budista e mindfullness.
A trama segue Clancy, um vlogger espacial que usa um simulador de universos com defeito. Em cada planeta, o jovem entrevista pessoas sobre variados temas, ansiedade, legalização das drogas, meditação e por aí vai. E assim seguem os oito capítulos da trama: em comum, sempre ele e os entrevistados estão numa situação completamente caótica que caminha para o inevitável… isso mesmo, a morte.
Inclusive a morte é uma das entrevistadas, no capítulo 7 deste grande podcast animado chamado The Midnight Gospel. Sua aparição se faz natural, afinal, trata-se da única certeza dos vivos, certo?
Nova linguagem
Mas não é só a temática que torna The Midnight Gospel viciante: o seriado criado por Pendleton Ward, o nome por trás de Hora da Aventura, traz uma abordagem narrativa desafiadora e inovadora. Os episódios, na verdade, são grande podcasts – a mídia mais hypada do momento – ilustrados por um desenho completamente anárquico e surrealista.
É desafiador porque fica difícil dosar em qual informação é preciso se concentrar. Na quantidade abusiva de efeitos visuais ou no denso papo sobre, por exemplo, autoconhecimento? Porém, com o evoluir do enredo, a lógica passar a ficar mais palatável e Clancy surge, ele mesmo, como um resumo de todas as discussões.
Afinal, como retratar um debate sobre a legalização das drogas senão em uma guerra contra zumbis que só repetem e querem destruir qualquer pensamento adverso. Ou, por exemplo, como discutir meditação sem os pensamentos aleatórios que inundam a cabeça dos iniciantes na prática.
O conjunto de animação é texto torna a psicodélica The Midnight Gospel uma das principais novidades da Netflix neste ano. Vale muito a pena assistir.
Avaliação: Ótimo