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Rainha da Sucata e mais: conheça as inspirações de A Dona do Pedaço

Conscientemente, ou não, Walcyr Carrasco usou fórmulas bem-sucedidas de importantes tramas globais para garantir o sucesso de sua obra

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juliana paes a dona do pedaço
1 de 1 juliana paes a dona do pedaço - Foto: João Miguel Junior/Globo

A grande aposta da Rede Globo para superar o fiasco de audiência de O Sétimo Guardião, de Aguinaldo Silva, A Dona do Pedaço vem dando conta do recado. No ar desde o dia 20 de maio, a novela das nove vem mantendo o ibope lá em cima e as tramas criadas por Walcyr Carrasco chegaram às rodas de bate-papo Brasil afora.

Mas será que a trama da mocinha pobre, que enriquece a custo de muito trabalho duro, tem um amor proibido por família rivais, e uma filha traiçoeira é nova no horário nobre? A história da teledramaturgia mostra que não. O Metrópoles reuniu três grandes clássicos da TV para provar que Carrasco está abusando de fórmulas bem-sucedidas de suas antecessoras.

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Assim como a protagonista de A Dona do Pedaço, a Maria do Carmo de Rainha da Sucata enriquece e é considerada cafona para a moda da época
<b>Rainha da Sucata (1990) —</b> escrita por Silvio de Abreu, a oposição entre os novos-ricos e a elite paulista decadente era o tema principal da novela, que mesclava tramas dramáticas e tons de comédia.
Se em A Dona do Pedaço a rivalidade entre as famílias Ramirez e Matheus tem dificultado a vida amorosa de Maria da Paz e Amadeu, em O Rei do Gado, a treta entre os Mezenga e os Berdinazzi também atrapalhou os casais
<b>O Rei do Gado (1996)—</b>De Benedito Ruy Barbosa, a novela acompanhou a rivalidade entre as famílias Mezenga e Berdinazzi por mais de 50 anos. A disputa começa na década de 40 e segue na rivalidade entre Bruno Mezenga e Geremias Berdinazi
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Até lá, ela ainda vai bater muita perna nas ruas de São Paulo vendendo bolo

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Assim como a protagonista de A Dona do Pedaço, a Maria do Carmo de Rainha da Sucata enriquece e é considerada cafona para a moda da época

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Rainha da Sucata (1990) — escrita por Silvio de Abreu, a oposição entre os novos-ricos e a elite paulista decadente era o tema principal da novela, que mesclava tramas dramáticas e tons de comédia.

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Se em A Dona do Pedaço a rivalidade entre as famílias Ramirez e Matheus tem dificultado a vida amorosa de Maria da Paz e Amadeu, em O Rei do Gado, a treta entre os Mezenga e os Berdinazzi também atrapalhou os casais

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O Rei do Gado (1996)—De Benedito Ruy Barbosa, a novela acompanhou a rivalidade entre as famílias Mezenga e Berdinazzi por mais de 50 anos. A disputa começa na década de 40 e segue na rivalidade entre Bruno Mezenga e Geremias Berdinazi

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Vale Tudo, escrita por ele, é apontada como uma das melhores novelas de todos os tempos

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Essa referência usada pelo autor de A Dona do Pedaço está bem na cara. O dramaturgo aproveitou a química de Reynaldo Gianecchini e Agatha Moreira, que viviam dois trambiqueiros ambiciosos em Verdades Secretas (2015) e repetiu. Só mudaram os nomes dos personagens, mas eles continuam dois amantes que fazem tudo por dinheiro

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Os dois serão flagrados juntos

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Filha com vergonha da mãe

Corrupção e falta de ética davam o norte da novela escrita a três mãos por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères: Vale Tudo (1988). O folhetim denunciava a inversão de valores no Brasil do final dos anos 1980 e parou o país na cena em que foi revelado a verdadeira assassina de Odete Roitman (Beatriz Segall).

Na época, os autores centraram a discussão no antagonismo entre mãe e filha: a íntegra Raquel Accioli (Regina Duarte) e o seu oposto, a filha Maria de Fátima (Gloria Pires). Jovem inescrupulosa e com horror à pobreza, a personagem de Pires passa a perna na mãe logo nos primeiros capítulos da novela. Ela vende a única propriedade da família, no Paraná, e foge com o dinheiro para o Rio de Janeiro.

A trama lembra muito a relação entre Maria da Paz e Jô, de A Dona do Pedaço. A jovem vivida por Aghata Moreira, além de morrer de vergonha do jeito simples e extravagante da mãe, faz de tudo para arrancar dinheiro da ricaça.

Mocinha que enriquece

A oposição entre os novos-ricos e a elite paulista decadente já era tema de novela da TV Globo no início da década de 1990. Rainha da Sucata, de Silvio de Abreu, mostrou os preconceitos sofridos por Maria do Carmo (Regina Duarte) — mulher rica, mas que veio de baixo — ao tentar se casar com Edu, um playboy da alta sociedade de São Paulo.

Esse roteiro também lembra muito o de A Dona do Pedaço, já que Maria da Paz, mesmo dona de uma rede de lojas, é recebida com olhares truncados, risadinhas e discriminação por sua origem pobre. E mais, a cena em que Gladys (Nathalia Timberg) destrata a personagem de Juliana Paes ao saber do casamento com Régis (Reynaldo Gianeccihini), é muito semelhante a alguns episódios em que Laurinha (Glória Menezes) faz de tudo para separar a mocinha do galã decadente Edu (Tony Ramos). A diferença é que, na atual, Gladys é mãe de Régis, já Laurinha era madrasta de Edu.

Rivalidade entre famílias

No primeiro capítulo de O Rei do Gado (1996), o público conheceu a história do amor “impossível” de Giovanna Berdinazi (Letícia Spiller) e Henrique Mezenga. As famílias rivais também tentam separar o casal, mandando a moça para um internato. Desse amor, nasceu Bruno Mezenga (Antônio Fagundes), que dará sequência na guerra entre os clãs.

Nenhuma semelhança é mera coincidência na teledramaturgia. Prova disso é o amor proibido de Maria da Paz Ramirez (Juliana Paes) e Amadeu Matheus (Marcos Palmeira). O romance na juventude gerou Jô (Aghata Moreira). O ódio levou a morte de parentes dos dois lados e, mesmo 20 anos depois, ainda promete muitas emoções na história de Walcyr Carrasco.

Dupla de trambiqueiros

Essa referência usada pelo autor de A Dona do Pedaço está bem na cara. O dramaturgo aproveitou a química de Reynaldo Gianecchini e Agatha Moreira, que viviam os trambiqueiros ambiciosos Anthony Mariano e Giovanna, em Verdades Secretas (2015), e repetiu. Só mudaram os nomes dos personagens: agora, Régis e Jô. Mas os atores novamente dão vida a dois amantes que fazem tudo por dinheiro.

Será que vai rolar uma cena com a Maria da Paz flagrando os traidores como aconteceu com a Fanny (Marieta Severo), com direito a tapa na cara e tudo mais? Para a alegria da audiência, é bom que sim.

 

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