Rafael Vitti revela detalhes de seu personagem em Verão 90
Em entrevista ao Metrópoles, o ator fala ainda sobre o relacionamento com Tatá Werneck
atualizado
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Rio de Janeiro (RJ) – Em janeiro, Rafael Vitti vai entrar no ar como João Guerreiro em Verão 90, próxima novela das sete da TV Globo. O ator já mergulhou no universo dos anos 1990 e está usando referências dos pais para interpretar o personagem. Na trama, o rapaz é filho de Janaína (Dira Paes) e irmão de Jerônimo (Jesuíta Barbosa), um dos vilões da história.
Os dois, junto com Manuzita (Isabelle Drummond), formavam o grupo Patotinha Mágica nos anos 1980. Em entrevista ao Metrópoles, o ator falou sobre o trabalho e a vida ao lado de Tatá Werneck, sua namorada.
Como você define Verão 90?
Leve e divertida. Os personagens são múltiplos em relação à forma como vivem. É dirigida pelo Jorge Fernando, que conhece bem essa linguagem de novela das sete. Tem uma coisa mais bem-humorada, para entreter, divertir, fazer a gente esquecer um pouco nossos problemas. Quero aproveitar a oportunidade de estar trabalhando com o Jorginho, a Dira, o Jesuíta e a Claudia Raia.
Como é seu personagem?
Ele se chama João Guerreiro. É irmão do Jerônimo, filho da Janaína e ex-ator mirim. Cantava no Patotinha Mágica, uma referência ao Balão Mágico, dos anos 1980. Só que o grupo acaba rompendo, principalmente porque existia uma rixa entre a mãe do João e a Lidiane (Claudia Raia), de quem a Manuzita é filha.
Como está construindo o João?
Eu estou tentando trazer para ele a energia do jovem da época. Ele é muito alto-astral, divertido, bem-humorado. Gosto de fazer personagens divertidos. Quando a história se inicia, nos anos 1990, o João trabalha na rádio Maremoto FM. É estagiário lá, mas já tem um programinha no qual fala sobre surfe. E como é muito ligado à música, coloca os LPs para tocar.
O que você está aprendendo com o João?
Ele está me ensinando muitas coisas. A ser mais firme, talvez. O João é assim, principalmente quando diz respeito à verdade. Isso vai ser muito importante para a história. Esse apego à honestidade será, em algum contexto, prejudicial.
Ele vai se apaixonar?
Sim, ele tem uma grande paixão de infância pela Manuzita, mesmo alguns anos após o fim do Patotinha Mágica, que acabou de maneira abrupta. Eles perderam o contato, e, como naquela época não havia toda essa tecnologia de internet e celular, se você quisesse saber sobre uma pessoa, tinha de ir atrás. A Manuzita e o João acabam se reencontrando num concurso e volta tudo. O coração vai à boca e é muito legal. Acho que vai ser uma bonita história.
Você nasceu em que ano?
Eu nasci em 1995.
Você não pegou a realidade dos anos 1990. Como é vivenciar aquela época?
É engraçado. Por mais que eu não tenha vivido, meus pais viveram e todas as minhas referências musicais vieram deles. Então, naturalmente, os anos 1990 estão em mim. Vejo como estou distante das pessoas que nasceram depois dos anos 2000.
E em termos de tecnologia?
Eu quase vivo sem tecnologia. Não vou me colocar como uma pessoa que não usa rede social. Eu uso, óbvio. Não tem como fugir. Mas eu gostaria de não ser tão imediato, de ter um certo mistério, de não estar sempre tão acessível. Talvez eu não tenha me adaptado a isso direito ainda. Às vezes, me sinto obrigado a responder uma coisa antes de refletir sobre o tema. As relações têm acabado muito por causa disso. É um imediatismo para resolver as coisas. Isso não é saudável, pois a gente não tem esse tempo natural.
Há alguma situação que tenha te envolvido?
Há uma que passei em Fernando de Noronha com a Tatá. A gente estava passeando de barco e apareceram vários golfinhos. A primeira coisa que eu fiz foi pegar meu telefone para filmar. Então, pensei: “Por que que eu não estou olhando? Por que filmar isso para ver depois? Estou perdendo o momento que está acontecendo!”. E ocorre muito isso. Agora, a gente vê o pôr do sol e não aprecia.
Seu personagem vai fazer um show mesmo estando com febre. Você já trabalhou mesmo passando mal?
Já gravei passando mal, com dor de barriga. Só não trabalho se a situação for inviável mesmo. É uma estrutura grande. Então, faltar um dia implica em muito dinheiro perdido.
Você e a Tatá trabalham muito. Como arranjam tempo para ficarem juntos?
Sempre dá para a gente se encontrar. Trabalhamos na mesma empresa. Às vezes, almoçamos juntos. A gente dorme junto e tem um momento pela manhã. Nós sempre nos falamos. Tenho muito mais tempo do que ela e me atenho a fazer só o que estou fazendo no momento. Não fico buscando outras coisas. Também tem a questão de ela ser muito solicitada.
Quem é mais pé no chão: você ou a Tatá?
Depende. Para as coisas da vida, que exigem um pouco mais de pé no chão, acho que sou eu. Para as questões profissionais, é ela. Nossa relação é muito bem-humorada. A gente acorda rindo.
Tem uma história de que a Tatá queria levar uma cabra da gravação para casa. É verdade?
Na verdade, ela não queria levar a cabra do set, porque nem pode. Ela queria era ter uma e chegou em casa falando: “Rafa, vamos ter uma cabra?”. Eu disse: “Como assim?! A gente já tem 12 gatos e sete cachorros. Cabra?! Sabe o que uma cabra vai fazer?! Vai fazer cocô no seu jardim inteiro e comer a sua grama. Não vai ser legal ter uma cabra. Você não tem nem tempo para cuidar de uma cabra!”. Um dia, ela viu no meu telefone que eu tinha pesquisado “como criar uma cabra”. Estava olhando para ter mais argumentos e frear a vontade dela.
Você vem de uma família de atores e sabe que a vida artística não é fácil. Está conseguindo levar bem sua carreira?
Tenho de pensar que é para acontecer naturalmente e agradeço pelas oportunidades e pela confiança. Acaba sendo isso: um depósito de confiança em um lugar de muita responsabilidade. Até hoje dei muita sorte. Só trabalhei com diretores que foram muito legais comigo, mas puxaram minha orelha nos momentos certos. Me sinto abençoado.