Reality drag Nasce Uma Rainha estreia na Netflix com humor e muita emoção

Desde que o reality show comandado por RuPaul virou febre no mundo, a cultura drag queen saiu do nicho LGBT e do movimento underground para virar um fenômeno pop. No Brasil, artista como Gloria Groove, Aretuza Lovi, Pabllo Vittar, Lia Clark, Alexia Twister, Lorelay Fox e tantas outras comandam noites, programas de YouTube e os charts. Agora, essa arte chega à Netflix Brasil, com a estreia de Nasce Uma Rainha, nesta quarta-feira (11/11).

Apresentado pela performer Alexia Twister e a cantora Gloria Groove, o reality show da Netflix tem seis episódios. Em cada capítulo, uma nova drag treina dança, look, maquiagem e postura para renascer como uma rainha. No entanto, o reality é mais do que uma “competição de talentos”, a atração mescla emoção, autoconhecimento, afeto e grandes doses de glitter.

“Nossa arte tem esse viés [de autoconhecimento]. É impossível se tornar uma drag sem passar por esse momento de transformação. É expor e questionar, por meio do feminino – ou do masculino no caso da drag king – esses papéis de gênero”, avalia Alexia Twister, em entrevista ao Metrópoles.

“O que mais me uniu ao programa é essa busca pela melhor versão das nossas afilhadas. Drag está longe de ser só uma transformação estética, é uma forma de conhecer a imagem da sua melhor versão”, completa Gloria Groove.

A dinâmica do programa é simples: um candidato a drag é apadrinhado por Alexia e Gloria. Em seguida, ele passa por aula de maquiagem, monta um look e precisa definir seu estilo de performance. Vai dançar? Cantar? Dublar? Investir no look?

É aí que Alexia Twister entre em ação: a drag, com grande experiência em shows, bota o afilhado para suar (literalmente). A madrinha propõe desafios como aumentar o salto, ensaiar uma coreografia, buscar sua arte.

“Tive três mães drags, cada uma foi bastante exigente dentro da sua área. Eu tive oportunidade de, quando vivia no interior, de dirigir 18 drags, tenho essa experiência e isso foi crucial, lembrei muito desses momentos dentro do programa. Você tem que tentar buscar o melhor de cada performer, mas, às vezes, não se encaixa no que ela deseja. Nessa hora, encontramos travas emocionais e emergimos juntos [os talentos]”, analisa a artista.

A outra madrinha, então, parte para uma tarefa tão difícil. Gloria Groove conversa com um parente ou amigo próximo do afilhado. Geralmente, alguém que não aceita a ideia de embarcar em uma jornada drag.

“Existe toda uma importância na humanização da figura da drag, por isso optei por participar desse momento do programa desmontada. A gente não quis ter a drag na frente. É uma forma muito valiosa de conhecer o participante, tem coisa que vem dessa conversa que a própria pessoa não nos passa. Nas 1ª vezes, era uma nervosismo muito grande, porque é uma responsabilidade muito grande tocar nesses assuntos turbulentos da convivência familiar, como sexualidade e gênero. São gatilhos das nossas próprias lembranças”, garante Gloria Groove.

Diversão

Mesmo que toque em temas sensíveis – e garante boas doses de emoção – Nasce Uma Rainha conserva umas das melhores características do mundo drag: a diversão. E tudo começa pela estética do programa, que investe em muitas cores e piadas.

“Entenderam a nossa personalidade e como elas poderiam ser complementadas”, aponta Aleixa. O clima de diversão, contam as apresentadoras, contaminou a equipe atrás das câmaras. “A gente via um pessoal supersisudo e que, de repente, chegava com um glitterzinho. As meninas estava discretas no começo e, depois, deram um up na make”, completa a atriz.

Gloria Groove também comemora a diversidade no set. “45% dos nosso set era representativo, incluindo pessoas da comunidade trans. Não fiquei com a aquela sensação de ser um bicho de zoológico, de estar sendo oprimido. A equipe de Nasce Uma Rainha me marcou, me deu uma sensação de estar fazendo em família”, conclui.