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Relembre os melhores e piores momentos da TV em 2019

Destacam-se as ótimas investidas na dramaturgia e no streaming. Já os reality shows, antes queridinhos, desta vez ficaram em baixa

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Trezentos e sessenta e cinco dias, mais de 8 mil horas, vários canais abertos, outros tantos a cabo, streaming, programas, novelas, seriados, jornais… Ver TV dá um trabalho e tanto. Mas convenhamos, também é divertido. O fim do ano nos proporciona um prazer ainda maior: olhar para trás e rever o que deu certo e o que deu errado. Claro que cada um tem sua torcida, não existe certo ou errado. Felizmente chegamos a 2020 com opções para todos os gostos em plataformas mil. Esta é a minha listinha. E a sua?

Os melhores

Reprodução/TV Globo

“A minha novela está viva!”

Com aparas aqui e ali, a safra de novelas 2019 fecha o ano em alta. Por exemplo, a das nove. Já enalteci a produção global em texto anterior, mas ela não poderia ficar de fora deste balanço. Amor de Mãe é uma lufada de criatividade, sensibilidade e técnica. A trama é bem costurada, os atores parecem em sintonia, a direção inova, tem trilha sonora de babar, tudo de bom. Ainda é cedo para cantar vitória, continuaremos acompanhando a narrativa de Manuela Dias por meses a fio. Porém, até 31 de dezembro é difícil escorregar. Fica o registro no pódio.

Outra que se deu bem foi Bom Sucesso. Leve, recheada de delicadeza, aliada a um olhar afiado dos tempos atuais – e ainda falando de literatura, vejam só –, emplacou no horário das sete. Éramos Seis, amada pelo público em outras versões, voltou ao ar como escolha certa. Mudando de canal, a Record deu mais uma chance às tramas contemporâneas com Topíssima e Amor Sem Igual. Quanto mais opções no ar, mais ganha o telespectador.

Reprodução/TV Globo

Isso a Globo Não Mostra

Parecia até uma falha técnica no meio de um episódio do Fantástico. Só que o Isso a Globo Não Mostra fecha 2019 como uma das iniciativas mais criativas do ano. Brincando principalmente com a própria emissora, o quadro é dinâmico e engraçado. Quando mexe com a política, então, é riso certo.

Muitos torcem o nariz para a empreitada nas redes sociais afirmando que ela toma lados na discussão política, principalmente contra o governo. Ora bolas, se as outras emissoras podem ser a favor, com propagandas, entrevistas, editoriais e bandeirolas, por que a Globo não? Democracia é isso aí, sejam bem-vindos. O quadro deve apenas tomar cuidado com os recursos repetitivos. Um viral tipo aquele dos “três reais” nem sempre aparece. E tem que ser muito bom para vingar.

Raphael Dias/Gshow/Divulgação

Streaming

Inicialmente uma extensão da emissora para reprises de um vasto catálogo e abrigo de famosas séries gringas, a Globoplay pouco a pouco transforma-se em mais uma plataforma independente de conteúdo audiovisual. A Vênus Platinada entrou no mercado de streaming apostando alto.

Ano passado tivemos Ilha de Ferro (foto acima) e Assédio. Nos últimos tempos foi a vez de Shippados e Aruanas. Eles também fizeram algumas ações pontuais, caso de antecipar a exibição de capítulos das novelas exibidas na Globo, maneira inteligente de unir TV aberta e streaming. Além deles, a Record TV também está neste mercado, mais timidamente, com o PlayPlus. Quem sabe em breve ele também vire outro celeiro de grandes produções autorais.

Os piores

A Dona do Pedaço

Sucesso de público? Sim. Um ótimo produto de marketing? Claro. Bem na audiência? Demais da conta. Agora, foi uma tortura de assistir? Isso sem dúvidas. Depois de início bem ritmado, A Dona do Pedaço foi só ladeira abaixo.

Os atores parece que tentaram, a direção também. O texto não ajudava. Nem o enredo. Algo chocante, pois Walcyr Carrasco é um dos nomes de maior êxito na teledramaturgia destas últimas décadas. São dele novelas como Xica da Silva, ainda na Manchete, O Cravo e a Rosa e Verdades Secretas. Mas no horário das nove, para mim, não dá mais. Amor à Vida (2013-2014), O Outro Lado do Paraíso (2017-2018) e agora A Dona do Pedaço me tiraram a prova.

TV Globo/Divulgação

Reality shows

Definitivamente este não foi um ano produtivo para a chamada TV de realidade. A começar por um dos produtos mais conhecidos no gênero, o Big Brother Brasil. Após animada edição em 2018, o programa voltou ao ar em janeiro com a promessa de manter aquele entusiasmo. Para isso a escolha de elenco tentou, logo de cara, criar a cizânia necessária na formação das mais diversas tretas, com dois grupos bem distintos. Mas o esperado conflito Villa Mix x Gaiola nunca aconteceu. O que vimos em três longos meses foi um BBB difícil de assistir. Algo parecido aconteceu com o 11ª ano de A Fazenda. Provas incompreensíveis, elenco repetitivo, falta do que fazer na casa… Vários motivos tornaram a edição 2019 intragável. Que saudades da Gretchen!

Outros tipos de reality também não foram longe. Do segmento culinário, as quinze temporadas anuais de MasterChef Brasil me fizeram deixar de assisti-lo, só volto quando eles cozinharem pedra. Se é que já não o fizeram! O Mestres do Sabor, na Globo, foi uma refeição esquecível. A Record insistiu no Power Couple, mas parecia uma A Fazenda piorada. E eu não vou nem falar do tal De Férias com o Ex (até porque não vi mesmo). Parece que só quem se deu bem foi o Jacquin, né? Com sua incursão solo, o Pesadelo na Cozinha, ele acabou virando meme por causa de um freezer desligado à noite. Procura aí na internet. Pode parecer pouco, mas num ano fraco desses está bom demais.

Reprodução / Instagram

Silvio Santos

Dono de um inegável legado na TV brasileira, Silvio Santos não precisava de mais nada para ter seu nome no panteão da telinha. Só que de queridinho das nossas vozinhas, ele passou a vergonha alheia da semana. Domingo sim, domingo não, o comunicador faz ou diz alguma besteira preconceituosa, antiga, desnecessária. Muitos o defendem, não à toa. Silvio Santos pode ser considerado quase parte da família, acompanhou gerações. Mas idade avançada não significa poder dizer qualquer besteira. Ser dono da empresa não dá passe livre para fazer tudo o que lhe vem à cabeça.

Pelo lado empresarial, comandando a segunda maior emissora do país, o SBT, ele também parece que parou no tempo. Não investe no streaming, na dramaturgia (são 500 capítulos de Poliana, pelo amor de Deus), no jornalismo. E ainda quer “causar” das piores maneiras, vide o tal Alarma TV que entrou e saiu da programação só para virar notícia.

Vale a pena ver de novo, mas não vamos exagerar

A TV por assinatura virou um festival de reprises. Claro que deve ser dificílimo, ainda mais em canais de nicho, ter programação inédita 24 horas por dia, sete dias por semana. Mas que tá demais, isso tá. Para piorar, os programas ainda são velhos.

Sobem os créditos e a gente vê: “Produção original, 2015”. Fica difícil. No serviços on demand, tipo o Now, que poderiam ter mais acervo, alguns canais nos deixam reféns de apenas dois ou três episódios que não são renovados nunca. Ó, tá muito caro manter a TV por assinatura, viu? Em época de Amazon, Netflix e afins, é mais prudente as empresas ficarem de olho nos consumidores.

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