“Tenho pesadelos com a Globo toda semana”, desabafa Veruska Donato
Veruska venceu ação contra a Globo na Justiça do Trabalho por ter sido submetida, de forma forçada, a um “padrão de beleza” que a adoeceu
atualizado
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A jornalista Veruska Donato, 51, desabafou sobre os motivos que a levaram a desenvolver síndrome de burnout durante o período em que trabalhou na TV Globo. O termo é usado para designar um distúrbio emocional resultante do estresse crônico no local de trabalho.
“Era uma tristeza, uma tristeza. Eu falava: ‘O que está acontecendo? Eu gosto de ser jornalista, eu gosto de ser repórter. O que está acontecendo comigo?”, contou Veruska ao UOL, ao lembrar da ocasião em que se dirigia para uma pauta quando travou, sem saber para onde ir.
Recentemente, três anos após deixar a emissora em 2021, Veruska venceu uma ação contra a emissora na Justiça do Trabalho por ter sido submetida, de forma forçada, a um “padrão de beleza” que a deixou emocionalmente adoecida.
A vitória é um alívio diante dos sintomas do burnout, que a acompanham até hoje. “Tenho pesadelos com a Globo quase toda semana. Tenho pesadelos horríveis […] Sonho que estou contratada, trabalhando na empresa ainda, e aí, quando chego com o meu material para botar no ar, eles dizem: ‘Não, mas você não trabalha mais aqui’. É tudo muito confuso. Fico sem casa, começo a passar fome, não arrumo mais emprego em lugar nenhum, porque é mais ou menos isso que aconteceu”.
Veruska afirma que após a saída da emissora fez com que as ofertas profissionais minguassem. Em uma ocasião, ela negociava com uma afiliada da Globo em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, mas a contratação não foi para frente após o processo contra o canal dos Marinho.
“Eu queria que as pessoas soubessem, eu queria que soubessem por mim que não foi legal. Eu queria que as pessoas soubessem que eu sofri. Eu sofri. Doía você se achar incompetente. Dói, depois de tantos anos, e você beirando os 50, porque quando eu saí de lá eu tinha 49. Eu fiz por dor, porque doeu”.
Em nota, a comunicação da TV Globo informou que não comenta casos sub judice, mas reiterou que a empresa mantém um Código de Ética em linha com as melhores práticas atualmente adotadas, que proíbe terminantemente o assédio e deve ser cumprido por todos os colaboradores, em todas as áreas da empresa.
“Além disso, também oferece treinamentos constantes para manter um ambiente de trabalho saudável e um sistema de compliance eficiente, que apura criteriosamente todos os relatos que chegam à Ouvidoria, punindo comportamentos contrários ao Código de Ética, inclusive com desligamentos. Nosso sistema de compliance também prevê o apoio integral aos relatantes, proibindo qualquer forma de retaliação em razão das denúncias”, diz o texto.