Sobrevivente do desastre de Chernobyl comenta série da HBO
Acidente revisitado na trama matou 31 pessoas e obrigou dezenas de milhares a fugirem
atualizado
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Críticos e telespectadores dos dois lados do Atlântico louvaram Chernobyl, uma dramatização dos acontecimentos ligados ao pior acidente nuclear do mundo —mas as opiniões de alguns dos sobreviventes são menos elogiosas.
Sergii Parashyn, presidente do Comitê do Partido Comunista da Usina de Energia Nuclear de Chernobyl à época, disse que a minissérie da HBO retratou bem a descrença inicial da dimensão do desastre.
“Eu não entendi o que estava acontecendo até de madrugada, até que vi com meus próprios olhos que tudo estava destruído”, disse eles aos jornalistas no bunker de comando que foi usado como centro de crise após a explosão de 26 de abril de 1986.
O quarto reator da usina soviética situada ao norte de Kiev explodiu durante um teste de segurança mal-sucedido, liberando mais radiação na atmosfera da Terra do que qualquer outro acontecimento criado pelo homem em toda a história.
O acidente matou 31 pessoas em semanas e obrigou dezenas de milhares a fugirem. O número final de mortes por doenças relacionadas à radiação, como o câncer, está sujeito a debate e estimado pela Organização Mundial da Saúde em milhares.
A série culpa a excessiva burocracia e sigilo da União Soviética, e Parashyn disse que houve falhas na forma como retrata os trabalhadores da usina, em particular a sua administração.
O vice-engenheiro chefe de Chernobyl, Anatoliy Dyatlov, interpretado pelo ator britânico Paul Ritter como tirânico e arrogante, “não se comportou tão terrivelmente com as pessoas como a série mostra”, disse Parashyn.
“Ele era duro, sim, todos o obedeciam inquestionavelmente… mas ele era justo.”
Parashyn disse ainda que Viktor Bryukhanov, o encarregado pela usina, também foi retratado imprecisamente. “Bryukhanov é um homem comedido, calmo, inteligente, que nunca negou sua responsabilidade”, afirmou.