Domingão do Faustão: Emicida faz longa fala sobre racismo sem interrupções
O rapper participou do Domingão do Faustão e comentou sobre os casos George Floyd e do menino Miguel, que caiu de um prédio em Recife
atualizado
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Emicida participou do Domingão do Faustão neste domingo (14/6). Em conversa on-line com Faustão, o cantor fez um longo discurso sobre a sociedade brasileira e não foi interrompido pelo apresentador. Segundo o rapper, a quarentena deixa a desigualdade social em evidência.
“As mudanças que a gente precisa não estão necessariamente ligadas ao corona. A pandemia não é uma escolinha onde a gente está aprendendo como é importante a gente se entender como humano e ajudar todos os outros. A gente está vivendo um paradoxo triste. Por um lado, a gente enfrenta um vírus que se espalha muito rápido, mas que não tem uma letalidade tão grande, agora, o que é extremamente letal são os abismos sociais que a nossa sociedade produziu e finge que não existe. Todas as pessoas estão sujeitas a se contaminar com o Covid-19, mas nem todas as pessoas podem se tratar após se contaminar”, começou o rapper.
Sobre o caso do ex-segurança George Floyd, asfixiado por um policial branco em Minneapolis (EUA), Emicida comentou que as manifestações são válidas também no Brasil, mas com um contexto diferente.
“Essa tragédia que aconteceu com o George Floyd ela está fazendo o mundo inteiro fazer uma reflexão a respeito de como estruturalmente muitas pessoas, mesmo que não percebam, corroboram com essa estrutura racista”, disse.
Usando ainda a morte do menino Miguel, de 5 anos, que caiu do 9º andar de um prédio em Recife, o rapper questionou como uma pessoa “abandona uma criança de 5 anos dentro de um elevador”.
“Porque ela não consegue reconhecer nem a humanidade daquela criança e nem a necessidade de cuidado. Ela acha que esse cuidado deve ter com pessoas que se pareçam com ela, esse é o grau de profundidade dessa questão. A nossa realidade, embora a discussão dos Estados Unidos seja válida participar, entender e se solidarizar, acho que a gente tem situações tão ou mais desesperadoras no território brasileiro que precisam fazer com que a gente se levante contra isso”, disparou.