Milhem Cortaz fala sobre delegado que usa calcinhas em Sétimo Guardião
Em entrevista ao Metrópoles, o ator revela como foi a preparação para viver o complexo personagem
atualizado
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Na próxima novela das nove da TV Globo, O Sétimo Guardião, Milhem Cortaz vai dar vida ao delegado Joubert, uma das autoridades de Serro Azul. Um personagem assim não é novidade na carreira do ator. Porém, o homem guarda um segredo: tem o hábito de vestir calcinhas femininas em vez das tradicionais cuecas.
Casado com Rita de Cássia (Flávia Alessandra), ele é apaixonado pela mulher e tem uma vida sexual avassaladora ao lado da esposa, mas, em algum momento, ela vai descobrir o costume incomum do marido. Em entrevista ao Metrópoles, Milhem falou sobre como é dar vida ao delegado na novela de Aguinaldo Silva.
Confira:
Fale um pouco sobre seu personagem.
Joubert é um delegado muito fogoso, casado com a Rita de Cássia, que é igualmente ardente. É um casal moderno numa cidade sem internet. A informação chega ainda por carta. Ele gosta de usar calcinhas, um tipo de crossdresser, ou um pouco mais. Afinal, só se sente homem quando veste calcinha!
Como é fazer um personagem desse tipo?
Acho um grande barato viver algo fora do nosso universo. Já atuei como lutador de jiu-jitsu, policial, ladrão e, agora, estou envolvido com essa história da feminilidade do homem. A melhor forma de abordar um tema tão delicado é com humor, é algo que me enche de orgulho. Nos dias atuais, quando a diversidade está tão em pauta, cair no meu colo um personagem tão complexo é um presente. Só tenho a agradecer ao Aguinaldo por esse trabalho.
Então, sua empolgação é total com o trabalho?
Estou superempolgado, já fiz muito isso no cinema e no teatro, mas nunca vivi um personagem tão complexo no horário das 21h. O retorno deve ser imediato. O grande desafio é respeitar uma verdade; a delicadeza; essa sensibilidade com as pessoas que vivem isso no dia a dia; e, ao mesmo tempo, conseguir fazer o popular.
Mudou algo na sua vida o simples fato de viver esse personagem?
Depois que comecei a fazer o Joubert, escuto muitas histórias de homens manifestando desejo de usar calcinha. Eles utilizam a peça feminina para trabalhar, ficar em casa, transar com a mulher… Então, me senti encorajado e um representante de um assunto tão delicado. Estou feliz, pois é uma novela muito rica, com bastante humor. Fazer realismo fantástico é muito bacana!
Ele é fiel no casamento?
É fidelíssimo, pois se trata de um casamento com muito amor. A calcinha sacode a vida sexual do casal, anima, bota fogo e mostra, mesmo depois de tanto tempo casados, o quanto eles se amam. Acho um baita casal, com dois personagens bem interessantes.
Você pesquisou sobre homens que usam calcinhas?
Eu vi pessoas reais. Conheci duas por intermédio de um amigo. Uma delas é um cara muito reprimido, que não se abre e guarda o segredo a sete chaves. Tem muita dificuldade de falar sobre isso. Foi uma conversa bastante truncada.
Mas como você chegou até ele?
Comentei com um amigo praticante de sadomasoquismo. Ele conhece muitas pessoas e me colocou em contato. O cara estava muito a fim de falar, mas tinha uma resistência com ele mesmo. Usa calcinha diariamente, mas não consegue se expor.
E a outra pessoa?
O outro cara é chamado pela esposa por um nome feminino e só se veste de mulher, mas é um garanhão. É casado, de classe alta e só transa com mulher.
Você acha que isso é um fetiche?
Essa é a grande discussão na novela. Não sei se é fantasia, tara ou fetiche. Acho que é um costume. Eu adoraria, dentro do humor, da delicadeza, falar que isso é muito verdadeiro para ele, o único caminho para o Joubert. Fui a um encontro desses homens e eles ficam excitados com isso. Na cabeça, sentem poder, força, uma energia sexual mesmo.
Você se preocupa que as pessoas estranhem o personagem?
Nunca pensei nisso. Pelo contrário. Só quero que as pessoas se identifiquem e, de alguma forma, abram um pouco os olhos, entendendo mais sobre o mundo de hoje. É tão mais legal. Vejo pela minha filha, a Helena. Ela tem 10 anos, mas fala comigo sobre coisas tão avançadas! Quando a gente senta para conversar, é algo tão evoluído. A informação e o mundo são muito mais livres atualmente.